VII

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Ícaro não quer falar sobre sua saúde comigo, vou tentar respeitar isso mas é difícil porque eu não sei qual é a limitação dele. Ele sabe andar sozinho nas rua? Pode ver os sinais do trânsito? E se ele não ver um carro passando pela rua e for atropelado? Ele não usa bengalas, não precisa? Vai ter que usar? Ou já precisa e não usa de teimoso?

- Jim, Jim?

- O que foi?! - pergunto assustada, não percebo que já estamos na rua da casa dele.

- Nada-a... Só perguntei se vai de ônibus pra casa. - Ícaro diz colocando as mãos nos bolsos da calça sem jeito

- Taxi, mas ainda é muito cedo pra voltar. - digo com vergonha.

- Quer entrar? - Ele aponta a casa, só aceno um sim contente com a cabeça.

Ele vai na frente abrindo a porta da casa, é como antes tudo na decoração é antiga me dar uma sensação de conforto, não vejo a mãe dele em nenhum lugar acho que minha definição de cedo, não é uma definição em comum.

- Quer alguma coisa para beber? - Ícaro diz entrando na cozinha o sigo me sento apoiando os braços no balcão de pedra. - Chá?

- Agradeço - Observo o garoto colocar uma chaleira no fogo - Tem uma irmã não é?

- É, ela tá na Safira. - Ícaro informa colocando café para ele - Os meninos chegaram hoje da capital, Pedro e Thales estudam na acadêmia de artes.

- Os irmãos da Safira, eu já os vir algumas vezes... São meus vizinhos afinal. - digo sem jeito, a chaleira enfim avisa que o chá está pronto, Ícaro me passa uma caneca o cheiro do líquido quente já me acalma.

- Aonde vamos... Para ver o céu à noite? - Ícaro pergunta depois do silêncio cair sob nós, tomo meu chá com calma.

- Fora da cidade. - repito o que disse antes

- Aonde?

- Não se preocupe com nada, estaremos de volta na mesma noite... Ou pela manhã. - digo mantendo segredo.

- Porque quer fazer isso Sabrina? - Ícaro fala, sua voz sai firme, mas de uma forma estranha eu gosto quando ele aje assim, sem submissão.

- Simples. Eu. Quero. - Digo franzino o cenho, tomo meu chá, vejo o garoto mover a cabeça de um lado para outro sem acreditar, sorriu mínino com essa visão. - Acho que é hora de ir pra casa. - digo deixando minha canela vazia no balcão - Obrigada pelo chá... Estava ótimo.

- Acho que nunca vou me acostumar... Como você agradecendo por qualquer coisa. - Ícaro solta sem saber se pode.

Não consigo falar, saber que foi uma idiota mal agradecida não me faz me sentir bem, Ícaro percebe minha reação mas não sabe como agir, não o culpo.

- É-é... Eu te mostro a saída... - Ícaro diz me guiado pela casa, o sigo em silêncio. - Até amanhã.

- Boa noite. - respondo, como um costume meu me estico um pouco e deposito um beijo no rosto dele, me sinto estranha um segundo - Ehhh... Até amanhã...

Ele só fecha a porta sem me responder.

°°°°

O sol ainda está alto, sem explicar os motivos pedir para meu pai um motorista e um carro, ele me cedeu o um da empresa, todo isso via mensagem de texto, são pouco mas das 16 horas mas temos que sair cedo para consegui um bom lugar no campos, não quero simplesmente comprar uma vaga, quero fazer isso de verdade, é uma novidade para o Ícaro mas também é para mim.

O Brilho da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora