Quão breve a vida pode ser?
Charles Reed era um aventureiro nato. Colecionador de histórias. E Darla Price era uma contadora de todas elas. Ele queria ter uma morte lendária. E ela, uma vida memorável. Essa é uma história sobre como a rota, mais fa...
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Ouvi muitos suspiros até que eu retomasse a história. Já estou acostumada a ouvir soluços quando leio a carta de Chuck para os grupos de garotas curiosas.
Olho para elas, e digo: sinceramente, eu não me emociono mais nessa parte.
Enquanto ele não esteve lá, vivi momentos ótimos.
Me recompus com um único pensamento: ele voltará.
E durante dois anos, estive fora de mim.
Escrevi histórias sobre experiências que algumas pessoas tiveram em Woodstock. Pintei quadros com um artista que havia se mudado para o fim da minha rua. Bebi até esquecer meu nome. Ensinei crianças a escrever. Soquei um homem, em um evento das minhas tias. Fui expulsa do cinema depois de um sexo depravado.
Eu estava declinando com o tempo.
E finalmente, morri por semanas.
A parte que mais me emociona em toda a história entre mim e Chuck, não é quando ele foi embora. Porque eu estive dormente por meses, fazendo coisas que me faziam bem e outras que nem tanto.
O pior não foi quando ele partiu.
O pior foi quando parei de acreditar que ele voltaria.
Como conseguir manter esse pensamento se a única coisa que eu tive durante dois anos era uma carta velha com uma letra terrível? Eu revirei cada letra, esquadrinhei cada frase, daquela carta que havia chego pelo correio uma semana depois da ida dele.
Mas quase como se tivesse ouvido meu mundo ruir aos poucos, quase como se tivesse sentido isso do outro lado do estado, ele voltou.
Em um dia, de repente.
— É engraçado o que dizem sobre a Rota 66 — a voz dele, o tom grave e misterioso, me arrancou das órbitas, fazendo-me virar a cabeça e ignorar o livro em minhas mãos. Eu estava na varanda de casa quando o vi tirando o capacete. — Ela não é tão incrível assim.
— Não — respondi em completa descrença ao vê-lo. — Mentira!
— Considerando que qualquer parte da minha vida só é realmente incrível com você. Então, é verdade sim.
Não me leve a mal mas aquele homem era o dono do meu coração, e se ele fosse indecente o suficiente para pedir, eu teria lhe dado minha alma também. É claro que, talvez, essa não seja a melhor forma de amar alguém e por isso, separar-me dele tenha sido a melhor opção, talvez o meu amor o tivesse sufocado se eu não tivesse aprendido e entendido que conseguia viver sem ele.
Mas ali, o que importava era que ele havia voltado e eu corri tanto, tanto...
Estávamos menos de dois metros um do outro e isso nunca pareceu tão distante.
Ele perguntou se eu estava pronta para ser dele. Questionei o conceito disso.
Ele esclareceu:
— Passei meses sobrevivendo naquelas estradas. Conheci pessoas que passaria uma outra noite inteira trocando histórias. E eu sei que você ficou bem. Mas, honestamente, estou cansado de sobreviver nas estradas. E cansado de ouvir outra voz contando histórias, que não seja a sua. — Ele suspirou e colocou o cabelo loiro para trás, os fios dele estavam maiores. — Então, você quer ser a minha contadora de histórias?