quatro

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- Há quanto tempo é que isto dura?! - André repete, desta vez num tom de voz mais elevado.

- Bem... Nós estamos juntos, tipo oficialmente, há... - o Rúben começa, mas eu decido que o melhor é interrompê-lo e ser eu a falar.

- Eu e o Rúben namoramos há seis meses. - respondo - E se queres saber tudo, assim de forma nua e crua, foi com ele com quem eu fui de férias. - decido arrancar o penso o mais rápido possível, pode ser que assim doa menos.

- Seis meses?! - André grita e, num ato mais repentino do que eu posso prever, ele dá um murro ao Rúben, com tamanha força que abre um golpe na sua bochecha.

- Chega, André! - eu grito quando me apercebo que ele está prestes a esbofetear o Rúben - Eu nunca mais te perdoo! - ameaço.

- Sai daqui, caralho. Desaparece da minha frente imediatamente! - André murmura na cara de Rúben num tom furioso.

- Vai, Rúben. Eu fico bem. - garanto-lhe e Rúben assente - Trata desse golpe. - relembro-o e ele volta a assentir, saindo do apartamento de imediato.

O silêncio que fica na sala após a saída do Rúben é tão intenso que quase sufoca. Estou tão chateada com o André que nem sei o que dizer ou fazer. Só me apetece bater-lhe até ele perceber o quão estúpido está a ser.

- Como é que tu caíste na cantiga dele? - André pergunta-me como se o facto de eu me ter apaixonado pelo Rúben fosse a coisa mais absurda de todo o sempre - A sério, com tantos gajos por aí tinhas de cair na cantiga de um colega de equipa e amigo do teu irmão?

- Qual é o problema? Ele não é um rapaz completamente normal e eu uma rapariga completamente normal? Qual é o teu problema com a nossa relação? É assim tão impossível para ti que um amigo teu se possa apaixonar pela tua irmã? - pergunto, chateada com a sua atitude controladora - Por que é que não haveria de me apaixonar pelo Rúben quando ele é um dos rapazes mais queridos que eu já conheci?

- Até te magoar. - André acrescenta e eu reviro os olhos.

- Isso pode acontecer com ele ou com qualquer outro rapaz. Isso são tudo ciúmes de não me teres mais só para ti? Ou estás a ser mesmo só um grande machista e controlador? - atiro.

- Eu só não quero a minha irmãzinha a namorar com um amigo meu! Isso não faz sentido! E eu avisei-os todos quanto a isso! - André continua a repetir e eu continuo a revirar os olhos perante a sua atitude.

- Mas porquê, André?! Eu tenho o direito de namorar com quem eu quiser! Eu já não sou um bebé, porra, tenho 19 anos! - expludo - Eu vim viver contigo porque estava farta de viver numa fortaleza em que o pai e a mãe me protegiam de tudo e de todos, me tentavam controlar como se eu fosse uma criança indefesa. Vim para aqui porque achei que ia poder finalmente ter uma vida normal, que ia poder fazer aquilo que eu queria e que me fazia feliz. Quando, finalmente, encontrei alguém que me faz sentir feliz, realizada e apaixonada, tu queres tirar isso tudo de mim. Porquê? Por que é que não posso ser uma miúda normal da minha idade? Qual é o vosso problema comigo?!

- Eu só quero proteger-te, está bem? Tal como o pai e a mãe. És a minha irmã mais nova e eu só quero que tu estejas bem. - André afirma, num tom de voz mais calmo.

- Mas nunca vais conseguir proteger-me de tudo. E se eu não bater com a cabeça algumas vezes, eu nunca vou aprender. Vocês estão a prender-me, a impedir-me de crescer. Fizeram isso durante 18 anos, não vou permitir que continuem a fazê-lo. E, certamente, não esperava isso de ti. - suspiro - Eu estou bem agora, estou mesmo feliz. Por que é que não consegues aceitar isso?

- Eu preciso de estar sozinho. - André diz - Não consigo superar o facto de me teres mentido durante seis meses e de me teres mentido tão descaradamente sobre os últimos dias. 

Secret Love Song | Rúben Dias ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora