Capítulo Quatro

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Faith tamborilou a ponta dos dedos sobre a mesa de madeira, enquanto seu olhar vagava nas prateleiras de livros em sua frente

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Faith tamborilou a ponta dos dedos sobre a mesa de madeira, enquanto seu olhar vagava nas prateleiras de livros em sua frente. Ao mesmo tempo, pensava em uma maneira de fugir daquele lugar.
Qual seria sua rota de fuga? Gritar e pular pela janela ou levantar elegantemente e desfilar porta a fora mesmo ouvindo xingamentos a suas costas?
Nada parecia bom no momento.
Ainda mais com o olhar duro que seu irmão lhe direcionava,  e o qual ela tentava evitar a todo custo.
— Não me dirá nada?  —Aaron perguntou, encarando-a com uma expressão nada agradável.
Ela se encolheu.
— Me desculpe por desobedecê-lo e ir em busca do médico sozinha. Desculpe também por Perseu. — a voz de Faith saiu embargada, e ela fungou, esperando que ao menos não chorasse. Sua cota de lágrimas já fora cumprida desde que o fato ocorrera.
O Duque suspirou.
— Graças ao bom Deus não se machucou, Faith. E a Tristan que a encontrou. — passou a mão pelo rosto, tinha uma expressão cansada. — O médico cuidou de Emeline. Ela continua com dores por causa da gravidez.
— Acho que é mais um motivo para ansiarmos pela chegada do bebê. — comentou Faith, sentindo-se melancólica com a situação que a cunhada enfrentava.
— Eu me sinto completamente impotente diante do sofrimento da minha esposa. Tenho passado noites pensando no que fazer para ajudá-la, cogitei procurar médicos de outros lugares... Ah, Faith, o que faço? — Aaron gaguejou, levando a mão ao rosto, tentando em vão esconder os olhos marejados de puro desespero.
A irmã, tão mais jovem, e sem qualquer noção de como ajudá-lo, fez o que seu coração lhe dizia: Ficou de pé e deu a volta na mesa, se colocando ao lado do duque, e o surpreendendo com um abraço.
E ele começou a sentir-se melhor. Porque abraçar Faith era como um alívio bem vindo em seu coração. A jovem de jeito doce e sorriso gentil era capaz de deixá-lo um pouco mais feliz apenas com um abraço.
Ah, há quanto tempo não abraçava a irmã daquele modo? Aaron riu, balançando o corpo, e em efeito Faith também, que estava agarrada a ele.
— Do que está rindo?
— De você, é obvio. — ele a afastou um pouco, mas continuou a segurando pela mão. — De como estando em uma situação complicada ainda pode ser capaz de oferecer conforto a outra pessoa.
Faith corou.
— Oh, bem, eu devo dizer que fui bem criada. — argumentou ela, dando um sorriso gracioso a ele.
O irmão a encarou, erguendo uma sobrancelha. Soltou-a.
— Sente-se, Faith Ainda há algo que eu preciso dizer-lhe.
A jovem sentiu o coração acelerar. Havia uma verdade sobre a pobre senhorita. Quando as pessoas diziam-lhe de repente que precisavam-lhe falar, seu coração disparava de uma forma que ela acreditava estar perto da morte. Por que simplesmente não adiantavam o assunto? Tudo isto a deixava apenas mais ansiosa ainda. Como naquele momento, em que ela sabia que algo ruim seria dito por Aaron.
— Há alguns dias recebi uma carta de Bethany, que estava preocupada com Emeline, e desejosa de saber notícias. Nossa prima ofereceu-se também para ajudar no que fosse necessário, informando que poderia passar um tempo na propriedade, caso fosse preciso. — contou o duque.
— Eu adoraria ter Bethany em nossa casa. E acredito que ela possa ajudar com Emeline. — mesmo com a ajuda das criadas, Faith sentia que nada era o bastante para cuidar da cunhada, que demandava de atenção em tempo integral, desde que não conseguia mais mover-se como antes. — O que respondeu a ela, irmão?
— Ainda não o fiz. — Aaron segurou uma folha de papel e a colocou sobre a mesa. — Farei isto agora. — com um breve olhar a irmã, começou a elaborar rapidamente uma resposta.  — Posso ouvir sua respiração daqui, Faith. Está se sentindo mal?
— Oh, de forma alguma. — ela rejeitou a ideia no mesmo instante. Levou a mão ao peito, e respirou fundo, tentando se acalmar. — Ainda estou um pouco nervosa com o que aconteceu. Apenas isto.
— Já lhe disse que está tudo bem. Perseu não é o primeiro animal a ser sacrificado por esse motivo, e infelizmente não será o último. — deixou a pena ao lado e fitou a jovem loura. — Há outra coisa que precisa saber, Faith. É sobre Willian.
Ela empalideceu.
— Willian? Tem notícias dele? — quis saber, colocando as mãos sobre a mesa, nervosa.
— Sim. Aparentemente ele se casou há um mês. Com uma jovem de boa família. Um casamento de interesses, acordado com o pai da noiva, um notável dono de uma frota de navios.
— Não sei como reagir a isto, Aaron. Eu devia odiá-lo por tudo que fez a nossa família, mas a única coisa que consigo sentir é pena. — admitiu ela com um suspiro.
Aaron deu de ombros, e reclinou-se na cadeira.
— Ele parece estar pagando por todos seus pecados agora. Soube que seu rosto ficou deformado, e ele acabou se isolando de todos em sua propriedade, distante do contato com qualquer pessoa. Espero que ele viva melhor depois de tudo. — a confissão do duque era uma surpresa a Faith, que até então acreditava que o irmão nutria profundas mágoas pelo primo.
Um sorriso acendeu nos lábios dela.
— Fico feliz que as coisas estão se encaminhando para um final feliz. — comentou, mas suas palavras não soaram tão reais e firmes como ela gostaria. O irmão também notou, pois a olhou com uma expressão triste.
— Sei que ainda está triste comigo por este casamento, Faith. Mas eu juro por todas as estrelas do céu que a única coisa que desejo é que seja tão feliz quanto eu tenho sido ao lado de Emeline.
Ela assentiu.
Mas seu coração dizia outra coisa... Não é isto que quero. Não é ele que amo. Meu amor pertence a outro.
Mas a jovem não estava desistindo. Ao contrário. Estava impelida a continuar com seu grande e épico plano de conquista do capitão. Ela precisava apenas aperfeiçoar algumas coisas.
— Eu estava me esquecendo. A mãe do Marquês virá conhecê-la dentro em alguns dias. Foi um pedido especial que não tive como recusá-lo. — Aaron informou, como se fosse apenas um detalhe pequeno que não acrescentara antes.
A expressão de Faith era a mesma que Thomas fazia quando queria aninhar-se entre as dobras de uma coberta para esconder-se.
Deixou o escritório do duque ainda sem conseguir dizer qualquer coisa, tamanho choque pela notícia.
***

Um amor para o CapitãoOnde histórias criam vida. Descubra agora