De fadas

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Em um lugar muito distante, onde poucas pessoas e animais chegaram, vivia a família Silva. Eles eram felizes da forma que podiam, agradecendo diariamente pelas conquistas básicas e necessárias para a subsistência humana. Eles moravam um um lugar chamado sertão, onde o solo é quente e seco, as plantas morrem e a busca pela água é contínua e eterna. E não era por causa dessa dificuldade que João iria desistir de lutar por sua família, que era seu maior tesouro na terra, com Maria, a mãe de seus quatro filhos, Damião, Chico, Mariana e Laura.

Quando Laura era ainda um bebê, foi a última vez que viu-se chuva. Por causa disso, todos os dias toda a família acordava cedo para coletar água do poço da vida. Dizia a lenda que a água desse poço aparecia por magia e traria à vida quem bebesse da fonte. Infelizmente, João e sua família já tinham visto muita gente morrer e eles sabiam que a história não passava de uma forma de dar para as pessoas daquela região, um conforto de que eles não tinham sido esquecidos pela natureza.

Durante as semanas que se sucederam, a quantidade de alimentos precisava ser novamente reabastecida e João convocou os quatro filhos para que todos fizessem parte da busca necessária da família. Damião que era o mais velho e o mais forte já se ofereceu para caçar javalis, Chico, com sua incrível habilidade estratégica afirmou que tinha desenvolvido diversas armadilhas para coelhos e não via a hora de colocar em prática; Mariana se dispôs a coletar todos os ovos possíveis que achasse e Laura chorou, chorou de medo, de manha e de tristeza por não achar justo que fosse tão difícil para o seus pais verem que eles precisavam deixar de viver naquela situação, que existia esperança.

Pro desespero da família, durante aquela caça, Damião foi picado por uma cobra e encontrado sem vida pelo seu pai. O desespero de João pela falta de retorno do filho, impediu que o pai voltasse pra casa, procurando por Damião por toda a madrugada.

A família, sem estrutura emocional se amargurou, deixando de comer e beber.

Dizem que até hoje, quando algum forte viajante passa pelo sertão e encontra a casa dos Silva na procura de abrigo, ele ouve o vento trazendo vozes que perguntam pela direção do caminho do poço da vida.

Image Credit: Himesh Kumar Behera

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