Capítulo Dois

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Faith bebeu mais um longo gole do chá extremamente doce que Emeline preparara e logo espirrou, levando a mão em frente a boca

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Faith bebeu mais um longo gole do chá extremamente doce que Emeline preparara e logo espirrou, levando a mão em frente a boca.
— Não entendo como pode ter amanhecido tão resfriada desta forma, Faith. — a duquesa falou, tomando a xícara da mão dela e deixando na mesinha ao lado. A mulher levantou e caminhou com dificuldade até uma cadeira perto da janela, onde se acomodou, suspirando.
— Também não tenho ideia de como aconteceu. — disse a jovem, com um ar inocente. Ajeitou-se na cama, enquanto olhava para a cunhada. — Tenho me preocupado contigo, Emi. Há sombras escuras debaixo de seus olhos.
Sorrindo, Emeline passou a mão sobre a barriga redonda, que marcava o vestido azul escuro, deixando-a com uma aparência curiosa aos olhos de Faith. Era a primeira vez que convivia com uma mulher grávida, e a ansiedade para conhecer seu sobrinho era grande.
— Confesso que não esperava que seria tão difícil. Mas é algo que posso suportar. Não se preocupe comigo, querida. Em breve estarei com o bebê em meus braços. — garantiu, mas a cunhada não sentiu tanta firmeza em suas palavras.
A verdade era que há dois meses Emeline começara a sofrer com dores na perna, além de uma maior dificuldade para andar, principalmente subir as escadas, o que se tornara um grande sacrifício, na maioria das vezes pedindo ajuda a quem estivesse ao lado. Ganhara peso com a gestação, e por conseqüência, os problemas aumentaram. Mas a jovem duquesa em momento algum soltara alguma palavra de reclamação, sempre dizendo o quanto estava feliz com bebê. E ao seu lado, estava sempre Aaron, que ao contrário dela, parecia estar a ponto de entrar em desespero, tamanha preocupação com a saúde da esposa.
— Entre. — Faith disse ao ouvir uma batida à porta.
Como ela já esperava, era seu irmão, que provavelmente soubera de seu estado, e estava ali para recomendá-la.
— Como se sente? Fiquei sabendo que está resfriada. — Aaron falou, ao se colocar ao lado da esposa, enquanto olhava com desconfiança para a irmã.
— Estou sem sorte, devo confessar. — a jovem brincou, tentando um sorriso, que apenas deixava sua situação ainda mais engraçada. Tinha os olhos e o nariz vermelhos, além do cabelo desarrumado. — Emeline fez um chá de casca de maçã com mel. Em breve estarei melhor.
O duque fitou a esposa com um olhar cúmplice, como se tivesse algo importante para dizer, mas não houvesse coragem, e Faith começou desconfiar do que estava acontecendo ali naquele quarto.
— É importante que fique bem logo. Porque o Marquês de Leeds estará aqui para conhecê-la em poucos dias. — contou, esperando pela reação dela.
Faith franziu as sobrancelhas, demorando para absorver a notícia, mas quando o fez, sentiu o coração disparar, de puro nervosismo.
— Perdão? Está me dizendo que o homem que encontrou para ser meu noivo aparecerá nesta casa? Tão de repente? — sua voz soou desesperada, estridente.
— Faith, você pode apenas conhecê-lo... — Emeline tentou dizer, mas se calou diante do olhar da cunhada.
A jovem engoliu a vontade iminente de chorar e puxou a coberta para cima, tentando esconder-se daquela realidade.
— Achei que tivesse repensado sobre isso, Aaron. Eu lhe disse ontem a noite que não desejo me casar. Como pode me obrigar a fazer isto? — perguntou, esperando que tocasse o coração do duque.
Mas Aaron, que parecia oscilar entre suas emoções, se manteve firme, respirando profundamente antes de se levantar e ir até ela, sentando-se na cama, próximo a irmã.
— Não quero que compreenda isso como um castigo a você, Faith. Por favor, entenda que me preocupo contigo. Eu a cuidei desde muito pequena. E você, assim como eu, sabe que já passou da hora de casar-se. Em pouco tempo se tornará um bibelô nesta casa, minha irmã. Precisa formar uma família. — explicou a ela calmamente.
Faith o encarava com tamanha tristeza, e o irmão sabia disso. E com toda certeza doía-lhe o coração. Mas o que podia fazer? A jovem precisava casar-se.
— Entendo suas preocupações, Aaron. Mas não acho justo decidir por mim. Eu tenho o direito de escolher com quem quero me casar.
