De terror

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Minha cabeça dói, eu passo a mão na testa e sinto uma umidade não esperada, sangue. Aperto os olhos sem entender se estou acordado ou dormindo e me vêm à memória pequenos trechos confusos, sem nexo. Ergo a cabeça e escuto um sussurrar, não sei de onde, e uma voz que diz... "fica quieto, ela está vindo". O estranho é que reconheço que estou em meu quarto e não enxergo ninguém mais além de mim. A porta se abre e vejo minha mãe entrar, olhos vermelhos, ela caminha em minha direção e me pergunta se a cabeça dói. Me desespero, os olhos dela realmente são vermelhos mas sua voz metálica, me assusto, como se o corpo dela tivesse sido tomado por uma entidade do mal. Tento fugir mas ela é forte, me segura com força, sem alterar a voz de robô, sem gritos, numa tranquilidade agoniante. Me debato. Ela me puxa para fora do quarto e me força até a sala, mas eu não quero ir, e minha cabeça lateja. Vejo meu pai morto do centro da sala. Vejo outras pessoas por ali, todas com os olhos vermelhos. Grito por socorro e ouço vozes metálicas vindo em minha direção.

Acordo outra vez, meu coração palpita na adrenalina da consciência que retorna. Mais uma vez escuto o sussurro que vem da janela "cuidado, ou você morre ou vira robô". Em desespero respondo mais alto do que deveria "quem está aí?". Com certeza, minha mãe do mau e não a voz que me dá dicas, me escuta, pois ouço passos vindo em direção ao meu quarto. Ela está acompanhada desta vez de um homem com metade do rosto deformado. Eles me amarram e me agridem enquanto eu me debato para fugir. Suas vozes metálicas, a aparência de monstro do homem... eu sei que vou morrer.

Mais uma vez abro os olhos, minha mãe está do meu lado, olhos vermelhos de choro. Estou solto das amarras e não escuto o sussurro amigo. "Me sinto melhor, obrigado". Ela de cabeça baixa diz "Está tudo bem meu filho, com tudo o que aconteceu, qualquer um esqueceria o remédio da esquizofrenia. O velório de seu pai foi ontem e o enterramos hoje de manhã. Vai dar tudo certo. Sinto muito que na crise você bateu a cabeça, prometo te segurar com mais força da próxima vez."

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