Capítulo Quinze.

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                      NOAH URREA

Sinto mãos acarenciarem meu rosto e meus cabelos, me fazendo despertar aos poucos.

Ao mesmo tempo em que escuto uma voz desconhecida dizer:

-Noah, temos que ir para o aeroporto.

Fala bem baixinho e sereno, como se não quisesse realmente me acordar.

-Cinco minutinhos...- Digo um tanto quanto manhoso, ainda com os meus olhos fechados.

-Amor... Vamos nos atrasar.

Fala dando vários beijinhos pelo meu rosto.

-Josh?- Pergunto abrindo os olhos aos poucos.

Olho para ele, e o mesmo parece extremamente cansado.

Não fisicamente, mas mentalmente.

Ah não.

Fecho os olhos lembrando-me do que aconteceu a algumas horas atrás. Esperando que isso fosse mudar alguma coisa. Ou até mesmo apagar aquilo tudo da minha mente.

-Acho que só falta a gente descer.- Diz ainda com a voz serena.

-Por que temos que descer?- Pergunto me sentando de frente para o mesmo.

E ainda bem nervoso com tudo o que tinha acontecido em um espaço tão curto de tempo.

Escuto o doce som de sua risada e isso me acalma instantaneamente.

Ao mesmo tempo em que amo todos os efeitos que Josh causa em mim, e todo o poder que ele tem sobre mim. Não consigo parar de pensar o quão ruim isso é. Não era para ser assim.

Ou era?

Era para ele poder me acalmar e me fazer sorrir mesmo quando eu quero matar alguém?

Ele tem esse direito?

Eu tenho esse direito?

Eu realmente posso o ter?

Eu tenho o direito de ter alguém como ele?

Principalmente depois do que aconteceu?

Eu posso ficar em paz com essa merda toda?

Mesmo tentando me levantar, me erguer, o juiz do tempo abriu a contagem. Mas não, dessa vez não foi para me ajudar a esquecer, ou tentar pelo menos. Dessa vez eu conto o tempo para sarar suas lembranças de merda, mas como um dia, eu mesmo te disse Lucas...

"A porra do tempo não cura nada, ele apenas tira o incurável do centro das atenções."

-Temos que ir para o México.- Fala brincalhão.- Já esqueceu?

Pergunta me tirando totalmente dos meus devaneios.

-Eu tinha... Minhas coisas!- Exclamo quase gritando.- Eu não...

-Eu já arrumei tudo, esquecido.- Diz rindo.- E já levei tudo pro saguão.

-Obrigado.

Digo levando minha mão direita ao seu rosto para fazer um carinho.

Mas quando minha mão toca em sua bochecha, sinto algo estranho.

Como se eu não devesse o tocar.

Escuto a voz da Any soando incontrolavelmente em minha cabeça.

"[...] Ele deve ter adorado tudo aquilo. E toda aquela atenção."

E lembranças de um passado não tão distante quanto eu queria, chegam para me torturar ainda mais.

What Are We Waiting For?Onde histórias criam vida. Descubra agora