O duque levantou uma sobrancelha, curioso com ela.
— E há alguém em mente? Há algum bom lorde com qual deseja ser casar, Faith?
Sim, há um homem com que desejo me casar.
Mas como poderia dizer aquilo, quando fora rejeitada por aquele homem na noite anterior? E naquela altura, Aaron saber disso não ajudaria muita coisa.
— Eu posso me apaixonar por alguém. — garantiu ela, como se fosse tão simples daquela forma.
— É claro que pode. — concordou Emeline.
Aaron se levantou.
— As coisas são como eu pensava, Faith. Não há ninguém com quem você realmente deseje se casar no momento. Sabe que eu apenas aceitaria um lorde de bom nome como seu marido. E é por isto que escolhi lorde Edgard. — virou-se para a esposa, oferecendo-lhe a mão. — Sua opinião mudará quando conhecê-lo melhor.
— Oh, eu apreciaria se me ajudasse a descer as escadas, Aaron. — a duquesa falou, apoiando-se no braço dele. — Eu volto para vê-la logo. — o olhar dela para a cunhada era de pura compaixão.
Faith apenas acenou com a cabeça, afundando-se em seguida no colchão, entre as cobertas, ainda sentindo calafrios pelo corpo.
Suspirou.
O que fizera aos céus para merecer aquele triste destino?
**
No dia seguinte a jovem já se sentia melhor o suficiente para voltar a suas atividades cotidianas, e mesmo que não tivesse a mesma alegria em caminhar pelos campos como antes, não deixou de ir até a casa dos camponeses que se instalaram na propriedade há alguns meses, ensinar as crianças, como fazia quase todos os dias. Este sim era seu único momento de felicidade, quando recebia sorrisos sinceros das pequeninas crianças, que depois da breve aula penduravam-se em seu colo. Emeline a orientara a ordenar aulas aos pequenos que ali viviam, já que a duquesa não pudera cumprir a missão depois de grávida.
E Faith era grata a Emeline pelo presente que lhe fora dado. O brilho no olhar de cada uma daquelas crianças ao aprender algo novo, fazia a jovem, de uma forma que não poderia explicar, acreditar na benevolência dos céus, que em outros momentos pareciam não abençoá-la.
Naquela tarde, quando regressava da aula, caminhando pelo campo, enquanto as nuvens escuras corriam rapidamente pelo céu, formando a chuva sobre sua cabeça, Faith avistou um homem vestido completamente de preto, montado em um belo cavalo, indo na direção da propriedade. Ela logo reconheceu Tristan, que não pareceu notá-la quando passou em disparada pelo caminho.
Ela achou engraçado como agora quando o encontrava era daquela forma; sob um céu fechado e a chuva chegando. Dizia muito sobre seu estado de espírito também.
Apressou-se em voltar , ansiando para chegar antes da chuva que se formava.
E quando chegou em frente a casa, encontrou Aaron a esperando, ao lado de Tristan, que não a olhava minimamente, concentrado em ajustar a sela do cavalo. Ela se aproximou e o cumprimentou, recebendo de volta um gesto frio.
— Voltou a me desobedecer, Faith. Já lhe disse que não há problema que dê aula às crianças, desde que vá acompanhada por uma criada. Não pode andar sozinha pelos campos. Ainda mais agora que é noiva. — o duque a repreendeu.
Faith abaixou a cabeça, assentindo. Mesmo que por dentro, seu sentimento era completamente diferente. Desejava gritar e contestar, mas ali diante de Tristan, pensou que deveria agir de outra forma, tão fria quanto ele.
— Me perdoe por isso, irmão. Não acontecerá novamente. — prometeu, olhando em seguida na direção dos dois homens, o loiro a fitando com um olhar estranho.
O duque suavizou a expressão, e com um sorriso, aproximou-se da irmã.
— Preciso pedir algo a você. Sabe que Emeline tem se sentido indisposta ultimamente, verdade? — e quando ela concordou, ele continuou sua explicação. — Gostaria de pedir que fique mais próxima dela, o máximo que puder. Sua companhia faz bem a duquesa, e mesmo que eu permaneça a maior parte do tempo ao lado dela, sinto que... Bem... — a voz de Aaron falhou, e Faith notou o nervosismo do irmão.
— Passaremos por isso, Aaron. — ela garantiu. — Em breve Emeline terá o bebê, e finalmente poderá cuidar de sua perna. Encontraremos ajuda para ela.
Emocionado, algo tão raro ao duque, ele concordou, apenas meneando a cabeça. Aaron se tornara mais flexível desde que contemplara a possibilidade de perder a mulher que amava. Talvez isso explicasse a extrema proteção que ele desenvolvera em relação a Faith também. O medo de perder.
