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Elena ficou parada dentro do círculo de adultos e da polícia, esperando poruma chance para escapar. Ela sabia que Matt tinha avisado Stefan atempo – o rosto dele lhe contava isso – mas ele não foi capaz de chegarperto o bastante para falar com ela.Por fim, com toda a atenção virada na direção do corpo, ela se desapegoudo grupo e avançou lentamente na direção de Matt."Stefan saiu daqui bem," ele disse, seus olhos no grupo de adultos. "Masele me disse para tomar conta de você, e eu quero que você fique aqui.""Tomar conta de mim?" Alarme e suspeita relampejaram por Elena. Então,quase num sussurro, ela disse, "Entendo." Ela pensou por um momento eentão falou cuidadosamente. "Matt, eu preciso lavar minhas mãos. Bonnieespalhou sangue me mim. Espere aqui; eu voltarei."Ele começou a dizer algo em protesto, mas ela já estava se distanciando.Ela levantou suas mãos manchadas em explicação enquanto alcançava aporta do vestiário das garotas, e o professor que agora estava parado lá adeixou passar. Uma vez no vestiário, contudo, ela continuou indo, emdireção à porta distante e para dentro da escura escola. E de lá, paradentro da noite.Zuccone!* Stefan pensou, agarrando uma estante de livros e aarremeçando, mandando seu conteúdo pelos ares. Tolo! Cego, detestáveltolo. Como ele pôde ser tão estúpido?* estúpido/idiota, em italiano.Achar um lugar entre eles aqui? Ser aceito como um deles? Ele devia estarlouco se pensava que isso era possível.Ele pegou um dos pesados baús e o jogou para o outro lado do quarto,aonde ele foi de encontro coam a parede distante, estilhaçando umajanela. Estúpido, estúpido.Quem estava atrás dele? Todo mundo. Matt tinha dito isso. "Houve outroataque... Eles acham que você fez isso."Bem, dessa vez parecia que os barbari, os insignificantes seres humanoscom seu medo de qualquer coisa desconhecida, estavam certos. De queoutra maneira você explicaria o que aconteceu? Ele sentira a fraqueza, aconfusão rotatória e vertiginosa; e então a escuridão se apossou dele.Quando ele acordou foi para escutar Matt dizer que outro ser humanotinha sido saqueado, assaltado. Roubado dessa vez não só de seu sangue,mas de sua vida. Como você explicaria isso a não ser que ele, Stefan, fosseo assassino?Um assassino era o que ele era. Malvado. Uma criatura nascida naescuridão, destinada a viver e caçar e se esconder lá para sempre. Bem,por que não matar, então? Por que não cumprir sua natureza? Já que elenão podia mudar isso, ele bem que podia deleitar-se com isso. Ele podialibertar sua escuridão sobre essa cidade que o odiava, que mesmo agora ocaçava.Mas antes... ele estava com sede. Suas veias queimavam como uma redede fios secos e quentes. Ele precisava se alimentar... em breve... agora.A pensão estava escura. Elena bateu na porta mas não recebeu resposta.Trovões explodiam no alto. Ainda não havia chuva.Depois do terceiro bombardeio de batidas, ela tentou a porta, e ela abriu.Lá dentro, a casa estava silenciosa e negra como piche. Ela achou asescadas pelo toque e subiu.O segundo andar estava tão escuro quanto, e ela cambaleou, tentandoachar o quarto com a escada para o terceiro andar. Uma luz fraca apareciano topo da escada, e ela subiu em direção à ela, sentindo-se oprimidapelas paredes, que pareciam fechar nela de ambos os lados.A luz vinha de debaixo da porta fechada. Elena bateu nela ligeira erapidamente. "Stefan," ela sussurrou, e então chamou mais audivelmente,"Stefan, sou eu."Sem resposta. Ela segurou a maçaneta e abriu a porta, espreitando aoredor. "Stefan—"Ela estava falando com um quarto vazio.E um quarto cheio de caos. Parecia como se algum poderoso vento tivessedespedaçado tudo, deixando destruição em seu caminho. Os baús quetinham estado serenamente em cantos estavam deitados em ângulosgrotescos, suas tampas