10- Joalin

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Lya narrando

Passei o dia assistindo um seriado estranho na TV. Noah saiu e minha vó está tricotando enquanto escuta uma música romântica.

Minha existência parece patética, eu me sinto inútil agora. Não tenho absolutamente nada pra fazer, por que apesar de eu ter acordado cedo, minha vó acorda antes mesmo das galinhas e deu uma super faxina na casa.

Tem meus livros mas estou com preguiça de dar continuidade ao meu teatro interno de fingir nunca tê-los lido um milhão de vezes.

Sentindo pena de mim mesma, levanto e desligo a TV indo em direção ao quarto da minha vó.

- Oh, olá querida, quer alguma coisa? Está com fome? - aceno a cabeça dizendo não.

- Estou entediada vó. Não tem nada pra fazer aqui. Se parar para pensar, a coisa está tão feia que estou sentindo falta até de Noah. - faço drama.

- Oh - ela sorri carinhosa. - está difícil mesmo em. Mas não sei como te ajudar pois me sinto assim faz anos, querida. Desde que seu avô se foi, eu não tenho nada nem para amar, que não esteja longe de mim. Vocês são minha companhia por apenas dias. - ela diz cabisbaixa e meu coração se quebra em mínimos pedaços.

- Ah vovó... - eu caminho até ela e a abraço. - Desculpe, não pensei que se sentisse assim. Prometo que vou recompensar, pelo menos hoje, bem o que posso fazer?

Ela me olha com um sorrisinho sacana.

- Vamos nos divertir, como eu fazia no meu tempo! - então ela se levanta, caminha até o guarda roupa e pega uma caixa grande e empoeirada.
- Me ajude querida.

Eu vou em sua direção e abro a caixa no chão, o pó entra em meu nariz e eu espiro, porém começo a rir com o que vejo. São fotos, cartas, roupas, biquínis e acessórios antigos, provavelmente dela.

- E então? Desfile de moda! - ela sorri animada, ok isso está estranho. Ela começa a tirar as roupas da caixa e entra no banheiro.

Alguns minutos depois volta adoravelmente, com um biquíni minúsculo rosa bebê e óculos de sol vermelhos chique. Está com um salto plataforma azul e com um colar de penas coloridas em volta do pescoço. Começa a desfilar e eu assobio sorrindo.

- Qual minha nota? Tem que ser honesta, sem trapaça. - ela diz.

- Hmm. Sete, falta pano nesse biquíni! - digo tentando ser séria e ela gargalha.

- Sua vez!

E então passamos a tarde assim, experimentando roupas e lendo cartas de amor. Ela me conta histórias e eu me deito no chão para escutar.

Parece incrível como eu nunca tinha feito isso antes. Nós fizemos bolinhos e a noite chegou. Faltavam 30 minutos para as 9 quando Bailey chegou. Ele estava usando uma blusa preta simples, uma calça jeans e estava perfeito.

- Uau, Lisa você está linda. - olho para baixo. Estou usando um vestido simples azul escuro que minha vó me deu hoje.

- Você também. - vou até ele e dou um beijinho em sua bochecha.- Vó estou saindo!

- Tudo bem, Tchau querida.

Então eu saio e sigo Bailey até sua moto, que por sinal eu tenho medo.
- Não vou te matar, Lisa, toma. - ele percebe minha cara, me entrega o capacete e eu subo na moto.

- Espero. - Sorrio.
Ele liga e segue caminho, foi bem rápido e acho que até rápido demais mas não vou bancar a chata hoje.
Entramos na tal "festa" que era uma boate, e ele me leva até o bar.

- Então o que vai querer? - Diz quando chegamos no balcão.
- Hmm... Cerveja? - sorrio. Não sou muito de beber coisas fortes.
- Ok. - ele se vira para o barmen e pede duas.

Ele nos entrega e sentamos numa mesa no canto.
- Então, como foi seu dia?
- Eu fiquei com minha vó, vendo as coisas antigas dela. E o seu?
- Chato, trabalhei a tarde. - ele dá de ombros.
- Eu não sabia que você trabalhava lá, vou ir mais vezes. - bebo minha cerveja.
- Ah é? Só para me ver? - ele diz convencido.

- Não! Para ver os sorvetes é claro... - reviro os olhos e ele sorri.
- Sei... - ele bebe. - Quer dançar?
- Claro que não. - dou risada só de imaginar o desastre. - não sou boa com essas coisas.
- Quando era criança você amava. - ele parece se lembrar.

- Não gosto mais... Cresci e percebi que eu era péssima.
- Era mesmo.
- Bailey! - finjo estar brava mas rio.
- Calma eu tô brincando! - se afasta um pouco, sorrindo.

Seu sorriso perfeito não deixa seus lábios a nenhum momento e eu acho que estou o encarando por tempo demais. Sinto o ar faltar nos meus pulmões e aquela sensação antiga volta. Não é possível que eu esteja fazendo isso, de novo.

- Vou ao banheiro, ou pelo menos tentar achar um. Me espere! - digo e me levanto, me enfiando no meio das pessoas.

Quando estou à passos da porta, uma mão segura meu pulso e todo meu corpo se arrepia. Bailey.
- Espero que eu tenha pegado a indireta certa. - Então ele me trás para perto de si e me beija.

A sensação se intensifica e meu corpo se acende. Passo um braço pelo seu pescoço e com o outro seguro seu rosto. Ele segura minha cintura.

Eu deveria estar morrendo de vergonha, mas não estou. Isso me parece certo demais. A sensação me toma por inteiro quando separo o beijo e vejo Bailey sorrir.

- Eu realmente quero usar o banheiro, mas adorei a pausa.
- Eu também. - então ele sela nossos lábios e solta minha cintura, caminhando de volta para o lugar onde estava e me sinto tonta.

- Uau... - Sussurro para mim mesma e entro no banheiro. - Boa noite. - digo para a única garota no banheiro, ela me parece familiar, mas não olho demais e entro em uma das cabines.

Depois de sair, encontro a mesma recostada na parede e percebo ser Joalin, a namorada da Sofya.

- Ah oi, não percebi que era você. Tudo bem? - caminho até ela e tento um abraço, mas ela me afasta com a mão. Sinto minhas bochechas queimando de vergonha e a confusão evidente em minha expressão.

- Você é a nova cachorrinha do Bailey né? Eu vi vocês dois.
- Espera... Como vocês se conhecem?

- Ele ja deve ter falado de mim, sou a ex dele.

A informação me deixa confusa e até mesmo envergonhada. Não sei por que mas me sinto culpada por ela.

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Irra, fogo no parquinho

~~~~Irra, fogo no parquinho

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