Quando criança, as crueldades do mundo obrigaram Jungkook a passar meses trancado em sua casa. Graças ao Transtorno do Pensamento Obsessivo Compulsivo, Jimin as vezes jura que está ficando louco.
A partir do momento em que os garotos se esbarram nu...
(Antes de começarmos, eu deixo aqui uma sugestão pra vocês: quando os meninos chegarem ao anfiteatro, busquem a música "Take me Out" do Franz Ferdinand e deixem tocando. Juro que ler aquela cena com a música é outra coisa. Boa leitura!)
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TAKE ME OUT
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Depois de um tempo vivendo da forma mais sufocante que seu corpo já teve a má sorte de conhecer, você acaba entendendo que não existem dias bons. Existem dias ruins, e dias ruins pra caralho.
Eu sei que meu dia vai ser ruim pra caralho quando, antes mesmo de ter consciência de que estou acordando, meus batimentos cardíacos se atropelam atarantadamente, como se corressem de um monstro, um demônio gigantesco—sem fôlego, rápido, em desespero: até que não exista mais perigo por perto. Sou acordado por meu coração frenético e, às vezes, sei que é coisa da minha cabeça, mas juro que ele acelera porque sabe que estou acordando. Ele sabe que vai doer e trabalhar mais que o normal pelo resto do dia. Meu coração acorda antes de mim e tenta fugir pra que eu não acorde também.
Me reviro a cada três segundos pela cama, minha pele gruda por conta do calor produzido pelas três camadas de cobertores. Fecho os olhos com força, levo a mão até o peito e pressiono ali, sentindo a boca seca e essa angústia deteriorante que faz com que tudo pareça demais. A sensação familiar de sufoco, de já acordar com medo. Olho para a janela. Tá aberta. Afasto as cobertas e deslizo os pés pra fora da cama, andando até a vidraça e passando a tranca. Uma vez atrás do vidro, olho para a lua iluminando a cidade adormecida com cautela.
Nada consegue colocar meus pensamentos nos eixos. Sento na cama e puxo meus joelhos para perto do peito, encostando a cabeça na parede e tento focar na minha respiração. Tento lembrar como é não me sentir assim.
É uma antítese infeliz pensar que eu tenho medo de pensar nos pensamentos. Como eu posso ter medo de pensamentos? São só frases ecoando num espaço líquido e invisível pra qualquer um além de mim. Mas a onipresença do significado de cada pensamento não me deixa sozinho nunca e é aí que mora o pânico. E dá medo pra caralho. Cada significado, cada interpretação daquilo dentro de mim, me assusta muito. Como caralhos eu virei isso?
Inspire pelo nariz. Expire pela boca. Inspire pelo nariz. Expire pela boca. Tento acalmar minha respiração por três segundos, quando esses segundos não fazem com que todos os meus problemas sumam, eu bufo para mim mesmo e procuro meu celular.
Que horas são?
Eu sempre largo meu celular embaixo do travesseiro porque durmo com fones de ouvido. É um hábito meu colocar alguma coisa tosca pra prestar atenção antes de dormir quando não me sinto bem, assim eu não penso muito antes de cair no sono porque me distraio com as piadas e essas paradas.