Insuportável

Cap 68

  Chego ao quartel novamente. Passo direto pela sala e entro novamente em meu quarto, onde encontro Misuki totalmente confusa e assustada.
  Quando ela me vê, vem direto até mim com uma expressão não muito agradável. Minha cabeça não está nas melhores das situações, então passo por ela e me sento em minha escrivaninha.
-Levi, o que aconteceu??
-Difícil de explicar.
-Então explique.
Ela se senta na cadeira à frente com as sobrancelhas franzidas. Esfrego minhas têmporas depois que percebo que isso não vai ter um fim tão cedo e respiro fundo.
-Só fui falar com Erwin sobre uns assuntos, Mi.
-E precisava sair correndo desse jeito e me deixar sozinha aqui?
-Precisava, ok?
Pego uns papéis da minha mesa e ajeito-os. O estresse chegando à minha mente não deixava as coisas melhores,
-E por que? É algo importante?
-Claro que é. Nunca teria feito isso se fosse uma coisa banal.
-Pode me falar o que é?
Suspiro longo e a olho nos olhos.
-Só acho que o quartel foi invadido enquanto somente você estava aqui.
-Oi?? Fez todo esse escândalo só pra isso?
-Só?
-Sim! Poxa, Levi, se alguém entrou aqui, não é alguém muito inteligente. Deduzo isso só pelas provas que ele deixou para trás.
-Mas ele entrou! Só esse fato já é um motivo para nos pôr em alerta.
-Ok. Amanhã vocês vão para as muralhas, se ele entrar aqui novamente eu desmaio ele e chamo vocês. Pronto.
Ela se encosta na cadeira e cruza os braços. Seu olhar está entediado.
-Acha que é tão simples, Mi?
-E por que não seria?
-Porra, você não está entendendo que estou preocupado?
-Com o que? Acha que eu não sou forte o suficiente?
-Não é isso...
Aperto a ponte do nariz e franzo mais ainda as sobrancelhas.
-Acha que só porque estou carregando uma criança, ainda minúscula, em meu útero eu não sou capaz de desmaiar um ladrão burro?
-Eu não falei isso! Mi, entenda que eu só quero aumentar a segurança aqui. Vai que o cara quer que pensemos que ele é idiota?
-Você quer aumentar a segurança??
Ela se levanta rapidamente e aumenta a voz.
-Porque que eu fui falar isso?
Falei quase para mim mesmo, esfregando meu rosto.
-Levi, eu NÃO sou incapaz!
-Misuki, por favor, eu não acho que você seja incapaz. Eu só estou preocupado.
-Preocupado com uma mísera pessoa?
-Mas que merda, Mi. O esquadrão todo está fora, você é a única pessoa que está aqui e alguém invade o quartel. Sabe como me sinto??
Dessa vez sou eu que levanto da cadeira e ergo a voz.
-VAI TE CATAR, LEVI. Eu já provei ser forte o suficiente e DEFINITIVAMENTE não é um filho que vai me debilitar. Eu não estou completamente livre para fazer o que quiser, óbvio, mas eu tenho CERTEZA de que eu consigo levantar um pedaço de madeira e acertar na cabeça de alguém, e minha vontade agora era de fazer isso na SUA cara.
Dito isso, Misuki sai do quarto feito um raio e bate a porta tão forte que tenho certeza que ecoou no quartel inteiro. Tento chamar por ela mas nada adianta, então me jogo na cadeira novamente e suspiro.
-Por que eu tenho que ser tão cabeça-dura?

Misuki's pov on

Saio do quarto de Levi rápido. Enquanto corro pelos corredores, acabo trombando em Eren e Connie. Ambos perguntaram o que tinha acontecido, mas estava com tanta raiva que nem dei bola. Com certeza o esquadrão inteiro escutou a nossa briga e eu não estou a fim de explicar para todos o motivo.
Saí do quartel e parei de correr, onde passei somente a caminhar, recebendo uma brisa fria de uma noite de outono.
Por que é tão difícil Levi entender que eu não preciso de proteção extra? Eu sou tão fraca assim?? Só porquê eu não posso fazer tudo o que eu quero não significa que sou paralítica... Sinceramente, se ele pudesse me colocar em um pote de vidro para me deixar protegida ele o faria.
Paro de andar quando ouço um barulho, de repente. A rua estava muito mal iluminada, não conseguia enxergar nem 15 metros na minha frente direito.
-Tem alguém aí?
Ninguém responde. Claro que ninguém vai responder; espera que um assassino responda o que? "Estou aqui com uma faca. Você não teria como amola-la para eu poder te matar melhor?"? Misuki, sua idiota...
Eu já ia começar a correr quando, das sombras, surge um gato preto. Suspiro, aliviada e coloco a mão sobre o peito onde meu coração começava a se normalizar juntamente com a respiração.
-Você me assustou, gatinho.
Ele começou a se esfregar em minhas pernas e seu rabo começou a fazer cócegas. Seu ronronar me acalmou, até. Eu adoro gatos.
-Own, que coisa fofa.
Eu ia pega-lo no colo mas, de repente, o gato começou a chiar.
-O que foi, bichano?
Seu olhar se direcionava para a sombra. Eu não via nada, mas ele continuava arisco. Seus pelos eriçados e patas arranhando o ar com certeza indicavam perigo ou ameaça, mas não havia nad...
-MIAU!
  Me assusto com o miado repentino do animal e finalmente percebo o motivo do alarde do mesmo. Havia um rato escondido nas sombras.
-Você está com medo do rato?
  É. Ele estava. Pude perceber da maneira que ele saiu correndo quando viu o roedor.
  Dei um sorriso e balancei a cabeça com a situação. Um gato fugindo de um rato é novidade para mim e para todos, não?
Seria... Se o rato também não estivesse correndo. É uma situação muito estranha se não fosse pelas pedras voando por cima das muralhas. Eram pedras pequenas, mas ainda sim eram perigosas.
-Essa não!
  Me localizo e percebo que estou apenas a um quarteirão da casa de Hanji, então corro para a mesma, tropeçando em meus próprios pés de vez em quando. Quando chego perto da casa, vejo Erwin saindo da mesma enquanto se despedia da tenente.
-HANJI!
  Chamo a mulher e finalmente encosto na parede da casa dela.
-Misuki? -O loiro pergunta.
-Mi? O que faz aqui? O que quer?
  Ela questiona.
-Pedras...
  Tento recuperar o fôlego.
-O que? Mi, você tá usando drogas?
-Não... As mesmas pedras de hoje cedo... Ali.
  Aponto para o céu onde só se é possível enxergar as pedras voando por causa da lua cheia.
-Erwin... ERWIN, CHAME LEVI!
-Nem precisa pedir. Vou contatar todos da tropa. Hanji, cuide do seu esquadrão.
  O loiro sai daqui correndo e eu olho para a tenente. As primeiras pedras atingem o solo, causando um estrondo terrível.
-Misuki, vamos voltar para o quartel.
  Eu não queria ter que olhar na cara de Levi hoje de novo, mas não tenho escolha.
-Beleza. Vai indo que eu vou...
-Eu te levo!
De repente, a morena me pega no colo e sai correndo.
-H-Hanji!?
-Você está grávida, amiga. Esqueceu?
A olho com um olhar incrédulo e bufo depois que percebo que não mudarei a opinião dela.