6. O GAROTO LOBO

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Sabe, ando me sentindo meio estranho esses dias, é como se eu já não fosse a mesma pessoa, antigos costumes se foram, meus hábitos mudaram, me sinto mais forte, mais frio, mais alto. Não consigo ficar perto de muitas pessoas, elas me enlouquecem, será que estou enlouquecendo? Minha pele esta mais grossa é como se tivesse uma carcaça sob meu corpo, esses dias trombaram em mim, e não senti absolutamente nada, além de vontade de jogar aquele idiota pela janela, sem nunca ter dado motivos para isto.
Quero ficar só, não sinto mais nada, nem amor, nem dor, não sinto pena, nem solidão, esta é confortante, apenas ela me entende, se não entende também não faz questão de perguntar por que estou quieto, isso é bom!

Já faz uma semana, tudo que como não é capaz de saciar minha fome, eu que nunca fui fã de carnívoros, agora sofro de uma tara fatal, ainda mais quando acaba de sair do açougue, quando o sangue escorre sinto minhas pupilas dilatando, uma vontade sentir o gosto, minhas mãos suam frio, eu quero mas não posso!

AH, aquele maldito cachorro, era madrugada, eu havia ido a Igreja da cidade como sempre fazia com minha família, neste dia eles não foram, destino? A missa acabou, alguns fieis cegos pela devoção saiam pelas ruas em direção as suas casas, eu fui caminhando só, não fazia questão de chegar cedo em casa.

Quando me afastei da multidão senti como se estivesse sendo observado, era estranha esta sensação, como se estivesse para acabar algo, uma leve névoa desceu sob a rua, ainda ouvia algumas pessoas falarem de longe até que todas fora sumindo, uma a uma.
Andava, divagando acompanhado de meus pensamentos, e de uma sensação, que começava a subir pela garganta, querendo sair pela boca, escutei alguns passos, parei e olhei para trás, não vi nada, continuei porem em ritmo acelerado, aqueles aceleraram, mas não eram mais de um homem, conseguia ouvir estalos, como se fossem garras se chocando contra o chão. Parei, estava ofegante, o barulho continuou, me virei e nada vi, mesmo assim permaneci chocado, olhando fixamente para um ponto distante da rua tentando decifrar de onde viriam tais barulhos, o vento gelado esfriava as pontas de meus dedos, já não escutava mais passos, uma sombra se ergueu atrás de mim, não sei dizer ao certo qual raça era, provavelmente um "vira-lata" horrivelmente grande, senti seu hálito quente, e com uma pancada na nuca desacordei.

No outro dia pela manhã acordei rodeado por algumas pessoas que se esforçavam para ver o pobre moribundo que descansava sob uma possa de seu próprio sangue, minha cabeça doía, assim como meus ossos, em minha perna uma grande ferida espalhava alguns pedaços meus sob o chão.

MINHA PRIMEIRA LUA CHEIA

Sabe nunca acreditei em criaturas, monstros ou quaisquer outras coisas que se enquadrem neste assunto, e também se existissem que as lendas falariam coisas coerentes, mas não!
Estava em meu quarto, era uma noite tão fria quanto a da semana passada, todos se encolhiam em suas camas, procuravam abraços, ou outro jeito de se esquentar, mas como sempre em meu quarto era diferente, meu sangue borbulhava em minhas veias, não conseguia parar de pensar naquela peça do açougue, no sangue e no prazer que aquilo me propiciaria, pensamentos que tentava banir de minha mente, minha cabeça estava quase explodindo, estava prestes a ter uma convulsão, sentia meus dedos crescendo e diminuindo, meu pés formigavam, de meus olhos escorria sangue, senti-me estufando, como se crescesse, vi minha janela estourando em minha frente, e depois disto. Outra possa de sangue, e eu caído em cima dela, no entanto desta vez este sangue não era meu.

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