A estação de trem estava lotada. Várias pessoas que compareciam às festas de outono do interior estavam retornando aquela noite para recomeçar a semana. Jorgen seguiu com Karin pelo braço, que o acompanhava de forma apática, sem prestar atenção em nada. Era como se estivesse fora do ar. Prometera-lhe cuidar dela, e era isso o que ia fazer. Seguiram pela plataforma cheia de passageiros até que, quando encostou o trem, subiram e seguiram direto para seus assentos.
Ela dormiu assim que se sentou, recostando-se em seu ombro. Abraçou-a, acariciando seu braço de forma acolhedora.
Não longe dali, no hotel da cidade, Axel se hospedava. Seu mordomo havia marcado uma consulta para ele com o Dr. Knut pela manhã, e pretendia chegar em Nyborg ainda na segunda-feira. Pretendia descobrir o que pudesse do médico sobre o paradeiro de Karin. A pista mais quente que tinha era de ela ter sido vista na mansão do médico, na ilha particular de Lilleo. Ela estava com ele, tinha certeza.
— E se Karin estiver em Lilleo —, pensou, — eu vou destruí-la.
***
Durante o sábado, as coisas já tinham sido rearranjadas na casa da Sra. Jensen. A casa ainda possuía um quarto, usado para guardar coisas, e Jorgen fez uma limpeza total. Desocupou o quarto e o transformou num quarto de casal. Colocou uma cama a mais, onde Vikka poderia dormir, e Danna passou a dormir com a avó. Desocupou o quarto de oração da Sra. Jensen, e ela teria de volta seus momentos de privacidade para orar e cantar seus hinos.
Quando chegaram no último trem da noite, Jorgen acompanhou a esposa em um banho quente. Ela não dizia nada, apenas parecia exausta. Ajudou-a a se lavar e se vestir, e depois acomodou-a na cama do novo quarto. Em seguida, foi para a sala, onde sua mãe o esperava.
— Meu filho, graças a Deus você trouxe sua esposa de volta! Mas, como será? O que vocês farão da casa em Copenhagen?
— Vamos resolver isso quando chegar o momento, mamãe.
— E vocês vão ficar por aqui definitivamente?
— Sim, claro. Estou empregado na escola de Nyborg e Karin largou o emprego na capital. Só temos o meu salário, não podemos procurar uma casa agora.
— Sei...
Ela não disse mais nada. Recolheu-se em seu quarto, onde Danna já dormia, e fechou a porta.
— É inacreditável! Querendo discutir esse tipo de coisa justo agora? Acho que me mandaria embora se pudesse...
Foi para seu próprio quarto.
***
Uma semana se passou, e Axel não encontrara Karin. Sua consulta tinha sido um fracasso, pois nada do que tentara com o médico surtira efeito. O homem, apesar de não parecer, era muito inteligente, sentia o cheiro de manipulação de longe, por isso fora direto ao ponto, surpreendendo Axel.
— Você não veio se consultar, senhor Hansdatter, mas veio saber algo de mim, então, vamos direto ao ponto e faça logo sua pergunta, pois preciso trabalhar.
— Preciso saber se conhece Karin Jensen, e se a viu, e onde ela está.
— E o que o faz pensar que a conheço e sei onde ela está?
— O senhor foi visto com ela no restaurante de um hotel de luxo, e saiu acompanhado dela.
— Acredito que isso seja normal, uma pessoa sair acompanhada de outra na cidade. Mas isto não significa que eu saiba onde ela está.
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Outono
Historical FictionUma tradição outonal em 2015 leva um garoto de 12 anos a conhecer um segredo por trás de Lilleo, uma bela propriedade produtora de maçãs numa ilha dinamarquesa pertencente à sua família por gerações. Uma história comovente, do nascimento de um amor...