abertas, seus conteúdos espalhados no chão.Uma janela estava estilhaçada. Todas as posses de Stefan, todas as coisasque ele tinha mantido tão cuidadosamente e que parecia valorizar,estavam espalhadas como lixo.Terror varreu Elena. A fúria, a violência nessa cena de devastação estavadolorosamente clara, e elas quase a fizerem se sentir vertiginosa. Alguémque tinha um histórico de violência, Tyler tinha dito.Eu não ligo, ela pensou, raiva emergindo para empurrar o medo. Eu nãoligo para nada, Stefan, eu ainda quero vê-lo. Mas onde você está?O alçapão no teto estava aberto, e um ar frio estava soprando. Ah, pensouElena, e ela sentiu um calafrio repentino de medo. Aquele telhado era tãoalto...Ela nunca tinha subido a escada de mão perto da sacada antes, e sua saialonga deixava isso difícil. Ela emergiu do alçapão lentamente, ajoelhando-se no telhado e depois levantando-se. Ela viu uma imagem negra no canto,e ela moveu-se em direção à ela rapidamente."Stefan, eu tive que vir–" ela começou, e parou abruptamente, porque umrelampejo de luz iluminou o céu enquanto a imagem no canto virava-se. Eentão foi como se cada mau presságio e medo e pesadelo que ela já teveestivesse se tornando realidade de uma só vez. Não adiantava gritar; nadaadiantava.Ah, Deus... não. Sua mente se recusava a achar sentido no que seus olhosestavam vendo. Não. Não. Ela não olharia para isso, ela não acreditarianisso...Mas ela não podia evitar ver isso. Mesmo se ela pudesse ter fechado seusolhos, cada detalhe da cena estava entalhado em sua memória. Como se orelampejo de luz tivesse cauterizado isso em seu cérebro para sempre.Stefan. Stefan, tão polido e elegante em suas roupas comuns, em suajaqueta de couro preta com o colarinho virado para cima. Stefan, com seucabelo escuro como uma das agitadas nuvens de trovão atrás dele. Stefanfora pego no relampejo de luz, parcialmente virado na direção dela, seucorpo torcido em um agachamento bestial, com uma confusão de fúriaanimal em seu rosto.E sangue. Aquela boca arrogante, sensível e sensual estava manchada desangue. Mostrava um vermelho medonho contra a palidez de sua pele,contra a brancura aguda de seus dentes. Em suas mãos estava o corpofrouxo de um pombo em luto, tão branco quanto aqueles dentes, as asasestendidas. Outro estava deitado no chão aos seus pés, como um lençoamarrotado e descartado."Ah, Deus, não," Elena sussurrou. Ela continuou sussurrando, afastando-se, pouco ciente de que estava fazendo ambos. Sua mente simplesmentenão podia lidar com esse horror; seus pensamentos estavam correndoselvagemente em pânico, como um rato tentando escapar de uma gaiola.Ela não acreditaria nisso, ela não acreditaria. Seu corpo estava cheio deuma tensão insuportável, seu coração estava explodindo, sua cabeçavacilando."Ah, Deus, não–""Elena!" Mais terrível do que qualquer outra coisa era isso, ver Stefanolhando para ela de fora daquele rosto animal, ver o rosnado setransformando em um olhar de choque e desespero. "Elena, por favor. Porfavor, não...""Ah, Deus, não!" Os gritos estavam tentando cortar seu caminho para forada garganta dela. Ela foi mais para trás, tropeçando, a medida que eledava um passo na direção dela. "Não!""Elena, por favor – tenha cuidado–" Aquele coisa horrível, a coisa com orosto de Stefan, estava indo atrás dela, os olhos verdes queimando. Ela searremessou para trás a medida que ele dava outro passo, sua mãoesticada. Aquela mão longa e de dedos magros que tinha acariciado seucabelo tão gentilmente–"Não me toque!" ela gritou. E então ela gritou mesmo, quando seumovimento a deixou de novo contra a grade de ferro da sacada. Foi umferro que estivera lá porque quase um século e meio, e em alguns lugaresestava quase enferrujado por completo. O pânico de Elena pesou demaiscontra ele, e ela sentiu-o ceder. Ela ouviu o som rasgante de metal forçadodemais