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Alyssa Lee

Fico encarando o teto enquanto penso no que fazer. Estou entediada e com muita preguiça. Só consigo escutar os ajudantes contratados pelo meu pai andando de um lado para o outro no andar de baixo, preparando tudo para mais um jantar de negócios. Odeio essas coisas, e toda vez o meu pai me obriga a participar disso, mesmo que em alguns jantares passados, eu tenha aprontado algumas coisas para fugir, mas ele continua batendo na mesma tecla, o que me deixa ainda mais irritada. Tenho dezenove anos, sei muito bem me virar sozinha, e não quero seguir seus passos na empresa na qual é o CEO. Para ser sincera, quero dar o fora dos Estados Unidos o quanto antes.

Os perfumes franceses caros, e muitas vezes de edições limitadas, e as roupas de grife no meu closet já não me fazem tão feliz quanto antes. Bom, dirigir uma das Lamborghini Gallardo pelas ruas da Califórnia, me anima bastante, ainda mais quando passo por lugares sem radar algum e posso acelerar o máximo que consigo. Ainda assim, nada disso me agrada mais. Ter as coisas com um simples estalar de dedos não é algo que me deixa feliz. Eu queria ter algo com o meu próprio esforço, e não com um "pai, preciso de mais uma camiseta da Gucci, aquela que me trouxe da Bélgica outra vez", e simplesmente ele me passar o cartão de crédito. Sei que soa pretensioso demais, mas é o que acontece. E sei muito bem que muitas pessoas queriam levar a vida que eu levo, mas me sinto solitária demais.

Ser filha única não é nada legal. Não tenho ninguém com quem conversar, já terminei meu ensino médio há um tempo e todos naquele colégio pareciam me odiar por ter tudo o que a grande maioria não tem. E no fundo eu entendia cada um deles, eu também me sentiria assim, mas tudo o que eu queria nos meus últimos anos de colégio, era uma boa amiga. Alguém com quem eu pudesse dividir as minhas frustrações e passar a noite jogando conversa fora no telefone. Mas tudo o que eu tive foram bilhetes com palavras agressivas. E tudo aquilo era uma grande ironia, levando em conta que estudei na melhor escola da Califórnia, onde todos lá dentro tem a condição financeira estupidamente boa, mas acho que eu acabei superando tudo ali, e decidiam descontar suas frustrações em mim. Eu claramente não ligava para absolutamente nada, na verdade, eu até entrei em algumas confusões com uns garotos certa vez. Digamos que o meu temperamento não é dos melhores, e naquele dia decidi colocar em prática todas as minhas aulas de boxe em prática. E foi nesse dia em que quase fui expulsa do colégio por quase ter quebrado o braço de um dos garotos, mas com muita conversa, meu pai conseguiu fazer com que a coordenadora me deixasse ficar. Foi um dia interessante.

Resolvo sair do meu quarto para tentar distrair a minha cabeça por alguns minutos. Desço as escadas e vejo todos muito ocupados em preparar o jantar do meu pai. Ao que me parece, esse cara vai vir aqui com a família dele para comemorar o acordo que fez com o meu pai. De todos que já vieram aqui, esse cara em si eu nunca o vi. Não é como se fosse da minha conta, de qualquer forma.

— O que está fazendo aqui embaixo, senhorita? Não deveria estar se aprontando para o jantar do Sr. Lee? — Olivia, uma das mais antigas aqui em casa, pergunta quando entro na cozinha. Ela meio que foi uma mãe para mim, já que o meu pai está o tempo todo no trabalho. E também me tirou de algumas encrencas em que me meti no passado, mas nunca contou ao meu pai, por mais que seja ele quem a paga. Ela é sueca e eu adoro o seu sotaque.

— Já disse para parar de me chamar de senhorita. Já nos conhecemos por tempo o suficiente para não me chamar assim. — Ela balança a cabeça e segue até a cozinha com algumas panelas vazias nas mãos. — E eu detesto esses jantares, sabe disso. Não sei porque ele ainda insiste em me querer por perto. — Abro a geladeira enquanto vasculho o interior da geladeira. Mesmo tão cheia parece tão vazia.

— Você realmente não tem mais jeito. Essa sua língua afiada ainda vai te meter em muita encrenca. — Ela alerta quando puxo um cacho de uva da geladeira.

If You Do »» JB visionOnde histórias criam vida. Descubra agora