Nunca fui pessoa de apontar para o cenário e afirmar que via apenas uma coisa. Para mim não é um copo meio cheio nem um copo meio vazio, em todo o auge da minha mente realista, não passa de um copo com água - até a tristeza me atingir. Eu posso estar a afogar-me em toda a água existente no universo, todos os rios, oceanos e lagos e ainda assim, para mim o vidro é nada mais do que meio territorio de ar. E eu não sou mais do que uma parte inteira e, ainda assim, vazia.
Então, quando suo melancolia por todos os poros da minha pele, não me reconheço. As minhas recaídas fazem renascer em mim alguém totalmente subjacente ao que sou, mas que, mesmo assim, continua lá. Um ser sem esperança, que não acredita em nada e se alimenta das próprias lágrimas.
No fundo, eu nunca deixo de ter outra perspectiva, é sempre um copo com água. Eu é que nem sempre sou eu.
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quando o copo está meio vazio
PoesiaPassei metade da vida a perguntar-me o que fazer com a melancolia; foi aí que chegou o momento em que encarei o copo meio vazio e me deparei com o facto de que, se metade dele era ar, o mínimo que eu poderia fazer era respirá-lo. E com a melancolia...