e de madeira unindo com seu próprio berro. E então não havianada atrás dela, nada para se agarrar, e ela estava caindo.Nesse instante, ela viu as nuves roxas efervecentes, o volume escuro dacasa ao seu lado. Parecera que ela tivera tempo o bastante para vê-losclaramente, e para sentir uma infinidade de terror enquanto gritava e caia,e caia.Mas o impacto terrível e estilhaçador nunca chegou. De repente haviabraços ao seu redor, apoiando-a no vazio. Houve uma pancada abafada eos braços se apertaram, peso contra ela, absorvendo a queda.Então tudo ficou quieto.Ela se segurou imóvel dentro do círculo daqueles braços, tentando ajustarseu senso de direção. Tentando acreditar em mais outra coisainacreditável. Ela tinha caído de um telhado de três andares, e aindaassim estava viva. Ela estava de pé no jardim atrás da pensão, no silêncioprofundo entre explosões de trovões, com folhas caídas no chão onde seucorpo quebrado deveria estar.Lentamente, ela olhou para cima para o rosto daquele que a segurava.Stefan.Havia tido muito o que temer, golpes demais essa noite. Ela não podiamais reagir. Ela só podia encará-lo com algum tipo de assombro.Havia tanta tristeza em seus olhos. Aqueles olhos que tinha queimadocomo gelo verde estavam agora escuros e vazios, sem esperança. Aquelemesmo olhar que ela tinha visto naquela primeira noite no quarto dele, sóque agora estava pior. Pois agora havia autodepreciação misturada comarrependimento, e condenação amarga. Ela não conseguia suportar isso."Stefan," ela sussurrou, sentindo aquela tristeza entrar em sua própriaalma. Ela ainda conseguia ver a matiz de vermelho em seus lábios, masagora isso acordava uma sensação de pena junto com o horror instintivo.Estar tão sozinho, tão alienado e tão sozinho..."Ah, Stefan," ela sussurrou.Não houve resposta naqueles olhos vazios e perdidos. "Venha," ele dissesilenciosamente, e a guiou de volta em direção à casa.Stefan sentiu uma onda de vergonha enquanto eles alcançavam o terceiroandar e a destruição que estava seu quarto. Que Elena, de todas aspessoas, visse isso era insuportável. Mas então, talvez também fosseapropriado que ela visse o que ele realmente era, o que ele podia fazer.Ela se moveu lenta e perplexadamente para a cama e se sentou. Então elaolhou para ele, seus olhos obscuros encontrando os dele. "Conte-me," foitudo que ela disse.Ele riu brevemente, sem humor, e viu ela se contrair. Isso o faz se odiarainda mais. "O que precisa saber?" ele disse. Ele colocou um pé na tampade um baú revirado e a encarou quase desafiantemente, indicando oquarto com um gesto. "Quem fez isso? Eu fiz.""Você é forte," ela disse, seus olhos no baú capotado. Seu olhar selevantou, como se ela estivesse lembrando do que acontecera no telhado."E ativo.""Mais forte do que um humano," ele disse, com uma ênfase deliberada naúltima palavra. Por que ela não se encolhia de medo dele agora, por queela não olhava para ele com o ódio que ele tinha visto antes? Ele não seimportava mais com o que ela pensava. "Meus reflexos são mais rápidos, eeu sou mais elástico. Eu tenho que ser. "Eu sou um caçador," ele disserudemente.Algo no olhar dela o fez se lembrar de como ela o tinha interrompido. Elelimpou sua boca com as costas da mão, então foi rapidamente pegar umcopo d'água que estava intocado na cômoda.Ele podia sentir os olhos dela nele enquanto ele bebia e limpava sua bocanovamente. Ah, ele ainda ligava para o que ela pensava, está certo."Você pode comer e beber... outras coisas," ela disse."Eu não preciso," ele disse silenciosamente, sentindo-se cansado edominado. "Eu não preciso de mais nada." Ele de repente movimentou-serapidamente ao redor e sentiu intensidade passional crescer nelenovamente. "Você disse que eu sou ativo – mas isso é justamente o que eunão sou. Você já ouviu falar na expressão 'vivos e mortos, *' Elena? Ativoquer dizer vivo; quer dizer aqueles que tem vida. Eu sou a outra metade."