O Pequeno Polegar (parte 2)

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Mas o Pequeno Polegar, ouvindo esse negócio, trepou pelas dobras da roupa do pai, sentou-se no seu ombro e sussurrou-lhe ao ouvido:

- Papai, podes vender-me; eu saberei voltar outra vez.

Assim, depois de muito discutir, o pai deu-o aos homens em troca de muitas moedas de ouro.

- Onde queres que te ponha? - perguntou um dos homens.

- Senta-me na aba do teu chapéu, aí eu poderei passear à vontade e admirar toda a região sem perigo de cair.

Fizeram-lhe a vontade. Polegar despediu-se do pai, e, em seguida, foram andando. Andaram até ao escurecer; aí o pequeno disse:

- Põe-me no chão um pouquinho; estou precisando.

- Podes ficar aí mesmo, - disse o homem, - não tem importância. Também os passarinhos de vez em quando deixam cair alguma coisa na cabeça da gente!

- Não, - insistiu o pequeno Polegar, - conheço bem as conveniências; desce-me depressa!

O homem tirou o chapéu e pôs o pequeno num campo à margem da estrada. O pequeno, então, meteu-se por entre os torrões de terra, saltitando de cá para lá e, de repente, resvalou para dentro de um buraco de rato, o que justamente estava procurando.

- Boa noite, senhores! podeis continuar vosso caminho sem mim! - gritou-lhes galhofeiro o petiz.

Os dois homens correram e sondaram o buraco com um pau, mas foi trabalho perdido. Polegar ia resvalando sempre mais para o fundo e, como logo desceu a noite, escura como breu, os homens tiveram de partir, cheios de raiva e com a bolsa vazia. Quando Polegar se certificou de que os homens tinham ido embora, saiu da galeria subterrânea. "E' perigoso andar pelos campos no escuro! - disse. - A gente pode quebrar o pescoço ou uma perna!"
Por sorte sua, encontrou um caramujo. "Graças a Deus! - disse ele; - aqui poderei passar a noite em segurança!" E meteu-se dentro dele.

Pouco depois, já ia adormecendo, quando ouviu passar dois homens, um dos quais dizia:

- Como faremos para tirar o ouro e a prata do rico Vigário?

- Eu te poderei ensinar, - gritou o pequeno Polegar.

- Que é isso? - disse assustado um dos ladrões. - Ouvi alguém falar!

Pararam e puseram-se a escutar; então Polegar repetiu:

- Levai-me convosco, eu vos ajudarei.

- Mas, onde estás?

- Procurai no chão e prestai atenção de onde sai a minha voz.

Finalmente, depois de muito procurar, os ladrões encontram-no e o apanharam.

- Tu, tiquinho de gente, como podes nos ajudar! - disseram eles.

- Escutai, - disse o pequeno, - eu entrarei pela grade da janela no quarto do Senhor Vigário e vos entregarei o que quiserdes.

- Está bem! - disseram os ladrões; - vamos ver para que serves.

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