— Há outra coisa que preciso lhe dizer. Capitão Tristan é o novo administrador da propriedade, e ao meu lado, ajudará a cuidar dos novos camponeses, e como o trabalho se desenvolverá. Ele relutou a aceitar meu convite, mas consegui convencê-lo.
Faith olhou para o capitão, que não desviou o olhar naquele momento. Mas era notável como a forma que ele a encarava havia mudado, depois daquela noite cheia de confissões e uma grande rejeição.
— Fico feliz em saber disso, capitão. Desejo um bom trabalho ao senhor. — o cumprimentou, e em seguida passou pelos dois, rumo as escadas, ansiosa para finalmente ficar longe daquele homem.
Porque, aparentemente, as coisas não aconteceram como ela havia esperado. Depois de ele dizer-lhe com palavras tão frias quanto a chuva do inverno que nunca a amaria, Faith esperava que seu coração não mais disparasse na presença dele, que suas pernas nunca mais ficassem tão fracas apenas com o olhar esverdeado em sua direção. Palavras tão grossas deveriam matar um amor, queimar todas as esperanças e enterrar aquelas sensações que tomavam conta de seu corpo.
As palavras ouvidas não sairiam tão facilmente de sua mente. Mas Faith tinha um objetivo maior; Faria o capitão arrepender-se delas no futuro. E a lady não desejava ser entendida mal. Não desejava nada de ruim ao homem, mas ainda o veria contradizer-se. E se teria que conviver com ele todos os dias, vendo-o na propriedade, ela faria do jeito certo.
Mas por aquele momento, tinha algo ainda mais importante para preocupar-se. O noivo que chegaria em dois dias para conhecê-la.
**
A graciosa Faith. Era assim que todos se referiam a ela. E naquele dia ela parecia o verdadeiro retrato de graciosidade, com os cabelos louros perfeitamente penteados, usava ainda um vestido amarelo, com fita vermelha abaixo do busto, mangas compridas pelo ar frio da estação, e as bochechas coradas.
— Está muito bela. — elogiou Emeline, vendo-a com cuidado, sentada na cama. — Tenho certeza de que o Marquês terá uma ótima impressão de você.
— Realmente? — Faith perguntou, sorrindo para ela. Mas ora, um sorriso desprovido de qualquer inocência ou felicidade, já que a aquela altura já tinha desenvolvido um plano para aquele primeiro encontro. — Estou com uma aparência saudável?
— Sim, está. — confirmou a outra.
Faith tentava concentrar-se no pensamento de que não se tornara uma má pessoa, daquelas que desenvolvem sentimentos ruins em relação ao mundo e aos outros, e nem mudara seu caráter e muito menos estava vivendo além de uma grande mentira.
A jovem sempre seguira as ordens e manteve um bom comportamento, e o faria para o resto da vida, se não tivesse sido confrontada com a realidade de um casamento arranjado, e a rejeição de seu amado. E naquele dia em especial, ela não estaria cometendo nenhuma maldade. Não magoaria nenhuma pessoa. Estaria apenas evitando um futuro triste para ela e o Marquês.
Mais tarde, horas depois, enquanto ela estava ainda em seu quarto, a criada avisou-lhe de que o Marquês, junto de Aaron e Tristan, a esperavam na biblioteca. Ele chegara. Em momentos como aquele, era grata a sua família por não seguirem tão rigorosamente as regras sociais, ou ela então não teria a oportunidade de ver o noivo naquele momento.
Apenas não entendia o que Tristan fazia ali também. Provavelmente acompanhava Aaron.
E enquanto descia as escadas que levavam ao andar de baixo, Faith pegou-se pensando pela primeira vez como era a aparência do Marquês. Arrepiou-se. Já conhecera tantos lordes em Londres, que mesmo jovens, ao viverem uma vida de libertinagem e vícios, tinham a aparência de um homem mais velho, cheios de pústulas pelo rosto, devido as doenças adquiridas nos lugares mais obscuros da cidade — os quais Faith fingia não saber, mas que era consciente que existiam.
Ficou apreensiva com o que encontraria do outro lado daquela porta quando encontrou-se em frente a biblioteca. Tinha o coração aos pulos contra o peito. Como era o homem que a esperava ali dentro? E por que, em nome de Deus, Tristan precisava estar ali também?
Respirou fundo, e abriu a porta, entrando devagar no cômodo, encontrando o irmão em primeiro plano, segurando uma taça com vinho. Ele sorriu ao vê-la.