* essa é uma passagem da Bíblia; Pedro, capítulo 4, versículo 5: "os quaishão de prestar contas àquele que é competente para julgar vivos e mortos;"Ele pôde ver que ela estava tremendo. Mas sua voz estava calma, e seusolhos nunca deixaram os dele. "Conte-me," ela disse novamente. "Stefan,eu tenho direito de saber isso."Ele reconheceu aquelas palavas. E elas eram tão verdadeiras quanto daprimeira vez que ela as dissera. "Sim, supunho que você tenha," ele disse,e sua voz estava cansada e dura. Ela encarou a janela quebrada poralguns batimentos e então olhou de volta para ela e falou categoricamente."Eu nasci no final do século quinze. Você acredita nisso?"Ela olhou para os objetos que ele havia espalhado da escrivaninha com umarrastão furioso de seu braço. Os floretes, a taça de ágata, sua adaga."Sim," ela disse suavemente. "Sim, eu acredito nisso.""E você quer saber mais? Como eu me tornei o que eu sou?" Quando elaconcordou, ele se virou para a janela novamente. Como ele podia contar àela? Ele, que tinha evitado peguntas por tanto tempo, que tinha se tornadoum expert em se esconder e enganar.Havia só uma maneira, e essa era dizer a verdade absoluta, nãoescondendo nada. Entregar tudo à ela, o que ele nunca tinha oferecido ànenhuma outra alma.E ele queria fazer isso. Mesmo ele sabendo que isso a faria se afastar deleno final, ele precisava mostrar à Elena o que ele era.E então, encarando a escuridão do lado de fora da janela, onde relampejosde fulgor azul ocasionalmente iluminavam o céu, ele começou.Ele falava imparcialmente, sem emoção, cuidadosamente escolhendo suaspalavras. Ele contou à ela sobre seu pai, aquele homem sólido daRenascença, e de seu mundo em Florença e de suas propriedades. Elecontou à ela sobre seus estudos e suas ambições. De seu irmão, que eratão diferente dele, e da sensação doentia entre eles."Eu não me lembro de quando Damon começou a me odiar," ele disse. "Foisempre desse jeito, desde que eu consigo me lembrar. Talvez porque minhamãe nunca se recuperou realmente do meu nascimento. Ela morreualguns anos depois. Damon a amava muito, e eu sempre tive a sensaçãoque ele me culpava." Ele parou e engoliu em seco. "E depois, mais tarde,teve essa garota.""Aquela com que eu pareço?" Elena disse suavemente. Ele concordou."Aquela," ela disse, mais hesitante, "que te deu o anel?"Ele olhou para baixo para o anel prateado em seu dedo, então encontrouos olhos dela. Então, lentamente, ele tirou o anel que usava na correntedebaixo de sua camisa e olhou para ele."Sim. Esse era o anel dela," ele disse; "Sem tal talismã, morremos na luzsolar como se fosse fogo.""Então ela era... como você?""Ela me transformou no que sou." Com hesitação, ele contou à ela sobreKatherine. Sobre a beleza e a doçura de Katherine, e sobre seu amor porela. E sobre o amor de Damon por ela."Ela era gentil demais, cheia de afeição demais," ele disse por fim,dolorosamente. "Ela dava isso à todos, incluindo meu irmão. Masfinalmente, nós dissemos à ela que ela tinha que escolher entre nós. Eentão... ela veio até mim."A memória daquela noite, daquele doce e terrível noite veioarrebatadoramente. Ela tinha ido à ele. E ela ficara tão feliz, tão cheio deadmiração e alegria. Ele tentou contar à Elena sobre isso, achar aspalavras. A noite toda ele esteve tão feliz, e mesmo na manhã seguinte,quando ele acordou e ela se fora, ele estava na mais embriagadafelicidade...Isso quase poderia ter sido um sonho, mas os dois pequenos machucadosem seu pescoço eram reais. Ele ficou surpreso ao descobrir que eles nãodoíam e que já pareciam estar parcialmente curados. Eles estavamescondidos pela gola alta de sua camisa.O sangue dela queimava em suas veias agora, ele pensou, e as meraspalavras fizeram seu coração acelerar. Ela tinha