Urf! Agora parecia um costume para aquela jovem viver com o coração acelerado pelo inesperado que lhe acontecia a todo o tempo.
Ela gritou, sentou-se, escancarou os olhos no escuro quarto. A cama estava vazia no lado em que seu marido costumava ficar. Como por um milagre, Cris não se preocupou com as adversidades que aquele dia iria-lhe oferecer; tinha algo em sua mente que a deixava muito mais feliz ao ocupar seus pensamentos. Ainda que não enxergasse o cômodo habituado, em contraste com o clarão de onde tinha saído, seu espírito experimentava a maior libertação de sua vida.
Num pulo, pôs-se de joelhos, de modo reverente diante do Deus que lhe adotou como filha, herdeira e amiga, que mesmo com o conhecimento de seus pecados não deixou de amá-la, mas ofertou a maior demonstração de amor e justiça verdadeira para restaurar-lhe (se quisesse) à sua origem.
E como queria! A oração foi intensa e uma das mais verdadeiras que vivenciou; enfim anos de mornidão e confiança nas coisas passageiras tiveram um ponto final. A consolidação da fé líquida foi ocasionada pelo convencimento que o Santo Espírito fornece ao coração. As lágrimas de alegria que corriam pela face mostravam a certeza do que cria, certeza de que o agora é mais do que suficiente para eliminar as ansiedades de sua vida: agora Cris sabe que é amada pelo Todo-Poderoso que governa sobre os imprevistos que ela não tem sequer dimensão.
Oh! Que paz! Concedida pelo amor, imensurável amor! Palavras limitadas são poucas para tentar descrevê-lo!Tão pequenas e finitas. E ela mesmo assim tentava; o ardor de seu coração emitia batimentos acelerados e completamente apaixonados pelo Criador, os batimentos descontrolados produziam gotículas de felicidade que emanavam como um rio pelos olhos incapazes de se manterem abertos da moça que voltou a mentalidade do começo de Ezequiel 16; o ápice de sua alegria que parecia sempre aumentar produzia soluços barulhentos naquela madrugada, enquanto os tentava conter percebia que seu corpo definitivamente não era suficiente para suportar a maravilhosa Glória de Deus. Porém permaneceu a narrar admirada os feitos de Seu Amado, reconhecendo-o em sua vida, entendendo seu amável jeito de ser, seu altruísmo e virtude infindável.
Ficou maravilhada em saber que ainda tem muito mais para conhecer; Seu Jesus é uma fonte que jorra água infinitamente, Ele escolheu habitar nela e amá-la inexplicavelmente e, diferente de todos em que pusera a confiança até então, Ele não tem uma falsa profundidade que, ao mergulhar de cabeça, racha o crânio, mas aprofundar no relacionamento é o desejado entre o Pai e filhos de graça e sem medo, pois o Amor o lança fora, transforma e capacita para ser instrumento de anúncio das boas novas dos céus!
Sim, eles conversaram muito naquela noite; passou como num flash e o despontar dos primeiros raios solares fez com que Cristina tivesse esperança e felicidade: seu dia seria vivido em paz e com ausência de receios que não afetam o exterior antes tão temido porque Ele a amou e reconciliou aos átrios de justiça e paz que o pecado afastou. Antes de sair do quarto, entregou-se ao Rei da Glória com entendimento de filha amada; dispôs-se para o Ide proposto por Jesus antes de ascender entre as nuvens.
Não era uma chama inconstante que fazia seu peito queimar, muito menos por ter passado horas orando ou pelas obras que executava, contudo a necessidade de Deus e compreensão da identidade que lhe foi fornecida pela fé; ela entendeu que, assim como Paulo falou, nada a podia separar do amor de Deus, portanto tudo ficou bem; seu pai estava doente, tinha contas pendentes, marido alcoólatra, irmãos irresponsáveis, mas estava tudo bem, afinal são coisas passageiras e o seu maior tesouro foi conquistado, não por ela, mas por Cristo que através de Sua Graça, também a ajudaria nesta dificuldade, porque atende aos que clamam a Ele. Deus a amou e reconciliou aos átrios de bondade, justiça e paz que o pecado afastou; Cristina francamente não ligava mais se pecaria naquele dia; as instruções foram plantadas em seu coração e, se pecasse, tinha um fiel advogado que intercedia em seu favor à destra do Pai. Agora, com entendimento e tranquilidade, Cris escolheu: Hoje eu buscarei em primeiro lugar o Reino dos Céus.
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A alma
SpiritualCristina foi batizada aos vinte e quatro anos, após ver-se amada pelo Rei da Glória e adotada como filha. Seus dias foram vividos em plena alegria quando buscava ao Senhor e os Seus mandamentos. A cada segundo seu coração clamava mais e mais pela do...