Capítulo 83: Bruxo narrando

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Está sendo difícil sem o Coringa aqui, tendo que resolver tudo por aqui, mas ele confiou em mim e não posso decepciona-lo.

O Coringa pra mim é como um ídolo e a Pietra como uma irmã, jamais passaria pela minha cabeça ter algo com a Pietra.

Nos damos super bem isso é fato, mas é só isso ela até diz que eu irrito de tanto que eu falo do Coringa e já chegou até a perguntar se eu sou gay.

Mas nada haver, sou moleque solto, não achei ninguém que tenha me interessado a ponto de me prender.

Termino de resolver as coisas na boca e vou pra casa, no caminho encontro a Fernanda a mina que está indo visitar o chefe na cadeia.

Ela é irmã do Menor, mas não mora aqui, comprou um apartamento no asfalto e mora com a mãe doente lá.

Ela é uma morena linda e sua profissão é visitar traficante, apesar dela ser um mulherão  dividir mulher não é comigo.

Conheço a Fernanda de outros carnavais, chegamos até a namorar, mas quando o menor foi preso e ela pra ajudar o irmão a se manter vivo na cadeia começou a sentar pra traficante, o pior é que ela gostou e ta nessa até hoje ou seja por necessidade,  sei lá e também não me interessa.

Eu era amarradão na dela e sofri muito por causa dessa desgraça, ainda tenho uma queda por ela e acho que  é por isso que não arrumei ninguém até hoje.

Deus criou o coração, o diabo com inveja criou a mulher pra poder fuder com ele.

Na época que o Menor foi preso eu só era um olheiro, não podia fazer nada pra ajudar ela.

- Quero falar com você Bruxo. -diz Fernanda

- Pode mandar a letra que eu to copiando. - digo cruzando os braços

- Não dá pra mim ir visitar teu chefe não. Porque você não falou que se tratava do Coringa? - diz Fernanda

- Vem com essa não Fernanda, caralho, vem embaralhar minha mente não, te paguei adiantado, tu pode dar pra trás não fia. Tá querendo dar pra trás só porque tu tentou ficar com ele e ganhou uns apertão no pescoço? Viu nada ainda, imagine se ele souber que quer dá pra trás ele te mata ou faz seu irmão pagar por isso. -digo

- Deixa o Menor  fora disso. Eu vou. - diz Fernanda

- Ok é só tu fazer o serviço que ele não vai relar o dedo em você não. -digo

- Ok. Vai ficar me tratando assim Bruxo? -diz Fernanda

- Assim como Fernanda? -digo

- Desse jeito, Bruxo como se eu fosse uma estranha, eu sinto sua falta, falta de nós. - diz Fernanda

- Não tem mais nós Fernanda a muito tempo. - digo

- Apesar de tudo eu ainda te amo. - diz Fernanda

- Já disse tudo que tinha pra dizer Fernanda agora eu preciso ir. -digo

- Preciso de você.-  diz Fernanda

- Não sou do tipo que divide mulher Fernanda. -digo

- E eu não quero que me divida com ninguém. Só me dá o tempo de terminar esse serviço pro teu chefe.-  diz Fernanda

-  Preciso ir Fernanda. -digo e saio

Eu sei que a Fernanda fez tudo o que fez por conta do irmão, o próprio diz que sempre vai se culpar da Fernanda ter se sacrificado por ele, que o brilho do olhar dela sumiu desde que terminamos.

Como já disse até gosto, mas sou homem e tenho orgulho por mais que tenha sido por sacrifício, não dá pra simplesmente fingir que não aconteceu, que ela não tenha virado marmita de traficante preso.

Na favela é o que mais tem mina que nem a Fernanda que por algum motivo vira marmita de traficante, tem as que fica por que quer, mas tem as que faz isso por necessidade.

Como diz o ditado a ocasião faz o ladrão e é bem assim.

Chego em casa tomo um banho e fico lá com a mente a mil com tudo que a Fernanda disse.

Não sei porque fui desenterrar ela do meu passado e com isso desenterrar sentimentos que eu nem sabia que existia mais dentro de mim.

DOCE VENENO 🍸3° LIVRO DA TRILOGIA Onde histórias criam vida. Descubra agora