Quando criança, as crueldades do mundo obrigaram Jungkook a passar meses trancado em sua casa. Graças ao Transtorno do Pensamento Obsessivo Compulsivo, Jimin as vezes jura que está ficando louco.
A partir do momento em que os garotos se esbarram nu...
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Olho ao redor mais uma vez.
Um suspiro cansado escapa quando sinto minha coluna se tornar cada vez mais fodida. A cadeira de ferro não é confortável e posso notar meu corpo dolorido do tempo que passei sentado, tentando prestar atenção ao que acontecia no pequeno âmbito instalado na minha frente. Pisco devagar, movendo o pescoço para estala-lo.
Um círculo formado por sete cadeiras ocupadas me cerca. Seis são ouvintes, um deles sendo eu e o outro alguma espécie extrovertida e inquieta de mediador de papo. Tipo um diplomata, ou alguém tão chato quanto um diplomata. Aperto os olhos, tentando recordar seu nome e falho miseravelmente, faz muito tempo desde a primeira e única vez em que estive aqui. Ele fala bastante, sorridente, como se estivesse muito, muito contente por estar aqui. Pancada mesmo.
Eu balanço os pés, colidindo-os repetidamente contra o piso de granito em forma de entretenimento. Ouço as pessoas conversando, existem duas ou três vozes intercalando uma discussão que chega até meus ouvidos como um zumbido denso e irrelevante. É como se alguns barulhos estivessem provocando minha mente — a miscelânea de falas, a borracha dos meus pés, a chuva contra as janelas: só para me recordarem de que estou presente. Para não deixarem que eu viaje, ou durma. Barulho de encher linguiça. Eu sou a linguiça.
Me entretenho com minha cabeça vazia de estímulos. Olho para o chão e lembro que hoje é sexta, então vou comer churrasquinho quando chegar em casa e depois assistir o filme que baixei dos Studios Ghibli. Sorrio, lembrando dos palitos cheios de carne e sentindo minha barriga roncar.
— Jimin — é meu nome. Levanto a cabeça e vejo que, infelizmente, o diplomata sem nome lembrou da minha existência. Merda. — Faz tempo desde a última vez, que bom que está de volta. Vocês se lembram do Jimin? — ele direciona a pergunta para os outro cinco que, surpreendentemente, possuem semblantes mais vivos que o meu. Será que sou o único que acha isso um porre?
Olho outra vez. Acho que não. Encarando o círculo, vejo que um dos caras tem um semblante tão entretido quanto o meu.
É o mesmo que me chamou atenção quando chegou. Os cabelos por cortar, cobrindo os olhos com descaso, num tom de preto rústico e bonito. Lábios finos, bochechas magras e coradas, olhos afiados e pele alva, coberto por uma camisa preta de tecido fino. Tem o nariz longo e a mandíbula marcada de forma bonita, contrastante com os olhos infantis e sobrancelhas fartas.
Venho olhando-o pelo canto dos olhos quando fico entediado a ponto de morrer porque ele é meio interessante. Tem um sorriso ínfimo nos lábios e as orbes regadas num escárnio não prontamente malicioso, mas desdenhoso. Ou eu tô bem doido e ele só tá viajando mesmo. Mas ele é bonito e sua língua também não parece querer trabalhar hoje, imerso numa quietude suntuosa.