Era uma vez uma cigarra que adorava cantar. Ela passava o dia compondo lindas canções enquanto sua amiga formiga passava por ela apressada, à trabalho, sempre preocupada em construir um ambiente de segurança e provisão. A cigarra e a formiga eram amigas, e pelo fato de que cada uma tinha preocupações diferentes, elas não conversavam a respeito disso, para não criar uma sensação de mal estar na amizade, já que uma acreditava que a vida tinha que ser curtida ao máximo e a outra acreditava que nós somos responsáveis por nós mesmos, em tempos de bonança mas principalmente, em tempos de necessidade.
A formiga não entendia por que a cigarra, com tanto talento, não investia na carreira musical e transformava sua habilidade em troca de formas de subsistência. E a cigarra não entendia por que a formiga gastava maravilhosos momentos com pensamentos e preocupações futuras. A cigarra dizia "De que adianta a formiga trabalhar tanto se ela não sabe se estará viva amanhã?" e a formiga pensava "Como pode a cigarra não pensar no futuro e não se importar em como sobreviver nos dias que virão?". Enfim, as duas amigas tinham claramente uma perspectiva bem diferente uma da outra.
Vez ou outra, quando chovia muito e a cigarra ficava com fome por não encontrar uma folhinha boa pra comer, ela pedia um pouco para a amiga formiga. Já que amizades são pra isso, a formiga alimentava a cigarra mas não deixava de lembrar a cigarra que necessidades maiores poderiam vir. A cigarra normalmente rebatia com a ideia de que a vida dela era muito curta e ela não queria desperdiçar seus poucos dias de vida com o trabalho diário, afinal, ela tinha que ser feliz e se a formiga não era livre e feliz, isso era opção dela.
De idas e vindas e os dias se passaram e o inverno chegou. Todo o verde saboroso foi trocado pela seca vegetação e o solo infértil da estação, deixou de fornecer alimento para os passarinhos, que voaram para longe, fugindo do frio e da falta de alimento. Pouco tempo depois, dona formiga confortável em sua casa, recebeu a visita imprevisível de sua amiga cigarra, dos tempos da alegria do verão, que deixou de encontrar na época do outono, quando tudo era festa. A cigarra estava magra e doente e só após ser recebida com um cobertor e um leite quente, contou à formiga as dificuldades de encontrar alimento no final do outono e a falta de um local seguro para se proteger do frio, e por causa disso ela nem cantava mais. A formiga com dó da amiga cigarra, ofereceu sua casa para a cigarra ficar, afinal, ela formiga mesma, tinha provisões de inverno e se sentiria muito mal em saber que a amiga estaria passando por necessidades de até possível risco de vida ou morte. A cigarra muito agradecida aceitou a ajuda da formiga e elas viveram protegidas do frio e da fome até quase o fim do inverno.
Infelizmente, antes do fim do inverno, as amigas cigarra e formiga foram encontradas mortas de fome. A formiga em seu grande coração, sabia que todo o seu estoque acumulado nunca seria suficiente se dividido por dois, mas teve grande mal estar em saber que nunca viveria bem ao saber que sobreviveria para mais um verão sabendo que sua amiga morreu só e com sofrimento.
Moral da história: a cigarra que não trabalha é a assassina do ente querido.
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Contos Curtos
Cerita PendekPequenas histórias de final surpreendente pra leitores que gostam de tentar matar a charada antes do fim. Cada tag pertence a um dos assuntos que você pode encontrar nas histórias. Não encontrou o tema da tag no primeiro conto? Provavelmente ele est...