Nobody Like You [Shawn Mendes]

Capítulo 21

I pretend that I'm not ready
Why do we put each other through hell?
Why can't we just get over ourselves?

Música do capítulo : When You're Ready

Shawn.
Ele havia esperado Maria Eduarda pegar no sono para cessar o fingimento de que estava dormindo. Estava com dor de cabeça e sabia que não era por causa do fuso horário. Seu corpo sentia falta do calor dela e por isso não conseguira dormir. Shawn suspirou, sentando na cama e virando o rosto em direção a Maria Eduarda. Ela dormia abraçada a um travesseiro, na mesma posição em que dormia abraçada a ele. E aquilo partiu o coração de Shawn, que só queria puxar a garota para seus braços e aproveitar da paz que sentia quando estava com ela. Mas não o faria, porque estava chateado. Havia sido racional e evitado uma briga entre eles. Caso Shawn não tivesse cortado as desculpas de Maria Eduarda, eles teriam discutido e dito coisas que iriam magoar aos dois. E de forma nenhuma Shawn queria que aquilo acontecesse.

Passou mais alguns instantes observando a garota, suspirando mais uma vez e se levantando da cama. Não conseguiria voltar a dormir de qualquer forma, já que estava cheio de pensamentos na cabeça. Vestiu uma roupa qualquer, saindo do quarto em seguida. Pegou o elevador e desceu até a recepção, sem nenhum rumo certo em mente. Esperava que alguém pudesse lhe informar se havia alguma sala de lazer disponível para os hóspedes e seu ânimo melhorou um pouco quando o recepcionista lhe informou que haviam duas salas de lazer: uma de jogos, no térreo; e outra de música, no terraço. Alguns hóspedes alugavam a sala para festas particulares, mas na maior parte do tempo, o espaço ficava aberto ao público. Mendes se dirigiu até o último andar do hotel, encontrando um pequeno palco com karaokê - típico de Tóquio, um piano e também um violão. Talvez acabasse usando o instrumento para sua terapia pessoal: escrever. Ocupou um dos sofás, soltando um suspiro alto. Recostou a cabeça na guarda do sofá e fechou os olhos, tentando organizar seus pensamentos.

Ele estava chateado. Magoado, até. Maria Eduarda afirmar, para outras pessoas, que eles eram apenas amigos - quando eles claramente não eram - havia sido um tapa na cara. Afinal, Shawn havia viajado até o Japão apenas para vê-la. Para estar com ela. Porque havia sentido saudades. Porque logo voltaria para a turnê e gostaria de aproveitar o pouco tempo de férias com a garota. Eles não eram apenas amigos. Agiam como namorados - ok, Shawn sabia que não havia pedido Maria Eduarda em namoro, mas ele também sabia que a garota não estava esperando por aquela atitude dele, para abrir seu relacionamento ao mundo. Madu era feminista o suficiente para não se apegar àquele tipo de convenção social. Se ela quisesse dizer ao mundo que eles estavam namorando, não haveria nenhum problema. Shawn não estava fingindo que não a queria e que aquilo que tinham não significava nada.

E aquele pensamento acabava com ele. Porque Mendes realmente estava tentando fazer aquilo dar certo. Mas ele não poderia fazer tudo sozinho. Maria Eduarda precisava tentar também, mas ela parecia mas interessada em fugir e esconder o relacionamento deles. Não era vergonha. Era medo. Talvez da represália da mídia? Da agitação dos fãs? Ela já havia dito aquilo e Shawn entendia. Entendia que seu mundo não era fácil e ele lhe daria o tempo necessário, desde que ela estivesse disposta a tentar. E naquela noite, Madu havia lhe provado exatamente o contrário. Que ela preferia abraçar o medo ao invés de dar a mão para Shawn e atravessar aquele furacão. E por Deus, aquilo doía como o inferno.

Aquela garota era uma maldição. A sua maldição, porque ele a queria demais e sentia seu peito doer apenas por cogitar a possibilidade de Maria Eduarda nunca ter coragem para assumir o que eles tinham. O que sentiam um pelo outro. Mendes não queria viver às escondidas. Não era de seu feitio se esconder do mundo. E se Madu nunca estivesse pronta para assumir aquilo, poderia Shawn continuar fingindo que eles não tinham nada? Que não estava pronto? Ele sabia que não. E também sabia que não existia ninguém como Maria Eduarda. Ninguém se comparava. E ele não queria ninguém além dela.