Como se livrar de uma vampira apaixonada (Concluída)

(In) Feliz Aniversário

Oi de novo!

Camila

– Sra. Welmon?

Levantei o olhar de um rabisco elaborado que estivera fazendo no caderno e vi Richard Linn balançando sua mão gorda, tentando atrair a atenção da professora. Eu nunca tinha visto Richard levantar a mão para nada, então achei que ele estivesse com diarreia e precisasse de permissão para ir ao banheiro ou... Na verdade não consegui pensar em nenhum outro motivo para o imbecil chamar a atenção para si mesmo dentro de uma sala de aula. Por isso o que ele disse em seguida me surpreendeu totalmente.

– Diga, Richard – respondeu a Sra. Welmon, parecendo tão perplexa quanto eu.

– Fiz um relatório sobre um livro.

O quê?

– Nossa! – A Sra. Welmon não sabia se deveria ficar feliz, aterrorizada ou as duas coisa. – Fez? Bom, você não tinha sido escolhido...

– Eu sei – disse Richard. – Mas estava tão interessado no livro que o li antes do tempo.

Dava pra ver que a Sra. Welmon estava um pouco intrigada, apesar de suas dúvidas óbvias. Ouvir que um aluno – especialmente um péssimo aluno como Richard – tinha lido um livro antes do tempo... Bom, devia ser o mesmo que ganhar na loteria e encontrar o amor verdadeiro num dia só.

– Leu? – repetiu ela, com um brilho nos olhos.

Algo naquela situação me deu a impressão de estar muito errado. Virei-me para Lauren, um pouco alarmada, mas ela apenas observava, os olhos plácidos, com aquela calma nova e estranha que havia cultivado.

– E o que você leu? – indagou a professora.

– Drácula – anunciou Richard. – E estou preparado para falar sobre ele.

Ah, não. Ah, por favor, não. Agora estávamos numa espécie de terreno perigoso. Richard e Kate haviam tramado alguma coisa. Por favor, Sra. Welmon, diga a ele para calar a boca.

– Bem, Richard, ainda faltam algumas semanas para lermos Bram Stoker – ponderou ela.

– Eu sei, mas fiquei empolgado com o livro. Me fez pensar em muitas coisas. Quero falar sobre ele para a turma.

A Sra. Welmon hesitou por mais um segundo, mas a ideia de um aluno medíocre ter descoberto coisas em que pensar era demais pra ela.

– Então, por favor, compartilhe seu relatório conosco.

Ela se sentou enquanto Richard se erguia da carteira e andava pesadamente até a frente da sala.

Meu coração havia disparado. Olhei para Liz, mas ela manteve a cabeça voltada para frente. Que diabo iria acontecer? Será que minha ex-melhor amiga sabia?

Richard sacudiu uma folha de caderno e pigarreou. Então leu, daquele seu jeito monótono e desajeitado:

– O que surpreende no Drácula de Bram Stoker é o fato de ele se basear na história real de um vampiro que viveu na Romênia. O nome desse vampiro era Vlade, o Empalador, que é meio parecido com o sobrenome Vladulescu.

Cala a boca, Richard...

Atrás de mim, Kate riu baixinho e sussurrou “Ops” de modo que apenas Lauren e eu escutássemos.

– Algumas pessoas dizem que os vampiros ainda existem – continuou. – Se você procurar na internet vai ver que há um monte de informações de pessoas que bebem sangue, sangue humano, e se dizem vampiros. Muitos desses malucos vivem na Romênia, onde costumam ser mortos porque as pessoas normais não querem conviver com eles.