~ Tempestade ~

4 0 0
                                    

Poema escrito pela autora Débora Falcão especialmente para o capítulo 7 do livro "Outono".

Escuridão cega-me
Em meio aos sons incessantes
De vagas inconstantes
Perdido em alto mar.

À deriva e sem rumo
Meus pés perderam o prumo
Lançam-me para lugar nenhum
Não consigo me firmar.

Chuva que castiga
Como pontiagudas facas,
Cravam-me como estacas
Sem absoluto pesar.

Coração e mente
Perdido simplesmente,
Quem sabe ou imagina
Onde irei aportar?

Mágoa que afoga,
Emoção que embota
Mente e coração,
Como posso me salvar?

Objeto flutuante
Toca-me em instantes,
Seguro-me em desespero
Para não me afogar.

De braços abertos
Madeira firme e boa,
Não estou mais à toa:
Parei de afundar.

Ainda há água,
Ainda há chuva,
A noite é escura,
Mas posso respirar.

OutonoWhere stories live. Discover now