B.B - 495.

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Acho que a pior sensação deste mundo é se sentir sem rumo. Correr sem saber um destino, correr o mais rápido que conseguir sem saber um fim. Eu me sentia angustiado. Eu poderia ser uma pessoa normal. E por que as pessoas queriam meu corpo? Como se eu fosse um objeto novo que elas nunca viram? Como se eu não sentisse cada agulhada, como se eu não sentisse a tontura que cada um daqueles sedativos me causavam. E se eu não obedecesse? Maltratavam cada pedacinho do meu corpo. Principalmente as minhas costas, a minha barriga, as minhas coxas.

Estão atrás de mim. Alguns deles me viram fugindo e estavam quase me pegando. Correndo a 2 horas sem descanso algum, algumas vezes chegaram perto de mim, diria que essa seria a 4 vez. Eu precisava me esconder, ao menos respirar. Meus pés já estavam machucados, é, eu não aguentaria tanto tempo.

A minha luz foi uma casa, que mesmo que vista de longe, me deu uma determinação. Eu corri o mais rapido que pude, até não ouvir mais os passos atrás de mim, e ao olhar, não havia sinal de que haviam chegado até este ponto da floresta. Eu entrei. Era uma casa velha, aparentemente vazia.

Eu andei em passos rastejantes pela aparente sala. O zíper do moletom gasto e Largo, coberto pela neve raza foi aberto por mim e assim, já estava ao chão. Abracei meu corpo, frio. Meu peito subia e descia rapidamente enquanto tentava acalmar a minha respiração. As lágrimas foram escorrendo pelo meu rosto, tanto cansaço, tanto esforço para arriscar a viver normalmente, na medida do possível, irião procurar por mim.

E se me encontrassem, provavelmente estudariam meu corpo morto assassinado por eles.

Comecei a soluçar com o tempo, e um barulho de passos pelo piso de madeira me fez engolir o choro e me corroer em desespero. Eu precisava me acalmar e pensar rápido. Tudo que consegui fazer era entrar atrás de uma cortina que tinha em uma pequena janela presente no cômodo. Minha mão esquerda foi à minha boca para segurar os soluços que ousavam sair - e que eu gostaria muito que pudessem sair naturalmente.

As lágrimas ainda escorriam, o frio atravessava minha camisa branca, agora encardida fazendo bater contra minha pele sensível.

Então eu vi. A silhueta alta, forte, escura, não podia ver seu corpo mesmo com a trasparencia do pano, vinha lentamente em direção a cortina. Ele tinha um vaso de vidro em mãos e tudo o que eu pensava era que se eu fosse espetado por uma agulha eu morreria ali. Os soluços almentaram, segurei meu maxilar com força e me reprendi mentalmente.

Era o fim do número 495?

Era o meu fim?

📌

Está dando para entender?

Espero que sim :)

痛'𝐩𝐮𝐫𝐞 𝐬𝐨𝐮𝐥 ᶜʰᵃⁿᵇᵃᵉᵏ Onde histórias criam vida. Descubra agora