No caixão

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"O que aconteceu com a minha mulher, Carl?" Segurei forte a camisa dele com as duas mãos e o balancei.

Sabia que ele não saberia a resposta, mas eu queria que ele me respondesse que nada havia ocorrido e que ela está bem, mesmo sabendo que seria mentira porque eu queria fingir para mim mesmo que estava tendo apenas um pesadelo.

"Acho melhor você vir comigo." Carl disse com um tom de voz sério  enquanto colocava a mão em cima da minha para que eu o soltasse e assim o fiz.

"Eu saí com a Sarah e quando voltamos a porta da casa dela estava aberta, mas eu preferi fechar para que ninguém perceba o que ocorreu." Carl disse.

Meu coração estava apertado e tudo que eu queria naquele momento era abraçá-la e matar quem a fez mal.

"Já contou que a mulher dele morreu, amor?" Sarah perguntou.

"A minha mulher o que? Mataram ela, Carl?" Perguntei com lágrimas no rosto.

Meu mundo, minha felicidade e a minha vida havia chegado ao fim e tudo o que eu quero é me vingar de quem apertou o gatilho.

Carl respirou fundo e respondeu: "Não sabemos porque a Sharon não está aqui. Eu queria ter te ligado assim que encontrei a casa dela neste  estado, porém você nunca me deu o seu número, então tudo que pude fazer era te esperar."

"Eu vou te passar o meu número depois, Carl. Eu vou entrar na casa dela agora." Carl assentiu com a cabeça.

Respirei fundo e abri a porta. Nos segundos em que estava com a mão na maçaneta, tentei imaginar que a veria, mas quando abri a porta eu vi a realidade que tanto eu gostaria de negar: a casa toda bagunçada, cacos de vidro no chão e sangue.

Sem me dar conta, ajoelhei no chão e comecei a chorar. "Eu acho que entraram para roubar a casa dela, a mataram e jogaram o corpo dela em algum lugar. Tem sangue no chão, Richard." Sarah disse, porém preferi ignorar.

"Sarah!" Carl disse para a mulher em tom de repreensão.

"O que foi? Só disse o que penso!" Sarah deu de ombros.

Coloquei a mão no sangue e olhei para os meus próprios dedos. "Richard, eu acho que você não poderia fazer isso porque está interferindo na cena do crime." Carl disse.

"Você ligou para a policia?" Perguntei.

"Não. Eu estava te esperando." Ele respondeu.

"Vou ligar para o Mattew Grimms. Ele é delegado de polícia e meu amigo." Forcei um sorriso.

Eu vou matar o Mattew porque não consigo pensar em outra pessoa que faria algo desse modo. Na verdade, pensando bem, se o Mark morreu, o Mike pode ter pensando que fui eu e resolveu se vingar. Preciso saber se o Mark está vivo, caso ele esteja, eu mato o Mattew.

"Nós vamos te deixar sozinho. Se precisar, nós dois estamos aqui." Carl disse.

Fiz um esforço enorme, levantei , o abracei e disse: "Obrigado, Carl!" Carl sorriu como resposta.

"Nós estamos indo mesmo?" Sarah perguntou e foi puxada pelo braço pelo Carl.

"Seu bruto!" Sarah reclamou e eu riria se não estivesse tão triste.

Andei pela casa, olhando para o chão para tentar adivinhar o que ocorreu com a minha mulher. Vi que havia sangue na parte de baixo de uma obra de arte que possui um formato de uma bailarina e presumo que o filho da puta a acertou com este objeto e, assim que ela desmaiou, a tirou de casa.

Vi que a porta estava sendo aberta e coloquei, instintivamente, a mão na minha arma. "Meu filho!" Mariah disse com lágrimas nos olhos e eu a abracei forte.

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