Capítulo 50 - Precisamos Conversar

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Capítulo 50
O abraço de Regina realmente me confortou, mas não “apagou” a dor, essa que passaria após umas horas e uma boa taça de vinho. Dirigi até minha casa.

-Ruby? – chamo. Ela já deve ter saído. Pego uma garrafa de vinho e uma taça juntamente com um pote de sorvete.

Ótimas combinações...

Sento-me no sofá de maneira desajeitada e abro o pote do sorvete de chocolate. Encho a colher e ponho na boca enquanto sinto as lágrimas rolarem. Tudo estava bem – na medida do possível, mas estava – mas aí vem o sobrenome Lodge para me assombrar novamente. Já não bastava o Hiram? Ainda tinha que vir a filha. E pra piorar mais ainda, ela dá aula para a minha filha, a qual foi feita por culpa e cumplicidade também do Hiram.

Continuei comendo e pensando nas coisas, até que ouvi o toque do meu celular. Não o peguei, mas novamente o ouvi. Pode ser algo com a Sofia. Peguei rapidamente e vi uma mensagem de Regina.

{Regina ♡}: Emma, Sofia vai na Vovó com o Henry, não pensei que seria problema. Eu disse que precisava conversar com você, estou indo aí, ok? Fique calma, meu bem.

Visualizei mas não respondi. Continuei comendo até que percebi que eu fico facilmente doente. Pus o pote em cima da mesinha ao lado do sofá. Antes de abrir o vinho, desisti. Nunca fui muito de beber, principalmente quando fico triste, é, não bebo. Eu sou meio fraca para álcool, e se eu abrir a garrafa, vou querer beber tudo.

Escutei a campainha e meus olhos encheram-se d’água, eu sabia quem era mas não tive forças para levantar. Quando eu a visse não conseguiria me segurar. Escutei novamente e mais uma vez.

-Emma? Hey, estou entrando. – não respondo e logo sinto a presença de Regina perto de mim, mas não muito próximo.

Ela senta ao meu lado e fica me encarando por longos minutos. Olho-a de volta e ela suspira, abre um pequeno sorriso.

-Quer falar alguma coisa?

-Bom, sim...

-Pode falar, Regina. – incentivo ao vê-la receosa.

-Eu concordei com a professora, Sofia é a melhor da turma. Será bom para ela, sabe? O Henry também vai com mais três colegas de sala, - uma deles é uma menina. – me estende um papel. -Eu pedi uma lista dos alunos que iriam, sei que vai se sentir melhor assim.

Abro-o e vejo os nomes:

Educadores: Verônica Lodge, Rose McIver e Robert Gold

Alunos:

1° Ano A - Sofia Swan

2° Ano A – Henry Mills, Tobias Clarke, Charles Miller e Molly Grayson

2° Ano B – Aaron Grimes

3° Ano C – Lizzie Potter, Amélia Potter e Ellis Evans

-Você acha que realmente vai ser bom para ela? – questiono tirando o olhar da Folha.

-Sim, eu acho. Confie em mim.

-Eu confio. – ela sorri. -E é por isso que preciso te contar uma coisa... Sobre a Sofia e o porquê de nos mudarmos para cá.

Conto-lhe detalhadamente tudo o que nos aconteceu. Em alguns momentos ela ficava com os olhos arregalados.
-Meu Deus... – murmura cobrindo o rosto com as mãos.

Abro a garrafa de vinho e ponho um pouco na taça, lhe estendo. -Eu...

-Você não sabe o que falar. Eu entendo. – falo após ver que ela não terminaria de falar.

-Obrigada...

-Há outros assuntos que preciso conversar com você. – logo após terminar de falar, espirro.

-Pode falar. – encosta-se no sofá e se vira para mim.

-Eu tenho que contar a Sofia tudo que já aconteceu aqui. Não posso arriscar e estragar minha relação com ela... Eu errei não contando sobre você e demorou um pouco para voltarmos a sermos como éramos antes, não quero errar de novo, Regina! Tenho vocês comigo mas não paro de sentir que tenho que fazer de tudo para estar perto, não posso afastá-la. – suspiro. -Quero contar que... que eu me machucava, como nos conhecemos, como nos envolvemos, quero contar que eu... – fecho os olhos por breves segundos. -Que eu fui estuprada. Quero contar tudo, ela vai compreender. Ela só não gosta quando fica sabendo das coisas por outro alguém senão eu.

-Eu concordo com você. Deve contar, será muito fácil dela ouvir algo desagradável nesta cidade, ainda há pessoas ruins aqui, Emma. – concordo.

-Mas eu preciso da sua ajuda para o fazer. – ela me encara imediatamente. -Quero que, por favor, esteja comigo quando eu contar. Eu preciso de você...

-É claro que sim, meu bem. – segura minhas mãos. -Eu farei de tudo por vocês!

Sorrio e murmuro um “obrigado”. Ficamos uns minutos em silêncio, mas ela pergunta:

-Quando quer fazer isso?

-Eu não sei. – respondo com sinceridade. -Mas preciso fazer o quanto antes.

