CAPÍTULO 2

9 5 0
                                    

Desci do ônibus e vou direto na floricultura que era em frente ao cemitério. Dessa vez pego três girassóis pago e vou para o cemitério. Chego no túmulo de meu pai e falo.

- Oi papai, estou de volta. - Sorrio fracamente.

As flores agora estavam ressecadas e em um tom amarronzado, suas pétalas já estavam caídas e bastante murchas. Peguei pelos talos e olhei para o túmulo do lado pegando a flor solitária e levei até uma lixeira que estava perto. Voltei para o túmulo de meu pai e depositei delicadamente os girassóis.

Então comecei a escutar barulhos de passos se aproximando, que junto a minha grande curiosidade me fez olhar para trás e em minha direção vinha minha mãe e meus avós (pai e mãe de meu pai). Eles sorriram para mim de uma forma carinhosa e em suas mãos carregavam flores, ao chegar depositaram as flores no túmulo de meu pai e o mesmo parecia que ganhou o primeiro lugar em um concurso de floricultura ou o prêmio do jardim mais florido.

#####

Meus avós já tinham ido embora, e meu horário já tinha chegado também. Minha mãe conversava com meu pai, então sai um pouco de perto para dar espaço para ela. Olhei ao redor e me sentei em um banco de pedra esperando-a, pensei em contar como eu me sentia atraída pelo túmulo vizinho, como aquele túmulo me deixava triste e curiosa por nunca ver uma flor ali em cima, mas isso seria loucura, e sinceramente falar isso a minha mãe ia deixar ela louca da vida querendo me levar em um exorcista.
Voltei meu olhar em direção à minha mãe e ela passava a mão na lápide e percebi que já estava se despedindo, me levantei e voltei para perto dela.

- Vamos? - Perguntei.

- Vamos. - Ela falou triste sem me olhar.

- A senhora pode ir andando que já te encontro, só preciso fazer uma oração. - Ela assentiu e caminhou devagar para longe de mim.

Fiz minha oração, agradecendo por tudo que meu pai já tinha feito por mim e logo em seguida rezei o pai nosso.

- Papai, o senhor não vai se importar né? Se eu novamente pegar uma flor sua e dar pro seu vizinho. - Peguei o girassol e olhei pra trás vendo minha mãe perto da porta de acesso e saída do cemitério. - Obrigada pai. - Virei-me e coloquei o girassol no túmulo do Mario.

Segui para a saída do cemitério, minha mãe me esperava e fomos para o ponto de ônibus, esperei ela entrar no ônibus e depois segui andando até a faculdade.

Vizinho de túmulo [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora