Alguns dias depois que Gabrielle nasceu Jenni pegou-a nos braços e a levou para conhecer o sítio, tudo bem que ela se quer registraria qualquer coisa mais era uma forma de passar o tempo.
A sala era simples, com dois sofás vermelhos e um tanto velhos, a tv era pequena mas servia, havia também uma mesinha de centro e um tapete florido. As paredes era amareladas e davam a sensação de aconchego.
O quarto de Peter era o melhorzinho, com uma parede azul clara e outra rosa, pintada recentemente pois logo ele teria de dividir o quarto com a irmã quando ela fosse maior. Havia um beliche, um tapete de crochê e um guarda-roupa marrom antigo.
Já a cozinha era pequena e um tanto escassa, igual ao pequeno banheiro e ao quarto do casal que apesar da vista espetacular do horizonte era um tanto sufocante. Rústico em demasia.
Algum tempo depois Jenni se sentou do lado de fora, o céu azul estava sem nuvens e o sol raiava intensamente, com aquela aspecto rural belíssimo, e havia muitas e muitas árvores por aqui e por ali.
Nos fundos da casa, havia um lugar para os animais, um curral, um pequeno galinheiro, e uma única casinha velha onde dormiam os três cachorros. Ali o cheiro não era muito ágradavel, era sujo demais e Jenni odiava aquele lugar, até que gostava dos bichos mas, limpar tudo á deixava irritada.
Depois de pensar um pouco, Jennifer voltou para dentro, a pequena precisava mamar, mas por incrível que pareça ela ainda dormia a sono solto.
A mulher suspirou pesadamente e olhou para seu quarto, sempre tinha a sensação de sufocamento, e pensando bem houvera um tempo em que ela achava que merecia mais, muito mais. Agora depois de tanto anos, ainda tinha a mesma sensação.
De que adiantava morar perto de uma cidade com mais de cinco milhões de habitantes se não moravam nela de fato, de que adiantava estar tão perto de Dallas se seu marido continuva insistindo em morar num sítio no meio do mato.
Nada, nada mudava, Michael tinha as mesmas idéias retrogradas de sempre.
Aquilo continuaria assim até quando?
Os primeiros anos da menina foram ótimos, ela era lindíssima desde muito cedo, e muito inteligente apesar de estudar em casa. Outra mania boba de Michael, mas a mulher não podia discutir ela tinha trabalhado numa escola quando jovem e era capaz de ensinar seus filhos a ler e escrever muito bem e apesar disso as coisas iam bem, normais na verdade.
Jennifer era uma boa mãe, e Mike apesar de meio bruto também era um bom pai.
Mas logo Gabrielle soube, o irmão era a pessoa mais maravilhosa do mundo! O amor dos dois crescia mais á cada dia, ele era um garoto doce, obediente e tão cuidadoso com a irmã que a primeira palavra dela foi 'Pete.'
As coisas continuaram normais por um certo tempo, mas logo Gabrielle completou oito anos e a vida começou a tomar rumos diferentes.
- Gabrielle! Pare de inventar história, por favor! - pediu a mãe.
Peter estava sentado no chão ao lado dela, observando-a atentamente, Gabi crescera rápido demais pro seu gosto, tinha cabelos castanho claros, quase loiros caindo em ondas até o meio das costas e tinha os olhos de um verde que ele nunca tinha visto antes. Era bonita, mas ele sentia falta daquela bebê que ela fora, engatinhando por toda casa, e rindo de tudo, ou berrando quando não encontrava o irmão que era sempre o melhor e o mais paciente com ela.
- Mamãe eu no to mentindo, eu juro! Um daqueles amigos do papai que veio jantar aqui outra noite, não era normal. Ele tinha uma rosto estranho mamãe, era verde e olhos eram dois buracos pretos.- choromingou a menina.
Jennifer espalmou a mão sobre a testa, estava com uma baita dor de cabeça e a filha a estava deixando louca.
- Rosto verde Gabi? O que acha que ele era, um alienígena? - perguntou olhando para o outro filho, Peter.
O garoto era tão bonito quanto o pai, cabelos pretos, olhos castanho escuros e a pele bronzeada. Tinha apenas treze anos e no entanto era alto, forte e obediente.
Um orgulho.
- Ja chega garota, vá pra cama ou deixo você fazendo dever a noite toda! - falou muito nervosa e saiu do quarto dos filhos.
Ela foi pra sala, sentou-se no sofá e olhou para o marido que lia uma velha edição do jornal Dallas Morning News.
- Como ela está?
- Ela continua repetindo a mesma coisa, rosto verde, buraco no lugar dos olhos. É sério querido, eu não sei o que fazer! Outro dia ela me disse que estava ouvindo vozes e ruídos estranhos.
- Jenni você não acha melhor levarmos ela no médico? - sugeriu Michael folheando seu jornal.
- Médico? Ora Michael, nenhum médico vai dar jeito nessa menina. Além disso a cidade é grande e não temos dinheiro.
- Ok, talvez uma boa surra resolva!
- Não exagere, homem. - ela disse de olhos arregalados.