-Se prepare, não apresse nada. Sei que ela pode ouvir alguma coisa mas você tem que estar preparada, entende? – ela olha o celular. -É o Henry.

“-Oi, querido... O que houve? – faz uma pausa e me encara. -Ela viu vocês? Henry, me responda por favor... Não faça pedido algum agora, eu quero que você me responda, por favor... Ótimo, saia daí imediatamente com a Sofia e venha para casa da Emma. – ela passa a mão no rosto, começo a ficar nervosa. -Você sempre está com fome, querido. Agora venha, sem questionar! E não deixe em hipótese alguma, Cora ver a Sofia... Tchau, amo você.”

Ao ouvir o nome desta mulher, me levanto e saio da sala. Imediatamente fiquei com raiva. Bebi um copo d’água e me apoiei no balcão.

-Eu acho melhor ir... – me viro e vejo que ela estava receosa, não se aproximou.

-Não. Me desculpa, espera eles chegarem. Eu só... ainda é difícil lembrar da Cora e de tudo que ela fez... É só isso.

-Não parecer ser só isso... – ela suspira. -Vou esperar lá fora, logo eles chegarão. Fica bem. – se vira e antes que possa sair, falo:

-Eu tenho medo... – ela me encara imediatamente e franze as sobrancelhas.

-Medo?

-É... de nos dar uma segunda chance. – solto de uma vez e ouço passos se aproximarem. -Eu tenho medo. – termino e os vejo vindo em minha direção após falarem com Regina.

-Por que tivemos que vir tão rápido? – Sofia pergunta entrando na cozinha. -O Henry não me disse nada. – ela dá um beijo em Regina e me abraça, Henry faz o mesmo.

-É, depois temos que conversar. – digo. -Explicarei tudo, ok? – ela da de ombros e assente.

-Emms, você tem cara de ser muito misteriosa... – sorrio e ergo a sobrancelha.

-Por que diz isso?

-Hum, não sei... mas parece que... – semicerra o olhos. Parecia querer explicar bem. -Sabe nos livros e filmes quando tem aquele protagonista que esconde segredos, e que não é de demonstrar o que sente? Você parece ser assim. – fico séria após essa explicação. -Parece que a vida lhe pregou peças... o que a tornou assim.

Oscilo o olha entre todos ali e paro em Regina, ela parecia tão em choque quanto eu. Abri e fechei a boca várias vezes, mas nada saiu.

-Bom, mãe, temos que ir. Tenho um trabalho para fazer. – fala por fim.

-É claro... Vamos. Me espera, tenho que falar com a Emma. – ele assente e chama Sofia para ficarem conversando por enquanto.

-Ele fez curso ou algo do tipo? Não sei, tipo Neurolinguística. – ela sorri de lado.

-Quando pretende conversar com a Sofia?

-Eu não sei, somente quis dizer que teríamos que conversar mas não sei quando nem onde. – ela assente.
-Marque um dia e vai jantar lá em casa, só... me avise.

-Ok... tenho que resolver umas coisas. Depois eu te ligo. – ela assente novamente. Abre e fecha boca mas nada sai.

-É... melhor eu ir.

-Oh, claro. Até depois. – ela sorri e se afasta.
Quando ela já estava saindo, respirei fundo e fechei os olhos.

-Eu... eu acho que também tenho medo. – abro os olhos imediatamente e lhe encaro. Regina estava com os olhos marejados. -Tenho medo que nos dê uma segunda chance e, mesmo sabendo que não quero, acabe magoando ou errando novamente. E eu sei que não vou querer isso, magoá-la, não quero errar com você. Tenho medo. Eu... eu amo você, e amo a nossa filha. Mas não conseguiria vê-las partir novamente. Eu não sei, só tenho medo. – dito isso, saiu. Poucos minutos depois, Sofia para na minha frente.

-Mãe?

-Hum...?

-Você está bem? É a terceira vez que a chamo. – franze as sobrancelhas.

-Não... estava pensando. Mas vou ficar bem. – ela sorri e assente.

-Vou estudar um pouco, terá campeonato de Matemática. Fui selecionada para participar. – assinto. -Ah, daqui dois dias eu e um pessoal combinamos de ficar estudando na casa de uma colega... posso ir?

-Que pessoal? – cruzo os braços. -Depois que combinou você vem me perguntar? Que pessoal é esse, Sofia?

-Os alunos que foram selecionados também. Eu sei que deveria pedir primeiro, mas eu pensei que fosse deixar... – fico mais séria. -Tá, eu sei que não iria deixar. Mas o Henry vai e também o Aaron...

-O Henry vai mesmo?

-Sim.

-Certo, me diga onde vão estudar e o horário que for e quando sair. Não esqueça!

-Ok, obrigada, obrigada!! – me abraça. -Amo você.

-Também amo você. – sorrio e vejo-a subir correndo as escadas.

~Dois dias depois

A mensagem de Sofia chegou indicando onde estavam e que horas sairiam. Estavam estudando na biblioteca da cidade, ótimo lugar, quase não tem gente. Explicou que não iriam para a casa da garota pois ela tem irmãos pequenos e iriam atrapalhar. Foram após largarem.

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