A nova vizinha

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Los Angeles, Estados Unidos, 2019.

"Mas que barulheira é esta, porra? Eu quero dormir!" Falei sozinho e em voz alta. Porém, por mais que eu tentasse, não conseguia mais dormir.

Peguei o meu celular que estava ao lado do meu criado mudo e vi que eram 10 horas. Não acredito que dormi apenas por quatro horas!

Fui para o banheiro para fazer a minha higiene matinal e depois segui para a sala. "Já acordou, meu filho? Vou colocar o café da manhã na mesa." A Mariah, minha empregada, se surpreendeu ao me ver já de pé.

"E tem como dormir? Parece que estão construindo uma casa nova!" Disse irritado.

"É a sua nova vizinha. Ela está se mudando hoje e tem alguns homens montando uns móveis para ela."

"A casa é mobiliada, então para que porra ela quer colocar mais móveis?" Perguntei mais para mim do que para a Mariah mesmo.

"Isso eu já não sei, senhor. Dá licença que eu vou arrumar o seu café da manhã."

"Pode ir, Mariah." Disse e ela assentiu com a cabeça.

Fui até a janela da sala para olhar para a casa da minha nova vizinha e a vi do lado de fora da casa dando orientações para um dos homens que ela pagou para ajudá-la na mudança. "Agora eu entendi porque o senhor não me ouviu. Menina bonita, não é?"

"É linda!" Respondi sem tirar os olhos da minha vizinha. Mariah realmente havia dito algo?

"Se eu tivesse dinheiro, jamais compraria esta casa! Será que ela não sabe que o senhor Paul morreu lá dentro?" Mariah fez o sinal da cruz.

"Acha mesmo que algum corretor iria falar do homem do carro preto que passou de madrugada para matar o antigo proprietário que não havia pagado uma divida de jogo?"

"É, você está certo." Mariah suspirou.

"O que você havia dito que eu não ouvi?" Perguntei.

"O seu café da manhã já está na mesa." Ela respondeu.

"Obrigado." Disse e ela sorriu.

Saí da janela, sentei para tomar o café da manhã, tomei banho e me arrumei. "Mariah, eu estou saindo. Se precisar, me liga."

"Tudo bem." Mariah disse. A dei um beijo no rosto e saí.

Eu sempre corro após tomar o café da manhã e isso é mais do que para manter o meu corpo em forma, é para sentir uma pequena amostra de adrenalina correndo pelas minhas veias, pois o meu corpo sente falta disso, já que eu me aposentei há dois anos.

Três anos depois que o meu irmão faleceu, eu já havia cumprido a minha promessa de me tornar o bandido mais rico e mais temido pelos policiais de todo mundo e o que começou como necessidade, pois precisávamos roubar para nos alimentarmos, virou diversão, porém depois da morte do Ryan, eu comecei a roubar para cumprir a minha promessa e depois de já tê-la cumprido continuei roubando porque gostei da sensação de poder que o dinheiro e a impunidade me causavam, mas depois de alguns anos eu senti a necessidade de deixar de roubar e começar uma nova vida.

O meu último roubo foi justamente no local onde o meu irmão sempre almejou, no entanto, sempre temeu roubar: a banca d'Italia, pois quis homenagear o meu irmão.

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