Capítulo IV - Prata

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Antes que meu cérebro estivesse lúcido o bastante eu estava acordado, era raro algo assim acontecer pois com todas as tarefas eu sempre me sentia indisposto no outro dia e acabava acordando tarde. Sentei-me na beirada da cama relembrando o que havia acontecido, e indagando a realidade.

Lembrava-me vagamente sobre algumas coisas; que talvez Castiel era servo do castelo e um bruxo; que havia alguma coisa acontecendo por trás de todo o jogo sujo da realeza; e que eu não lembrava de como vim parar em minha cama.

— Deve ter sido apenas um sonho, certo? — murmurei comigo mesmo. Ouvi alguém girar a maçaneta da porta e o ranger da mesma me fez por um momento requisitar que a visita fosse do ruivo, porém não era.

— Majestade? É difícil estar acordado a esse horário e seu rosto está vermelho, está tudo bem? — perguntou a serva, eu estava avoado, tanto por minha ilusória recente descoberta, quanto pelo beijo que eu sonhei que havia recebido daquele servo petulante, mas se tudo foi um sonho, por quê penso nisso como se realmente tivesse acontecido?

— Esta sim, Lynn, eu só tive um sonho estranho, só isso — a moça de cabelos castanhos levantou uma sobrancelha ainda não acreditando no que eu havia dito. — E o resfriado? Soube que estava doente. — disse tentando mudar de assunto enquanto eu passava a mão em meus cabelos bagunçados tentando dissipar aquela feição descrente da garota.

— Você sempre foi muito gentil — sorriu. — E estou bem, deve ter sido a mudança de clima — proferiu colocando uma xícara de chá em uma mesinha de madeira. — Seu banho está preparado aliás, tome antes que a água esfrie — avisou ainda com o sorriso gentil em seu rosto.

— Posso perguntar uma coisa? — Desviei meu olhar para seus olhos verdes que se mostravam curiosos. — Ontem à noite. . . Como cheguei aqui? — ela engoliu seco e demonstrou um sorriso amarelo.

— Bem. . . — relutou. — Quando alguns guardas te encontraram você parecia estar dormindo, como um sonâmbulo! Isso! Entende? — de alguma forma eu achei a atitude daquela serva estranhamente suspeito. — Eu preciso ir, me chame qualquer coisa! — me reverenciou e saiu pela porta apressada.

— Ei!. . . — Quando dei por mim ela já havia indo embora, estranhei esse comportamento repentino já que ela não costumava agir desse jeito, e eu nunca havia recebido nenhum comentário sobre o tal sonambulismo que ela dizia que apresentei noite passada.

Assim que me levantei fui direto para a banheira que ficava do outro lado de uma porta separada do quarto, porém no mesmo cômodo. Sempre pensei que aquele lugar era exageradamente espaçoso.

Despi-me a roupa de seda vermelha a deixando pelo chão, estava frio, meus pés adentravam a água quente e quando meu corpo quase emergido descansava naquele lugar vazio me lembrei daquele sonho. "Por quê sonhei com aquele beijo?" Pensei, meu rosto queimava e meu coração batia forte, e algo a mais em baixo da água me fez envergonhar, eu estava abismado no quão desnorteado Castiel me deixava. Eu me sentia tão ambicioso que me aborrecia. Mergulhei minha cabeça para tentar afastar esses pensamentos.

Quando percebi eu já havia saído do banho e estava vestido apropriadamente, abotoei minha camisa branca e ajeitei meu colete azul bordado em dourado, assim como meu fraque da mesma cor e detalhes. Me vestir assim era melhor do que receber uma das muitas reprimendas da rainha.

Naquele dia não haveria aulas pelo simples motivo de quê haveria um almoço ao meio-dia com meu tio Francis, a rainha e mais alguém que eu não conhecida diretamente, alguém chamada Priya, e pelo pouco que eu sei, era muito próxima do meu tio.

Como ainda havia tempo antes da tortura que era imergir em um silêncio constrangedor e costumeiro dos almoços em "família", eu havia decidido andar pelo castelo com o objetivo de esclarecer minha mente e silenciar minha inquietude que teimava em invadir a maioria dos meus pensamentos, e continuamente os desviar para a noite anterior.

A Magia da Atração (Amor Doce)Onde histórias criam vida. Descubra agora