Capítulo 10

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  Eu acho que estou apaixonado, pronto, já disse, não sei como ele conseguiu deixar-me assim em tão pouco tempo, talvez ele fosse tudo com que eu sempre sonhei, talvez ele fosse o único capaz de desmoronar este coração de pedra.

  Eu sei que leram isto em todos os romances que já folhearam e já estão cansados de ouvir a mesma cantilena todas as vezes mas é a mais pura das verdades.

  Nunca fui pessoa de afetos ou de sentimentos mas sinto que aos poucos estou a mudar, e para melhor, apenas pelo Manny.

  Confesso que no começo eu só queria fazer sexo com ele mas algo nele despertou o meu interesse. Ele é tão envolvente, mesmo inconscientemente ele foi capaz de manipular os meus sentimentos e deixar-me assim.

  Ao olhar o seu rosto perfeito enquanto dormia pude perceber que ele precisava de mim e mesmo eu não o admitindo, eu queria estar lá para ele sempre que ele precisasse.

  O seu corpo estava enrolado no meu, o toque da sua pele de seda deixava me louco e não sabia mais o que fazer, como é que eu faria com que ele fosse meu?

  A minha família sabe que eu sou gay mas a dele não sabe que ele também é. Eu não quero criar problemas na vida de ninguém, muito menos na dele. Tudo o que eu quero é poder agarrá-lo em todos os momentos, poder beijá-lo em qualquer lugar, não sei quando mas vou ter de tomar uma atitude.

  Quando ele acordou fomos até à cozinha tomar o pequeno almoço e encontrámos os meus pais a cozinhar.

- Bom dia. - disse entrando pelo arco da cozinha apenas com os calções do pijama e o Manny vinha atrás de mim vestido com uma camisola minha que lhe ficava grande.

- Bom dia, porque é que não disseste que tínhamos visitas? - disse a minha mãe com um sorriso no rosto enquanto olhava para o Manny.

- Ahh, vocês devem ter chegado tarde e eu acabei por me esquecer. Mãe, pai, este é o Manny. Manny, esta é a minha mãe Maria e o meu pai Gustavo.

- Muito gosto. - disse o Manny indo dar um beijo na bochecha da minha mãe e um aperto de mão ao meu pai.

- Igualmente. - respondeu o meu pai envolvendo a minha mãe com o seu braço. - Porque é que não se vão vestir enquanto eu e a tua mãe acabamos de preparar o pequeno almoço?

- Ok.

  Peguei na mão do Manny e levei-o até ao meu quarto. Pude ouvir o risinho da minha mãe enquanto subia a escada. Ela já deve ter percebido, mas vendo bem, eu também não tentei esconder nada.

  O Manny fechou a porta do quarto e logo disse:

- Os teus pais devem ter ficado com uma ideia muito errada sobre mim.

- Como assim? - perguntei enquanto despia os calções.

- Eles viram-me assim vestido, ou melhor, quase despido e devem pensar que passámos a noite a fazer sexo.

- Não te preocupes, com eles entendo-me eu, ok?

- Sim.

- Vamos tomar banho. - disse puxando-o comigo para a casa de banho.

- João...

- Deixa de ser chato!

- Idiota. - respondeu e beijou a minha bochecha.

  Despimos as nossas roupas e eu tive de me controlar imenso para não o foder ali mesmo, o seu corpo era tão lindo como o seu rosto.

- Tu és lindo. - disse com o meu rosto próximo do seu e as suas bochechas ficaram coradas.

- Tu também. - ele respondeu abraçando o meu corpo nu.

- Só Deus sabe o quanto eu te desejo.

- E eu a ti. - disse levantando as suas pernas e eu o segurei ao colo.

- Diz que és meu. - sussurrei mordendo o lóbulo da sua orelha.

- Eu sou teu, todo teu.

- Manny, aceitas namorar comigo?

- Sim, pensei que nunca mais pedias. - respondeu e eu beijei os seus lábios com voracidade.

  Tudo o que eu mais queria agora era realidade, ele é meu, não vou deixar que nada mude isso.

  Acabámos o nosso banho. Vestimos as nossas roupas e descemos para comer. Os meus pais estavam demasiado sorridentes, acho que nunca os tinha visto tão felizes logo pela manhã. A conversa à mesa estava até agradável mas não queria que eles perguntassem ao Manny pela sua família, não queria que ele ficasse triste pelo seu pai e por isso mandei uma mensagem ao meu pai e à minha mãe e a pedir que não o fizessem e graças a Deus eles não o fizeram.

- Manny, queres ir para casa? - perguntei quando já estávamos sentados no sofá.

- Sim, eu preciso de trocar de roupa.

- Ok, vamos lá.

  Depois de o deixar na sua casa voltei para a minha e sabia que bem podia esperar um interrogatório assim que abrisse a porta.

- João, aquele rapaz é tão bonito e tão bem educado, por favor diz me que desta vez não é só mais um que queres levar para a cama. - disse a minha mãe.

- O quê?

- Tu sabes bem do que estou a falar, os últimos 3 rapazes que trouxeste cá a casa apanharam um desgosto amoroso porque andavas enrolado com os 3 ao mesmo tempo.

- Não mãe, desta vez é diferente, ele e eu somos namorados, acho que foi desta vez que encontrei a pessoa certa.

- Ai que bom. Finalmente. Pensei que esse fogo no rabo nunca mais se apagasse.

- Ah mas não apagou. Assim que o Manny se sentir pronto para fazer sexo eu vou acabar com ele. - disse sorrindo de lado e fechei a porta do quarto.

  Tenho a certeza que a minha mãe ficou com o queixo no chão mas ela sabe bem o filho que tem em casa. Eu sou bicho do mato e quando é para foder eu fodo com força.

  Manny

   Ainda não acredito que o João me pediu em namoro, eu sabia da sua reputação mas ele ainda nunca tinha namorado, pelo menos não que eu soubesse. Algo me diz que ele pode mudar e eu quero ser o motivo da sua mudança. Depois de tanto sofrer acho que mereço um pouco de felicidade na minha vida.

  O meu maior problema era a minha mãe, ela estava muito frágil nesta altura e eu não lhe podia dar o "desgosto" de dizer que sou gay. Se fosse outra mãe talvez compreendesse mas a minha mãe é um pouco complicada.

  Eu só quero ser feliz. Será que é pedir demais?

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