De canto de olho, Faith conseguiu notar o capitão sentado em uma poltrona ao lado, e em sua frente um homem de cabelos escuros, que logo ficou de pé.
O duque saiu de sua frente, revelando um jovem alto, muito bem vestido, que sorriu cordialmente em sua direção. Faith sentiu-se tão confusa. Aquele era o Marquês de Leeds?
Não era o que ela esperava. Engoliu em seco.
— Essa é minha irmã, lady Faith. — Aaron a apresentou.
Ela cumprimentou o homem, que não disfarçou o olhar que a recorreu dos pés a cabeça.
— É um prazer conhecê-la, senhorita. Sou lorde Edgard Rashawn.
Aaron indicou um lugar para que Faith se sentasse, próximo ao Marquês, e da mesma forma, posicionada de frente para Tristan. Ele tinha uma expressão que a jovem não podia entender. Era como se o capitão não quisesse por nada estar ali.
Enquanto o irmão falava sobre a viagem do noivo da irmã, a criada entrou na biblioteca com uma bandeja cheia de comida, deixando-a na pequena mesa ao centro de todos. Os olhos de Faith brilharam ao ver os biscoitos e os bolinhos dispostos harmoniosamente na bandeja de prata.
— Espero que goste do que pedi para a criada preparar, milorde. — ela falou, sorrindo a Edgard, que correspondeu ao gesto.
— Tenho certeza de que irei apreciar, senhorita. Agradeço o cuidado.
E ele voltou a conversar com Aaron, que estava muito interessado em contar ao Marquês sobre as melhorias que havia feito na propriedade. Era evidente que em pouco tempo, se as coisas continuassem daquela forma, seu irmão e o lorde seriam bons amigos.
Mas enquanto isso, Faith agarrou três biscoitos e os organizou sobre a palma da mão, em seguida provando um bolinho, suspirando de pura felicidade com o sabor de cereja explodindo em sua boca. Comeu na sequencia dois biscoitos, acomodando os dois ao mesmo tempo dentro da boca, quando quase sentiu que morreria entalada. Notou que o Marquês a olhava de canto, e no mesmo instante, adicionou apenas mais um biscoito na contagem.
— Faith? — o irmão a chamou, preocupado.
— Shhhim? — ela perguntou, olhando para os três homens, que a encaravam com assombro. A jovem tinha as bochechas arredondadas, que se assemelhavam a de um esquilo. Cheias de biscoito.
​— Tome um pouco de chá, por favor. — ofereceu Edgard, visivelmente preocupado, servindo uma xícara e entregando a ela, que lhe sorriu, apenas piorando a situação.
​Entre pequenos goles no chá, Faith conseguiu notar Tristan com a mão em frente aos lábios, tentando conter o riso, disfarçando o olhar.
Esse homem sabe o que estou fazendo?
​— Sente-se melhor?
​— Sim, obrigada pela preocupação. — ela agradeceu ao lorde, que segurava um lenço, pronto para ajudá-la caso fosse preciso.
​Acalmando os ânimos do Marquês e de seu irmão, que naquele momento a olhava com desconfiança, Faith ficou aliviada quando os dois voltaram a conversar, e ela pode finalmente respirar.
O problema era que Tristan agora a olhava com uma expressão de indagação, de quem dizia:
Isto é serio? Eu sei o que está tentando fazer.
Ela apenas o ignorou, confiante em seu plano.
**
Passeios em jardins nunca podem terminar bem. E possivelmente todo mundo sabia desse fato. Por isso, enquanto Faith conversava ao lado com lorde Edgard, Aaron observava atentamente o que estava acontecendo.
Tristan estava ao seu lado.
— Consegue ler os lábios dele? — perguntou ao amigo.
— Eu não adquiri essa habilidade no exército. — o capitão respondeu alfinetando-o.
O duque o encarou.
— Talvez eu deva ir até lá. — disse, inclinando o ouvido na direção do casal, que na realidade, apenas o Marquês falava.
— Este é um arranjo estranho. — Tristan comentou, suspirando.
— O que quer dizer com isto? Estou apenas tentando casar Faith como um bom lorde.
​ Aaron estava inquieto. Não parava sobre seus calcanhares, agora mudando de lugar, ficando dois passos mais próximo da irmã.
​— Tem certeza que Edgard é o lorde certo?
​— Não estou entendendo sua preocupação, Tristan. — o duque parou para fitá-lo, estranhando o gesto do amigo.
​O capitão sobressaltou-se, e pigarreou, tentando disfarçar o incômodo momento.