dado sua força à ele; elatinha escolhido-o.Ele até mesmo sorriu para Damon quando eles se encontraram no localdesignado naquela noite. Damon esteve ausente de casa o dia todo, masele apareceu no jardim meticulosamente cuidado precisamente à tempo, eficou reclinado contra uma árvore, ajustando seu punho. Katherine estavaatrasada."Talvez ela esteja cansada," Stefan sugeriu, observando o céu cor-de-melãodissipar-se em um profundo azul meia-noite.Ele tentou manter a presunção tímida longe de sua voz. "Talvez ela precisede mais descanso que o normal."Damon olhou para ele severamente, seus olhos escuros abrindo caminhopela comoção de cabelo escuro. "Talvez," ele disse com uma notacrescente, como se fosse dizer algo mais.Mas então eles escutaram um passo leve na estrada, e Katherine apareceuentre o murro de cerca-viva. Ela estava usando seu vestido branco, e elaestava tão linda como um anjo.Ela sorriu para ambos. Stefan retornou o sorriso educadamente, falandosobre o segredo deles apenas com seus olhos. Então ele esperou."Vocês me pediram para fazer minha escolha," ela disse, olhandoprimeiramente para ele e então para seu irmão. "E agora vocês vieram nahora que eu determinei, e eu lhes direi o que eu escolhi."Ela ergueu sua mãozinha, aquela com o anel, e Stefan olhou para a pedra,percebendo que era do mesmo profundo azul que o céu noturno. Era comose Katherine carregasse um pedaço da noite com ela, sempre."Ambos viram esse anel," ela disse silenciosamente. "E vocês sabem quesem ele eu morreria. Não é fácil fazer tal talismã, mas felizmente minhaama Gudren é esperta. E há muitos homens que trabalham com prata emFlorença."Stefan estava escutando sem compreender, mas quando ela se virou paraele ele sorriu novamente, encorajantemente."E então," ela disse, olhando em seus olhos. "Eu tenho um presente paravocê." Ela tomou sua mãe e pressionou algo contra ela. Quando ele olhouele viu que era um anel no mesmo estilo que o dela, mas maior e maispesado, e forjado em prata invés de ouro."Você ainda não precisa dele para encarar o Sol," ela disse suavemente,sorrindo. "Mas logo você precisará."Orgulho e êxtase o fizeram se silenciar. Ele alcançou sua mão para beijá-la, querendo pegá-la em seus braços lá mesmo, mesmo na frente deDamon. Mas Katherine estava se afastando."E para você," ela disse, e Stefan pensou que suas orelhas deviam estarenganando-o, porque certamente a ternura e o afeto na voz de Katherinenão poderia ser para seu irmão, "para você, também. Você precisará dissomuito em breve também."Os olhos de Stefan deviam ser traidores, também. Eles estavam mostrandoà ele o que era impossível, o que não poderia ser. Na mão de DamonKatherine estava colocando um anel exatamente como o seu próprio.O silêncio que se seguiu foi absoluto, como o silêncio depois do fim domundo."Katherine–" Stefan mal podia dizer as palavras. "Como você pode dar issoà ele? Depois do que nós compartilhamos–""O que vocês compartilharam?" A voz de Damon era como o estalo de umchicote, e ele se virou para Stefan nervosamente. "Na noite passada elaveio à mim. A escolha já foi feita." E Damon abaixou seu colarinho altopara mostrar dois pequeninos machucados em sua garganta. Stefanencarou-os, lutando contra o enjôo lúcido. Eles eram idênticos ao seuspróprios machucados.Ele balançou sua cabeça em completa perplexidade. "Mas, Katherine... nãofoi um sonho. Você veio à mim...""Eu fui à ambos." A voz de Katherine estava tranqüila, até mesmocontente, e seus olhos estavam serenes. Eala sorriu para Damon e entãopara Stefan, um após o outro. "Isso me enfraqueceu, mas eu estou feliz porter feito isso. Não percebe?"ela continuou enquanto eles encaravam-na, estupefatos demais para falar."Essa é a minha escolha! Eu amo ambos, e eu não irei desistir de nenhumde vocês. Agora nós três ficaremos juntos, e seremos felizes.""Felizes–" Stefan