A volta

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Em alguns minutos após a morte de Voldemort Harry sentiu como se um grande peso tivesse saído de suas costas, como se ele fosse capaz de respirar novamente, se sentiu até um tanto vitorioso. Mas logo depois desses sentimentos ele voltou a sufocar, com um baque ele se deu conta que havia perdido muitas pessoas amadas para que essa vitória fosse alcançada  e o luto o pegou de surpresa. Ele não pensou que essa tristeza sufocante iria atingi-lo feito um tsunami, mas atingiu.

Depois da batalha Harry foi para A Toca junto com a família de Rony, ele iria ficar lá até o início das aulas, Hermione estava com os pais que haviam voltado para casa com suas memórias recuperadas. Gui, Fleur, Percy e Jorge estavam na casa dos Wesley, o que deixava Harry dividindo o quarto com Rony novamente. Tinham noites em que Harry acordava como se estivesse sufocando, então respirava rápida e pesadamente até voltar ao normal, geralmente isso acontecia após um pesadelo envolvendo a morte de alguém. Tinha vezes que nem dormia e com isso ouvia Rony chorando pedindo para Fred voltar, provavelmente sonhando. Mas por vezes Harry tinha sonhos felizes, ele sonhava com Gina, os dois deitados de mãos dadas numa toalha de piquenique sobre a grama olhando para as nuvens, ao redor tinham flores cujo perfume eram o mesmo do de Gina, e lá passavam todo o tempo, apaixonados. Quando Harry acordava desse tipo de sonho ele se perguntava se Gina estava sonhando com ele também, porém ele nunca obtinha uma resposta.

Já havia se passado 1 semana desde a batalha contra Voldermort e ele não estivera sozinho com Gina em momento algum para poderem conversar, a comunicação deles era resumida apenas em olhares discretos e sorrisos escondidos da família, não que algum deles fosse reparar, todos estavam mergulhados demais em suas próprias mentes para fazer isso. Na verdade ninguém exatamente falava com ninguém n'A Toca, todos ficavam calados nas refeições e trancados em seus quartos nas horas vagas, os únicos que saiam da casa eram os que tinham que trabalhar, menos Jorge que tinha fechado a loja por enquanto. A onda de luto havia enfestado a casa e todos sentiam isso. A única pessoa que ele realmente falava era Rony, já que ficavam trancados no quarto juntos e com Hermione, através de cartas, e Harry sabia que Rony queria ver Hermione desesperadamente, como se o que ele realmente precisasse fosse ela e Harry o entendia.

Durante uma noite da segunda semana, Harry havia acordado em um susto com um de seus pesadelos novamente. Nesse sonho ele estava na sua casa em Godric's Hollow jantando com seus pais, Sirius e Lupin quando Voldemort aparecia de repente com a sua cobra, paralisava Harry e o obrigava a assistir enquanto ele matava as pessoas que Harry amava e não havia nada que ele pudesse fazer para impedir, ele sabia que todas aquelas pessoas tinham morrido por ele, morrido no lugar dele, isso simplesmente o sufocava. Ofegante e acordado demais para dormir ele decide pegar uma água na cozinha na tentativa de acalmar os nervos. No andar debaixo, após ter terminado de beber a água e guardado o copo no armário, Harry percebe a presença de alguém no jardim, logo ele se aproxima para ver quem é e percebe que a pessoa em questão é Gina. Feliz por finalmente ter um momento a sós com ela, Harry anda até lá e se senta ao seu lado.

– Sem conseguir dormir? – ele pergunta.

– Pesadelos demais. E você?

– O mesmo.

Gina assente com a cabeça mas não olha para ele, ela estava olhando para o céu coberto pelas estrelas mais brilhantes e enquanto Harry a observa ele fica imaginando o que se passa dentro daquela cabeça ruiva.

– Olhe, Gina, eu estava querendo falar com você faz um tempo já. Queria que você soubesse que não houve um dia enquanto eu estava fora em que eu não pensasse em você, no seu cheiro, no seu sorriso, na sua voz, no seu beijo, em tudo.

– Então eu acho que seu presente de aniversário funcionou afinal. – Disse com um sorriso fraco ainda olhando para as estrelas.

– Estou falando sério, Gina. Eu pegava o Mapa do Maroto e ficava olhando suas pegadas me peruntando se dava pra você saber que eu estava pensando em você ou me perguntando se você pensava em mim também. E não houve um dia em que eu não sentisse saudade de você, saudade de nós.

– Eu senti saudades também – falou finalmente olhando em seus olhos – Eu também pensava em você todo dia e todo dia eu sentia medo por você. Todo dia eu acordava e pegava o jornal para ver se tinham te apanhado. E nas raras vezes que eu tinha notícia sua por Lupin ou por Gui eu tremia de felicidade, felicidade por você estar vivo e a cada dia que passava eu sabia que estava mais perto do dia em que voce voltaria para mim.

Os dois se encaram por um momento, cada um lendo as mensagens subliminares no olhar do outro e depois de um tempo nessa troca de olhares eles finalmente se beijam. E o beijo emanava saudade, emanava desejo, o beijo era a forma que os dois tinham de botar para fora todos os sentimentos não falados e reprimidos do último ano, o beijo era a promessa eterna de que os dois nunca mais iriam se afastar novamente. 'Decorrido longos minutos, ou talvez tenha sido meia hora, ou possivelmente vários dias ensolarados, eles se separaram', e de repente, tudo havia sido dito.

Então os dois passaram o resto da noite ali, com Gina aconchegada em Harry, no silêncio que dizia demais, com apenas o barulho de dois corações apaixonados batendo no mesmo ritmo, olhando as estrelas daquela linda noite de verão. Eles subiram quando o sol já nascia, então Harry deitou em sua cama e fechou os olhos, na esperança de ter algumas horas de sono e quando acordou no mesmo dia após horas bem dormidas, cheias de sonhos felizes, Harry deu seu primeiro sorriso verdadeiro em samanas.

Contos de Harry e GinaOnde histórias criam vida. Descubra agora