​— Conheço Faith desde que ela era muito jovem, e sinto que ela é como uma irmã. É normal que eu me preocupe com... Seu bem estar. — contou, esperando que tivesse saído convincente.
Aaron o fitou por alguns instantes.
​— Eu entendo. — sorriu, dando um tapinha nas costas do amigo. — Espere, o que está acontecendo ali? — o duque exclamou, ao ver a irmã desferindo tapas contra o Marquês.
​— Não se mova! — Faith gritou, batendo contra as costas de Edgard, que tentava fugir dela. — Eu o salvarei!
​A jovem corria ao redor do lorde, que não entendia o que estava acontecendo, e quando Tristan e Aaron se aproximaram, ela preparou o último tapa, mirando perfeitamente a nuca do Marquês. Houve meio segundo, o qual ninguém pôde evitar, e nem Edgard fugir, quando a lady bateu com a maior força que conseguiu, quase levando o lorde ao chão.
​— Consegui! — ela exclamou, quando a pequena lagarta marrom caiu do pescoço do Marquês.
​— O que está acontecendo aqui? — Aaron perguntou irritado, ajudando o jovem lorde, que massageava a nuca, aparentemente sentindo muita dor e desorientado.
— Lorde Edgard encostou-se na árvore, onde havia um ninho de lagartas. Elas se prenderam em suas costas, e eu tentei salvá-lo antes que ele se machucasse. Essa espécie é perigosa. — contou Faith, com as mãos na cintura, cansada.
— Essa espécie é inofensiva. — Tristan disse, ao lado dela.
— Realmente? — ela perguntou sem jeito.
— Por favor, perdoe a urgência de Faith, lorde Ergard. Ela ficou preocupada e tentou ajudá-lo. — Aaron disse, dando um sorriso envergonhado. — Irei acompanhá-lo até a mansão para que se recomponha.
Levou o jovem pelo caminho do jardim ao lado da casa, enquanto Faith ficara parada, com Tristan ao lado, de braços cruzados, olhando-a ceticamente.
— Espécie perigosa? — ele disse em deboche.
Ela deu de ombros.
— Devo ter me confundido. As perigosas são vermelhas e não marrons. — falou ao dar as costas a ele, e seguir o irmão e o lorde.
**
Um plano perfeitamente orquestrado precisa de um bom resultado. E um bom lorde, especialmente um Marquês não pode casar-se com uma mulher louca, ou sem modos.
E era nisso que a esperança de Faith crescia.
Ela esperava Ergard em frente a carruagem dele, pronta para despedir-se, e quando ele se aproximou, extremamente sério, com o pescoço cheio de manchas vermelhas, a jovem já se sentia vitoriosa. Sorriu, tentando ser amistosa e gentil.
Era agora que ele lhe diria aquelas palavras. As tão esperadas por ela. Que não poderiam mais se casar.
Aaron estava ao lado, assim como Tristan, e Faith se aproximou do Marquês, pronta para ouvir o que ele diria.
— Foi um dia agitado. — ele falou, enquanto coçava a nuca. — Não esperava ser atacado por aquelas lagartas.
— Uma fatalidade. — comentou ela com uma expressão triste. — Espero que isso não tenha sido um incômodo ao senhor, milorde.
Um sorriso surgiu nos lábios dele.
— De forma alguma. O dia foi muito interessante, mesmo com esse pequeno infortúnio da natureza. Se me permite dizer, estou feliz em tê-la conhecido, senhorita.
— Está? — ah, a expressão dela, a quem entendesse era de quase um pedido de socorro.
Ele concordou.
— Acredito que este arranjo dará certo. Já combinei com seu irmão, o duque, sobre os próximos passos para o casamento. E ademais, nos veremos em breve.
Faith estava tão em choque que nem ouviu-o mais. Edgard se despediu, e entrou na carruagem, partindo. Aaron, ao seu lado, estava feliz, comentando com o amigo capitão, que as coisas tinham, apesar de tudo, saído muito bem.
Quanto a ela, não conseguia acreditar em sua má sorte. O plano não funcionara. O lorde não a achara maluca e nem sem modos.
Oh, senhor. Há como as coisas piorarem?
Virou-se para entrar na mansão, e encontrou Tristan a fitando com um sorriso vitorioso, que ela entendia bem.
Não acredite na vitória antes do tempo, capitão.
**

Este capítulo devia ter sido postado ontem, mas me atrasei e só consegui terminar hoje. Espero que gostem.
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Obrigada pela leitura 🤗 Até sábado!

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