Capítulo I - A Tempestade

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"Pelo direito do sangue, o trono se tornava a parte dourada em meus pesadelos onde coroa em minha cabeça pesava em toneladas de aço."

Os limites do castelo do reino de Amorís eram minha gaiola e meus sonhos despedaçavam mais rápido que as migalhas do pão na grande mesa de madeira bruta no grande salão.

Foi em uma tarde de nuvens escuras e tempestade forte o dia em que assassinaram o rei e a coroa sem o meu consentimento foi dada a mim.

Meu destino foi encadeado com a morte de meu pai onde o tumulo se encontrava abaixo da grande árvore em um relevo de terra próximo ao penhasco onde o mar batia em seus pés de pedra e o vento era forte.

Então todo o reino mantinha suas esperanças no príncipe que ao alcançar sua maioridade iria se tornar rei sendo o único filho de sangue.

— Alteza acorde! — revirei-me na cama espaçosa. — Acorde! — tentei tampar meus ouvidos com o travesseiro ouvindo o dizer abafado. — Me perdoe príncipe, mas irei adentrar o quarto — então ouvi o ranger das portas e o burburinho da louça de porcelana sob a bandeja sendo colocada no criado mudo.

Fiz um gesto com as mãos para que a serva saísse. Remexi-me mais um pouco sob os lençóis aceitando que não poderia dormir mais. Levantei-me lentamente observando o chá de limão com mel.

O sol adentrava a janela incomodando meus olhos e alertando que a manhã havia chegado ao reino. Baguncei meu cabelo enquanto caminhava para a banheira retirando minhas roupas e adentrando a água morna.

Se eu pudesse ficar por ali me sentindo envolver pelo calor sem duvidas o faria, mas novamente alguns nobres iriam nos visitar naquele dia. Era uma "obrigação" recebê-los.

Vesti minhas roupas e hesitante eu parei a grande porta de madeira de meu quarto, a abrindo logo após uma descarga de otimismo falso que criei.

Apesar de eu achar estranhas as roupas das quais insistiam em que me vestisse; tecidos escuros com bordados em dourado, minha preocupação desaparecia ao ver que teria de lidar com um salão cheio de gente da nobreza logo à noite.

Eu não era o futuro rei dos quais muitos queriam se espelhar, diferente de meu pai. Eu era aquele com o desejo de sair do castelo a qualquer custo.

Ao entrar na sala de estudos dos quais matinais preenchiam uma parte de meu dia. meu olhar se fixava na janela, onde os pássaros pousavam e após os professores baterem com a régua em minha mesa voavam para longe, algo que eu queria poder fazer também.

Para fugir de algumas obrigações que eu julgava um tanto triviais — logo como a "dança" — decidi andar pelo castelo ao invés disso, tinham tantos lugares dos quais nunca havia visto naquele local que me sentia leigo em minha própria 'casa'.

Trilhando caminhos diferentes, próximo a uma porta de madeira não tão nova como os outros quartos centrais do castelo escutei música, burburinhos que ao me aproximar tornavam-se cantos alegres de pessoas e o som de uma flauta que mesmo um pouco desafinada parecia satisfazer quem cantava.

Girei a maçaneta que diferente das outras portas era feita de ferro e me deparei com um local espaçoso, onde faziam as refeições. Imediatamente as pessoas pararam me observando perplexas.

— Perdoe-nos vossa majestade, não pretendíamos incomodá-lo — Uma cozinheira anônima explicou-se. Os outros se curvaram enquanto ouvi os passos de alguém se aproximar.

Era um servo que parecia ter a mesma idade que eu possuía, porém sua estatura se mostrava mais alta, além de portar cabelos vermelhos e olhos acinzentados distintos e de certa forma extraordinários, era também dono da flauta da qual segurava em sua mão direita. O olhar que se fixava em mim diversificava dos lamentadores que os demais serviçais exibiam, assegurando sua dominante presença.

A Magia da Atração (Amor Doce)Onde histórias criam vida. Descubra agora