engasgou."Sim, felizes! Nós três seremos companheiros, companheiros alegres, parasempre." Sua voz elevou-se com júbilo, e a luz de uma criança radiantebrilhou em seus olhos. "Nós ficaremos juntos sempre, nunca nos sentindodoentes, nunca envelhecendo, até o fim dos tempos! Essa é a minhaescolha.""Felizes... com ele?" A voz de Damon estava tremendo com fúria, e Stefanviu que seu irmão normalmente controlado estava branco com raiva. "Comesse garoto ficando entre nós, esse tagarela, balbuciando paragões devirtude? Eu mal posso aguentar a visão dele agora. Eu peço a Deus quenunca mais o veja novamente, nunca mais ouça sua voz!""E eu peço o mesmo de você, irmão," resmungou Stefan, seu coraçãorasgando em seu peito. Isso era culpa do Damon; Damon tinhaenvenenado a mente de Katherine para que ela não mais soubesse o queestava fazendo. "E eu estou com vontade de me certificar disso," eleacrescentou selvagemente.Damon não entendeu mal seu propósito. "Então pegue sua espada, sepuder encontrá-la," ele sibilou de volta, seus olhos negros com ameaça."Damon, Stefan, por favor! Por favor, não!" Katherine gritou, colocando-seentre eles, pegando o braço de Stefan. Ela olhou de um para outro, seusolhos azuis arregalados com choque e brilhantes com lágrimas nãoderramadas."Pensem no que estão dizendo. Vocês são irmãos.""Isso não é culpa minha," Damon rangeu, transformando as palavras emuma maldição."Mas vocês não podem fazer as pazes? Por mim, Damon... Stefan? Porfavor."Parte de Stefan queria derreter ao olhar desesperado de Katherine, às suaslágrimas. Mas orgulho ferido e ciúme eram fortes demais, e ele sabia queseu rosto estava tão duro, tão inflexível, quanto o de Damon."Não," ele disse. "Nós não podemos. Deve ser um ou outro, Katherine. Eununca dividirei você com ele."A mão de Katherine afastou-se de seu braço, e as lágrimas caíram de seusolhos, gotas grandes que salpicaram o vestido branco. Ela recuperou suarespiração com um violento soluço. Então, ainda chorando, ela levantousuas saias e correu."E então Damon pegou o anel que ela havia dado à ele e o colocou," Stefandisse, sua voz rouca com uso e emoção. "E ele disse à mim, 'eu ainda aterei, irmão.' E então ele se afastou." Ele se virou, piscando como se tivesseentrado em uma luz brilhante na escuridão, e olhou para Elena.Ela estava sentada bem quieta na cama, observando ele com aqueles olhosque eram tão parecidos com os de Katherine.Especialmente agora, quando estavam cheios de aflição e temor. MasElena não correu. Ela falou com ele."E... o que aconteceu depois?"As mãos de Stefan se fecharam violentamente, reflexivamente, e ele seafastou da janela. Não aquela lembrança.Ele próprio não podia aguentar aquela lembrança, muito menos tentarfalar sobre ela. Como ele podia fazer isso? Como ele podia levar Elenanaquela escuridão e mostrar à ela as coisas terríveis espreitando lá?"Não," ele disse. "Eu não posso. Eu não posso.""Você tem que me contar," ela disse suavemente. "Stefan, é o final dahistória, não é? É isso que está atrás de todas as suas paredes, é isso quevocê tem medo de me deixar ver. Mas você deve me deixar ver. Ah, Stefan,você não pode parar agora."Ele podia sentir o horror se aproximando dele, o buraco escancarado queele tinha visto tão claramente, sentido tão claramente naquele dia há tantotempo. O dia quando tudo tinha acabado – quando tudo tinha começado.Ele sentiu suas mãos serem pegas, e quando ele olhou viu os dedos deElena fechados nela, dando-lhe calor, dando-lhe força. Os olhos delaestavam nos dele. "Conte-me.""Você quer saber o que aconteceu a seguir, o que aconteceu comKatherine?" ele sussurrou. Ela concordou, seus olhos quase cegos masainda fixos. "Eu te contarei, então. Ela morreu no dia seguinte. Meu irmãoDamon e eu, nós a matamos."

O Despertar (tvd)-1Onde histórias criam vida. Descubra agora