Era um dia chuvoso, Maya e Will brincavam na chuva aproveitando o último dia das férias. Com sua capa de chuva rosa e seu par de galochas, Maya, era a criança mais feliz do mundo, mas quem diria que tudo isso mudaria completamente.
De longe Will viu sua mãe, senhora Aron, o chamar para o jantar, eles se abraçaram e cada um correu para sua casa já que ambos eram vizinhos.
Maya viu na porta de sua casa vários carros e escutou vozes conhecidas, logo abriu um sorriso e correu para abrir a porta, mas a cena que viu não era boa. Sua tia estava abraçada com sua mãe e ela chorava em prantos com as mãos no rosto. Maya sem entender perguntou:
- Mãe, o que ta acontecendo?
-Filha, senta aqui - apontou para o sofá
-Ralph!- ela grita sem forças para seu marido
Ele desce as escadas e logo Maya estranha, seu pai não ficava em casa quase nunca. Ele se senta ao seu lado segurando as mão de Maya
-Pipi- era um apelido carinhoso - tem coisas na vida que acontecem na nossa vida e não existem razão ou explicação
- O que você quer dizer papai? - Maya vê seus tios surgirem de outros lugares da casa
-Maya, o vovô Ronald... - ele segura o choro- morreu hoje.
Ela não conseguia acreditar ela havia perdido o único avô que ainda lhe restava, seu pai estava arrasado, perder um pai não é nada fácil.
- O velório é daqui uma hora- sua mãe enxuga as lágrimas
Maya correu até seu quarto e trancou a porta atrás de si, ela achava que dentro daquele quarto nada poderia lhe atingir, talvez esse fosse um grande defeito dela. Ela sentia suas pernas bambas, seu corpo estava fraco e suas lágrimas não paravam de cair.
Ela tomou um banho quente, colocou seu vestido preto e ficou olhando para o espelho, seus cabelos ruivos lembravam seu avô. Maya pegou seu telefone mandou uma mensagem para Will.
De: Maya
para: Will
Ei,pode me encontrar na casa da árvore?
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De: Will
Para: Maya
Claro, mamãe já me disse o que aconteceu.
Maya foi até seu jardim do fundo e subiu na casa da árvore esperando seu amigo,por sorte a chuva havia parado.Não demorou muito até ele aparacer e dar aquele sorriso que ela precisava.
- Ei, como você tá? - sentou do seu lado
- Eu não sei- segurava as lágrimas
- Eu estou aqui para o que você precisar- Will a abraça
Aquele momento Maya sentiu que Will era o melhor amigo que alguém poderia ter.
Passado um tempo, Maya se viu dentro do carro em direção ao velório de quem ela mais amava, seu pai estava muito abalado e não conseguia dizer mais nenhuma palavra e sua mãe estava no telefone avisando aos demais amigos e familiares.Maya não havia jantado, mas é claro, ninguém mais tinha apetite.
Quando o carro estacionou ela viu a capela que seu avô frequentava, saiu do carro e logo do lado de fora viu sua prima Suzy com os olhos já inchados
- Prima! - Suzy a abraça
Suzy era a que estava mais sofrendo naquela situação, o avô Ronald havia criado ela desde que era criança- Suzy, como você está? - A mãe de Maya, Carla, pergunta logo atrás
- Vou indo - ela seca as lágrimas
Todos entraram na capela e Maya vê entrando Will com um terno e os cabelos alinhados perfeitamente, ele dá um sorriso de lado e anda até sua direção
- Minha mãe está falando com a sua, meus pêsames - ele a abraça
- Obrigada - ela sorri de ladoMaya se senta ao lado de seus pais e vê o caixão lacrado de seu avô, ela não quis saber o motivo da morte pois sabia que era algo que abalaria ainda mais. Logo se aproximou o pastor local
- O irmão Ronald era um exemplo para todos, era um aventureiro- ele observa a família de Maya - eu gostaria de chamar o irmão Ralph para dizer umas palavras
O Pai de Maya dizia o que vinha na sua cabeça, nada pronto, até porque foi tudo muito rápido.
Quando tudo aquilo passou, a cidade toda de Pacific Valley já sabia, por ser uma cidade pequena, as notícias corriam fácil.
Naquela noite foi difícil dormir para Maya, ela se revirava na cama e seus olhos não conseguiam fechar. Ela decidiu sair daquela cama e tomar um copo de leite quente que sempre ajudava, mas para a sua surpresa, seu pai também não conseguia dormir
- Também não consegue dormir? - Ralph lhe entrega uma caneca com leite
- Toda vez que fecho os olhos lembro dele sabe - fica um silêncio
- Foi de carro - Ralph a conta, mesmo Maya não querendo saber
- Eu queria ter dito pelo menos um Adeus - diz a menina de cabelos ruivos
- Ele sempre me disse que se acontecesse algo com ele - faz uma pausa- era para te entregar o diário dele
- Diário? - fica sem entender
- Seu avô sempre escreveu sobre suas aventuras vividas
- Vovô nunca me contou isso - fica surpresa
- Eu vou te mostrar
Eles andam até a sala e ele procura algo em uma gaveta. Era um caderno meio velho com capa de couro
- Seu avô escrevia mais que apenas palavras aqui. Ele escrevia sentimentos
- Ele te deu esse diário? - Maya olha fixamente para aquele pertence do avô
- Não exatamente, mas agora ele é seu - lhe entrega o diário
Maya pegou o diário e voltou ao seu quarto, sentou em sua escrivaninha e começou a ler tudo que estava escrito naquelas páginas. Ela passou a noite lendo sobre as aventuras que seu avô viveu, ficou muito impressionada em saber que seu avô com a idade que tinha cuidou completamente sozinho da Suzy depois que sua esposa e avó de Maya morreu. Com o dinheiro da aposentadoria ele conseguia juntar para a próxima viagem e pagar os estudos da sua neta. Por mais que Suzy já estivesse com 19 anos, ela havia perdido seu outro pai.
Maya leu as anotações que seu avô fazia e ficou feliz em saber que ele trazia consigo uma folha de uma árvore de cada lugar que ia para guardar aquele local de uma forma simbólica em seu diário.
Quando Maya viu, o sol já raiava.
Ela mal podia esperar para contar ao Will sobre aquele diário.
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Short StoryApós a trágica e inesperada morte de seu avô, Maya recebe algo inusitado, um diário . Ela decide então contar para seu melhor amigo, Will, sobre as coisas escritas ali, fascinados com as aventuras que seu avô havia passado, eles decidem concluir o...