2- Noah

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Lya narrando

Atualmente

Eu levava uma vida normal, sem muitos acontecimentos relevantes.

Morava com meus pais, tinha uma melhor amiga na escola e conversava com algumas pessoas.
Nunca fui "A popular" mas também não era tão invisível ao ponto de ninguém me conhecer, afinal eu estudo no mesmo lugar desde criança.

O meu problema era com garotos. Não dizendo que muitos se interessavam por mim, um ou outro que eu achava legal também me achava e vagamente eu ficava com eles, só pra não perder o costume. Eu nunca fui impedida de namorar, só não queria e nem quero. Acho que eu não tenho idade e nem paciência para essas coisas.

Agora, eu tenho 17 anos, quando fiz quatorze minha mãe me trouxe uma notícia bem... Convenhamos, eu odiei.
Foi nesse dia que eu tive meu primeiro acontecimento relevante.

O nome do meu irmão é Noah e ele é um chato na maior parte das vezes, não por me irritar, mas por que ele não me diz nada. Nesses três anos, as únicas vezes que nos falamos ele disse no maximo 30 ou 40 palavras ao todo.

É sempre "oi, bom dia, tem isso? Tem aquilo?" E no dia certo, "Feliz aniversário" e ele me dá um chaveiro. O mesmo, desde que o conheci. É uma florzinha preta, com detalhes prata.

Eu as guardo no quarda roupas e nunca tive onde pendurá-las.
E nem penso muito em fazer isso.

Agora estou na entrada da escola sentada num banco, esperando ele me buscar. Hoje ele vai me levar na casa da vovó. É a primeira vez que vou entrar no seu carro, e pra falar verdade eu estou bastante ansiosa ja que vamos passar pela primeira vez mais de 3 horas sozinhos.

Meus pensamentos são interrompidos pela buzina na rua.
Me viro e encontro ele dentro do carro e ele me olha e soltando um sorriso forçado.

Ando em direção ao carro e percebo uns olhos atentos sobre meus movimentos, eram as meninas do terceiro ano.

As ignoro e entro no carro.
- Boa tarde, Elisabeth.

Odeio quando ele me chama assim.

- Olá, Noah.

Então ele arrancou e focou totalmente no trânsito a sua frente.
- Se não incomodar, você pode parar numa lanchonete? Quero comprar algo para mim.

Ele revirou os olhos, sem nem ao menos se preocupar se eu veria.
Sério que Noah me acha tão irritante?
- Ok.

Desci e comprei um lanche, ofereci mas ele só negou com a cabeça.
Quando terminei, não consegui parar de olhar o seu rosto. Qual o meu problema?

- Qual o problema? - Eu me virei rapidamente sentindo meu rosto queimar.
- Nenhum.
- Tem algo comigo? Sei lá, sempre te pego me observando no jantar ou quando estou na sala.

Meu Deus, onde tem um buraco pra eu me enfiar lá e nunca mais sair?

- Nada, é impressão sua. Quer dizer, eu... Não sei mas eu gosto de observar as pessoas. Na maior parte das vezes.

Finalmente, depois de segundos que pareciam séculos ele me olhou e sorriu dizendo.

- Tudo bem, se não quer me dizer, eu te entendo, eu também ficaria envergonhado. Se eu fosse você, é claro. - Ele falou tão seguro de si, que eu mal prestei atenção.
- Uhum. Quer dizer... O que? Como assim?

- Você não precisa esconder que gosta de mim, Lya. É normal, quer dizer com seus hormônios a flor da pele e você já não tem muito contato com garotos né? Já que nunca teve um namorado.

Senti meus olhos se abriram respectivamente a cada palavra que ele dizia. No fim, eu apenas me calei e depois de segundos assim, comecei a gargalhar.

- O que?... Não acredito que disse isso! Noah, nós somos irmãos, seu louco.- Disse entre risadas, o que ele não entendeu muito bem. Na verdade nem eu entendi, já que eu ainda queria um buraco para me esconder do mundo.

- Como eu disse, irmãzinha. É difícil pra você e eu te entendo, sério.

Noah soltou a mão do volante e tocou meu ombro rapidamente enquanto falava, como um gesto reconfortante mas não era, já que tinha vindo dele.

Será que ele realmente não tinha noção de que estava sendo um idiota?

Oh céus, que isso acabe logo.

Apenas IrmãosOnde histórias criam vida. Descubra agora