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14 de julho de 2019  [atualidade]

- Quanto tempo vais ficar fora? - André pergunta, enquanto me observa a colocar todas as coisas na mala.

- São só três dias. - relembro-o - Que cara é essa?

- Não gosto nada da ideia de ires de férias com amigos. - André revela.

- Não és tu quem tem de gostar da ideia, sou eu. - digo - Podes parar de ser tão irmão galinha? Eu tenho todo o direito de ir sair com os meus amigos, de fazer o que toda a gente da minha idade faz e que tu também fizeste. Já tenho 19 anos, vou para o segundo ano da faculdade. Não achas que está na altura de deixares de me tratar como um bebé?

- Eu sei que já não és um bebé, mas custa-me... Tenho sempre medo que te aconteça alguma coisa, sobretudo agora que estás a viver comigo. - o meu irmão confessa.

- Eu estou a viver contigo, mas sou responsável por mim mesma. Sou maior de idade. Se me acontecer alguma coisa, a responsabilidade é minha. Não tens de te preocupar, André, eu sei tomar conta de mim. Deixa-me divertir-me. - quase imploro. 

Esta discussão continua a acontecer por tudo e mais alguma coisa que eu queira fazer e eu começo a ficar seriamente farta. Quando é que a minha família começa a perceber que eu cresci?

- Tudo bem, desculpa. Promete-me só que vais dizendo alguma coisa. - André pede e eu assinto em concordância - Queres que te leve à estação?

- Não. Eu vou de autocarro até casa de uma amiga e depois vamos juntas. - minto. 

Na verdade, vou de autocarro até à baixa e o Rúben vai apanhar-me de carro para depois seguirmos para três dias inteiros sozinhos, longe de tudo e de todos. Odeio mentir ao André e odeio que esta situação se continue a prolongar, mas ele nunca iria permitir que eu fosse com o Rúben, por isso o melhor é ele achar que eu vou passar uns dias com umas amigas ao Gerês. Quero dizer, a parte do Gerês é verdade, o resto é que não.

- Pronto, então vou deixar-te a arranjar as tuas coisas. - André afirma, deixando-me sozinha no quarto. 

Certifico-me de que tenho todas as minhas coisas na mala e depois vou tomar um duche e arranjar-me. Combinei encontrar-me com o Rúben às 17h na baixa e, por isso, tenho de me despachar rápido. Depois de um duche rápido, regresso ao quarto para vestir a roupa que deixei já pronta - um vestido leve, azul com pintinhas brancas, de manga curta e que acaba no meio das minhas coxas. Calço as minhas Converse brancas e coloco uns brincos e uns anéis, preparando-me depois para sair. Preciso de apanhar o autocarro dentro de dez minutos e não posso mesmo perdê-lo.

- André, vou andando. - aviso-o, entrando na sala.

- Diverte-te e vai dizendo coisas, Cate. - André diz, abraçando-me e deixando um beijo na minha testa - Gosto muito de ti, maninha.

- Também gosto muito de ti, Andrezinho. - eu sorrio, beijando a sua bochecha - Agora tenho mesmo de ir.

Desço então até à paragem de autocarro, mesmo à porta de casa, e aproveito a espera para mandar uma mensagem ao Rúben, avisando-o de que já estou à espera do autocarro. O transporte público chega rapidamente e com ele a minha ansiedade relativamente aos próximos dias. Sinceramente, depois do stress do primeiro ano e dos exames, só quero poder ter uns dias a sós com o Rúben, sem ninguém para nos incomodar ou a impedir-nos de estarmos juntos. Pode ser em segredo, mas ao menos vamos poder estar juntos. 

Quinze minutos são o suficiente para eu chegar à baixa e saio na paragem que combinei com o Rúben. Não encontro de imediato o seu carro, estacionado do outro lado da rua, mas quando o encontro apresso-me a chegar lá. Não nos vemos há cerca de uma semana, porque ele esteve fora com o irmão, e por isso estou mesmo cheia de saudades dele.

Secret Love Song | Rúben Dias ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora