Depois das aulas fui com o Andrew para a sua casa, ao contrário de mim a família dele possuía muito dinheiro e como tal, ele possuía carro, não um caro qualquer, um Range Rover. Felizmente ele não me tratava de maneira diferente pelo simples facto de não levarmos o mesmo estilo de vida.
Não vou mentir, seria bom ter o que ele tem mas como nem tudo é perfeito ele também tem problemas, os seus pais estão à beira do divórcio, eles tentam se entender mas não sei se conseguem. Talvez seja melhor do que ter uma mãe com depressão e um pai alcoólico que não sabe amar os filhos e a esposa.
Entrámos na sua casa o luxo é notório mas, como dizem, o dinheiro não compra felicidade. mesmo assim, preferia mil vezes ser triste num Ferrari do que triste no meu quarto.
Coloquei a minha mochila junto à porta e ele fez o mesmo. Fomos para a sala e começámos por guardar as coisas frágeis na arrecadação, cobrimos os sofás com capas impermeáveis, ele não queria correr o risco de alguém entornar bebida nos sofás de pele. havia bastante coisa para arrumar, balões, fitas e bolinhas de espelhos para pendurar nas paredes e no teto.
Só acabámos por volta das seis da tarde e eu estava a morrer de fome. o Andrew foi gentil o suficiente para fazer lanche para nós dois mas não se estava a sair muito bem.
- Queres ajuda? - perguntei.
- Não, eu posso ser burro mas acho que consigo fazer tostas de atum. - respondeu e eu ri.
- Tu não és burro.
- Obrigado.
- És apenas limitado superiormente. - disse chegando perto dele e trocando de função com ele. - vai colocar os pratos e talheres na mesa.
- Ofendeste-me. -respondeu colocando a mão no peito.
- E se não te apressares vou insultar outra vez.
- Ok chefe.
Não me quero gabar mas as tostas estavam muito boas. o Andrew pareceu também gostar, faltava apenas lamber o prato. Levei a loiça para a cozinha e depois de uma pequena briga concordámos que seria o Andrew a lavar a loiça mas ele não está habituado a fazer nada sozinho, e a sua teimosia resultou num prato e num copo completamente estilhaçados. É isto que acontece quando as pessoas não concordam comigo, acabam por fazer bosta.
- Olha só o que fizeste Manny! - falou, ironicamente colocando a culpa em cima de mim.
- EUUU? Só podes estar a brincar.
- A minha mãe não vai gostar nada quando eu lhe disser que lhe partiste a loiça.
- Idiota.
Peguei num pano, coloquei-o dentro da água do lava-loiça e ele logo percebeu a minha intenção.
- Nem penses nisso. - disse andando à volta da bancada na intenção de fugir de mim.
- Não podes fugir de mim caro Andrew. - disse indo atrás dele e atirei o pano que aterrou perfeitamente na sua cabeça.
Ele pareceu não ficar muito feliz com isso e quando o vi a caminhar na minha direção lembrei-me que não tinha pensado nas consequências. Ele tinha o sorriso travesso no rosto, típico de quem vai aprontar alguma coisa.
- Agora tu não podes fugir de mim caro Manny.
- Oh merda. põe-me no chão.- disse quando ele me colocou por cima do ombro como se eu não pesasse nada.
- Onde é que está o teu telemóvel?
- Na mochila, porquê?
- Ótimo.
Era claro como água o que ele ia fazer. quando dei por mim ja estava dentro da piscina... completamente vestido. Ele começou a tirar a sua roupa e juntou-se a mim. É pena estar com a pessoa errada porque o clima até está bastante romântico. O céu por cima das nossas cabeças possuía tons de azul, lavanda, rosa e amarelo. Quem sabe, talvez se não estivesse tão irritado seria capaz de apreciar a beleza da natureza.
- Eu vou te matar Andrew.
- Porquê? vê o lado positivo, ja pudeste refrescar as ideias.
- Que graça, é melhor que o cloro não manche a minha roupa.
- Não te preocupes.
- Como é que eu agora vou para casa?
- Até está calor, pode ser que, se fores a pé, chegues seco a casa.
- Mas é que nem penses.
- Estou a brincar, eu arranjo qualquer coisa para tu vestires.
Saí da piscina e coloquei as minhas roupas a secar em cima de uma das espreguiçadeiras. Depois de estar mais calmo voltei para dentro da piscina e sentei-me em cima de uma bóia em forma de Donut. O Andy estava também deitado numa em forma de pato não muito longe de mim e o silêncio entre nós estava muito bom. Pelo menos até ser quebrado.
- Podemos falar Manny?
- Claro.
- Nós somos amigos há muito tempo e tu sabes que eu confio em ti mais do que ninguém. Sabes que podes confiar em mim não sabes?
- Sim, porquê?
- Eu só queria que me dissesses a verdade, eu não te vou julgar, tu sabes disso.
- Já sei onde queres chegar.
- E?
- É verdade, eu sou... gay.
Meu Deus, soube tão bem dizer isto, em todos os meus anos de vida eu nunca senti uma sensação de alívio tão grande, foi como se o peso do mundo saísse de cima das minhas costas. talvez eu tenha feito asneira ao contar mas não ha sensação melhor do que saber que alguém nos apoia apesar de sermos diferentes, quem me dera que tudo na minha vida fosse tão fácil como o Andrew faz parecer. Sou muito sortido por tê-lo como amigo.
- Eu já sabia, ou melhor, tinha quase a certeza. Honestamente... eu acho que sou bi.
- Eu percebi, não é por nada mas as tuas investidas não me passaram despercebidas Andrew. - disse e ele sorriu um pouco envergonhado.
- É... eu não sei o que é que tinha na cabeça quando tentei ficar contigo.
- Hm, provavelmente tesão. - disse e nós rimos.
Era bom poder ter este tipo de conversas com alguém, uma coisa eu posso afirmar: se vocês estão presos no armário contem a alguém, não precisa de ser a um grupo de amigos, basta apenas uma pessoa, uma pessoa em quem se possa confiar e saber que era pessoa vai estar ao nosso lado em todas as nossas batalhas vale mais do que ouro... simplesmente não tem preço.
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Suffer
Romansa" Será que é esse o meu destino? Porque é que tinhas de tornar isto tão difícil meu Deus? " Quantas foram as vezes que já caímos de amores por alguém e nunca fomos correspondidos? quanto a vocês não sei, mas no meu caso foram tantas que já perdi a...