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–Ele é da minha turma e vem fazer um trabalho comigo.– digo para tranquilizar a minha avó.
Ela volta a olhar para ele com má cara e sai em direção à cozinha.
–Entra.– digo para ele.
Nem me agradece nem nada, simplesmente entra.
–Onde queres fazer o trabalho?–pergunto-lhe.
Recebo como resposta um encolhimento de ombros.
–Podemos fazê-lo aqui na sala?
Dirige-se ao sofá para me fazer entender que não se importava de trabalhar ali e pega no telemóvel. Ele consegue viver sem ter as mãos pegadas àquela coisa?
–Queres comer alguma coisa? Talvez seja melhor começar já e depois fazemos um pequeno intervalo para o lanche. Concordas?
E volta a encolher-se de ombros. Começo a irritar-me um pouco.
–Para que isto funcione e o trabalho fique bem feito temos de melhorar a nossa comunicação.
Parece que nem me ouve...
–Eu oiço-te.– abre a boca pela primeira vez depois de entrar em minha casa.
Espera aí! Eu não disse aquilo, eu só pensei...
–Consegui perceber que estavas frustrada só olhando para a tua cara.
–Ao menos já falas.– digo com um sorriso de entusiasmo.
–Não gosto de falar muito.
–Mas porquê?
Outro encolhimento de ombros...
–É uma pena... eu até gosto da tua voz.
Pareceu-me ver uma fração de sorriso nele, mas não tive tempo de confirmar, pois logo depois voltou aquela cara séria.
–Por onde começamos?– pergunto pronta para trabalhar.
–Pelo início?
–Ahah, que piadinha...
Começamos pelo início, tal e como sugeriu o Christopher. Horas depois acabamos o trabalho.
–Finalmente.– digo da forma mais dramática que consigo.
–Já terminei por aqui.– diz ele enquanto se levanta.
–Fica mais um pouco. Ainda falta o tal lanchinho.– digo enquanto faço um pouco de beicinho.
Ele pareceu um pouco pensativo, parecia que tinha ficado paralisado, como se tivesse a debater consigo mesmo qual a melhor opção. Um minuto depois, quando já estava a ficar preocupada, ele acorda do seu tranze e acena afirmativamente.
–Queres ajuda?– pergunta-me ele.
–Não, podes sentar-te, mas obrigada na mesma.
Um quarto de hora depois já estavamos a comer a primeira coisa que me ocorreu preparar. Comiamos num silencio um pouco incomodo, mas eu não me importo. Assim tenho a oportunidade de olhar melhor para ele. Detesto admitir, mas ele é de longe um dos rapazes mais lindos que vi na vida.
–Eu sei que sou lindo.– diz ele interrompendo os meus pensamentos.
–O quê?– consigo dizer enquanto sinto as minhas bochechas arder.– Quem te disse que te achava lindo?
–Tu mesma.– sinto como se arrepende de ter dito isso.– Estavas a olhar muito fixamente para mim.
–Como sabes disso? Estavas a olhar para outro lado.– digo com um pouco de dúvida.
–Tenho visão perisférica.
Fico calada perante a sua resposta. Não preciso de um espelho para saber o quão vermelha está a minha cara.
–Tenho de ir embora.– diz enquanto se levanta.
Nem me dá tempo de me despedir. Quando dou por mim, ele já saiu.
–Não confies nesse rapaz.
–Ah! Assustaste-me avó.– digo enquanto coloco uma mão no peito e tento acalmar a respiração.
–Desculpa querida.
–Porque dizes que não confie nele? Conhece-lo de algum lado?
–Simplesmente faz o que te digo.– consigo notar o desespero na cara dela e o nervosismo na voz.
–Sem uma justificacão decente não me afasto dele. É das poucas pessoas que conheço aqui.
–Podes obdecer-me, por favor.
–Então diz-me o porquê.
–Não insistas... por favor.
Nem fico para discutir, simplesmente saio dali feita uma fera com direção ao meu quarto.
Vou tomar um bom banho para relaxar. É a melhor maneira de me acalmar.
Quando saio olho para o espelho e vejo algo escrito sobre o vapor.
"CONFIA NOS TEUS". Como é que alguém entrou sem que eu reparasse? Primeiro aquelas sombras, e agora isto?
E a pergunta mais importante: O que é que querem dizer com isso? Os "meus" são a minha familia, certo? E se é para confiar neles... a minha avó! Não, não pode ser! Ninguém ouviu a nossa conversa! Agora que penso... será que toda a gente tirou o dia para falar mal do Christopher?
Sou interrompida no meu diálogo interno quando oiço uma voz masculina, o meu avô.
–Vem jantar, querida.– diz ele do outro lado da porta.
–Não tenho fome.– minto.
–Por favor. A tua avó não queria...
–Porque é que ela não confia em mim?
–Ela confia.
–Mentira! Se ela confiasse em mim, tinha-me contado porque é que não posso confiar no Christopher.
–Se ela não te conta é porque acha que é melhor não saberes, não concordas?
–Talvez...
–Então... vens jantar?
–Só porque tenho fome... mas ainda tenho de me vestir.
–Esperamos por ti na sala de jantar.
Depois de vestir o meu confortavel pijama com o desenho de um panda, desci diretamente para a sala de jantar.
–Querida...– começa a minha avó.
–Por favor, podemos deixar esse assunto para depois? Tudo o que quero agora é um jantar tranquilo e uma noite bem dormida.– interrompo-a.
Começamos a jantar num silencio que nos perminte, a cada um, ter uma discussão interna sobre os assuntos que nos preocupam.
De vez em quando, o meu avô tenta arranjar um tema de conversa, mas sem muito sucesso, eu sei que ele tinha uma boa intensão, mas nem eu, nem a minha avó estamos com vontade de conversar.
Depois de jantar vou logo para a cama.
–Confia nos teus...– diz uma voz distorcida e grave.
–Quem és tu?!– digo assustada.
Não recebo resposta e fico aterrorizada. Oficialmente ando a ser vigiada. Mas por quem?
De tanto pensar acabo por adormecer.
VOLTEI!!!! GOSTAM DA MONTAGEM QUE FIZ?? DESCULPEM ANDAR INATIVA, MAS AS MINHAS FÉRIAS NÃO ESTÃO A COMEÇAR BEM E NÃO TENHO TIDO CABEÇA PARA ESCREVER... SÓ VIM PUBLICAR ESTE PORQUE ME PEDIRAM COM MUITO CARINHO... MAS PROMETO QUE TENTAREI FOCAR-ME MAIS NA ESCRITA... ATÉ BREVE (ESPERO)
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Sente-me (Christopher Vélez e tu)
LobisomemNunca estou sozinha... sempre que fecho os olhos ele está lá... não o vejo, mas sei que me está a observar... consigo senti-lo.