A ganância, o poder, a vontade de estar por cima...
Até onde podemos ir pela busca do que queremos?
Quando essa busca se torna desenfreada?
E o mais importante: Existe um caminho de volta?
Um conto curto que nos ensina a dosar nossas vontades, ou no...
O rapaz nunca mais foi visto. Seu corpo não foi encontrado. Mas os pescadores pararam de pescar naquele trecho do rio, alegando que as vezes, criaturas vão para o barranco de madrugada e de dia suas pegadas estranhas e um cheiro forte e ruim são notados. Acham que agora ali é um local amaldiçoado.
Dizem que até hoje, aquela foi a maior e mais assustadora tempestade que aquela cidadezinha já viu. E a comunidade ribeirinha jura que durante os raios e trovões, também se ouvir um forte bater de asas em vários locais, bem como gritos estranhos, como se uma grande ave voasse no meio da tempestade. Alguns falam até que viram algo escuro e grande acima do rio e quando os clarões iluminavam a noite, via-se melhor o que parecia um homem com longos braços e grandes asas.
Recentemente a casa do rapaz foi vendida com tudo o que existia no seu interior. O novo dono, curioso com a pequena, mas diversa biblioteca, se deleitava com os variados títulos. Até que encontrou anotações em uma gaveta da escrivaninha, que continha o seguinte bilhete feito às pressas:
"Eu não sabia o que era tudo isso. Mas é maior do que nosso mundo, o mundo humano e mortal. Nenhum poder vale minha alma. Agora ele está queimado, mas não sei, talvez haja outros. Cuidado ao encontrar mais um. A quem ler, um dia, preste atenção. Esse livro preto de couro, bonito e misterioso, foi minha maior armadilha. Queime, rasgue, fique longe. Mas não abra esse livro! "
Ao terminar, o novo proprietário da casa automaticamente olhou para um recipiente metálico no meio do cômodo e com assombro, viu que, contrariando o bilhete, o livro negro se encontrava lá dentro, intacto!
Com medo do que aquilo significava, ele pegou o livro, as anotações, envolveu em um saco plástico e saiu. Pegou seu carro e se afastou do centro da cidade. Sentia um formigamento estranho e um aperto na garganta que não conseguia entender. Sentia também vontade de ler aquelas páginas que carregavam tantas perguntas e mistérios. Mas não o fez.
Pouco tempo depois, chegou onde desejava, um velho riacho na entrada da cidade. Abriu o saco, depositou pedras lá dentro, junto com o livro, amarrou novamente e o jogou na água. Enquanto via o saco com seu conteúdo afundar até sumir, notou leves barulhos e viu arbustos se movendo do outro lado da margem do rio. Rapidamente se pôs a andar para o carro, para a cidade e para o convívio das pessoas. Já pensava em se livrar de toda a mobília e objetos antigos da nova casa, era muito supersticioso.
Seu pensamento foi cortado quando uma sombra imensa sobrevoou o carro e ele ouviu o grito mais terrível de toda a sua vida. Acelerou e só voltou a respirar tranquilamente quando chegou ao centro da cidade e encontrou com seus amigos em um bar. No meio da conversa, decidiu dormir na casa de um deles, pelo menos até tudo ser retirado do seu novo lar.
E pensava: "Aquilo é paranormal! É melhor mesmo que ninguém mais abra aquele livro. "
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