Part II

4.2K 515 441
                                    

"Ben Hargreeves, the horror boy"

Em parte foi divertido roubar o furgão e escapar da mansão no meio da noite, ver Klaus quase matar a si mesmo devido à sua péssima habilidade de condução e ainda cantar Journey junto ao velho toca fitas do automóvel.

–Só lembrando que não roubamos essa lata velha, pegamos “emprestado”. –Klaus sacudia no banco do motorista enquanto piscava tentando enxergar melhor os faróis e as placas de sinalização. –Merda, estou louco feito um gambá. Que trágico seria se eu batesse esse furgão.

–Não posso morrer duas vezes! –Ben piscou um dos olhos para Klaus no instante em que o veículo passou por uma lombada sem desacelerar. O furgão e o corpo de Klaus saltaram bruscamente no ar e Ben quase sentiu o que restou de seu espirito sacudir junto.

Ele riu e se virou para Klaus batucando as mãos no porta luvas incentivando o irmão a ir mais rápido.

–Eu vou tentar não nos matar essa noite. –Klaus disse apreensivo apertando o volante como se realmente dependesse daquilo.

Às vezes Klaus o tratava como se ele ainda estivesse vivo e isso de certa forma fazia com que Ben se sentisse em casa, era acolhedor.  Agora que estava do outro lado, podia entender porquê os mortos procuravam o irmão, ter alguém para os escutar era maravilhoso quando se passa a eternidade na escuridão.

–Esse é o bairro. –Ben disse observando as ruas pela janela, por um instante louco percebeu que diferentemente de Klaus ele não deixava a janela embaçada com seu hálito quente, até porque não respirava mais.

Eram detalhes pequenos como aquele que realmente faziam com que ele sentisse a morte em suas entranhas.
Havia ruas com casas pequenas e médias separadas por cercas e gramas secas, haviam carros e árvores contorcidas pelo inverno. A familiaridade do caminho que Ben percorria em todas as noites solitárias de sua vida agora era uma lembrança que o acalmava em sua morte.

–Vire à direita. –Ele disse e Klaus girou o volante com tamanha indelicadeza que acabou fazendo o veículo ultrapassar a faixa no sentido contrário.

Eles entraram em uma rua que era de pequenos  apartamentos individuais que se estendiam um do lado do outro como prédios, muito comum em alguns bairros de Nova York. Tudo era quieto e pouco vivo naquela hora da madrugada, as únicas luzes presentes eram dos postes de iluminação e uma que crescia constantemente como uma fagulha de esperança no coração de Ben. Isto é, claro, se ele ainda tivesse um.

–É ali. –Ben indicou o terceiro apartamento do lado esquerdo da rua.

Klaus estacionou na frente de forma brusca, o furgão acertou a caixa de correio e subiu na calçada. Mas ele se virou para Ben com um sorriso que indicava que aquela era a melhor balisa que ele havia feito na vida.

Klaus desceu do veículo e trancou a porta, ao olhar para dentro viu que seu irmão não estava mais lá. Ele se virou e subiu as escadas da entrada, naquela hora escura da noite ele não sabia dizer qual era a cor da fachada. A porta era grande e de mármore, a campainha parecia estar sussurrando para ele.

Ele coçou os ouvidos estranhando a sensação, mas não melhorou. Os sussurros aumentaram e dessa vez pareciam estar vindo da porta à sua frente. Klaus hesitou e nesse momento Ben reapareceu ao seu lado como se não tivesse desaparecido instantes atrás, tão típico de fantasmas.

Os sussurros pareciam aumentar e agora eles vinham de trás de Klaus.

–Ben... –Ele sussurrou. –Tem algo estranho acontecendo.

Ben olhou para trás de Klaus e viu uma centena de espíritos subindo pela rua lentamente.

–Não olhe para trás. –Ele murmurou desejando poder tocar o ombro do irmão vivo para acalmá–lo. –Estamos no lugar certo, é só tocar a campainha.

✔ HAUNTED | Ben HargreevesOnde histórias criam vida. Descubra agora