Em seu quarto Gabrielle chorava, quietinha e encolhida na beliche de cima, que era a de seu irmão.
- Hei, não chore Gabi se não eu fico triste. - disse Peter carinhosamente afagando seus cabelos.
- A mamãe e o papai me odeiam! - murmurou em soluços.
- Não é verdade, eles só estam preocupados com você.
Gabrielle esfregou o rosto de um jeito irritado e disse : - Então por quê acham que eu tô mentindo Pete?
- Por que os adultos são assim mesmo, sempre acham que as crianças estão querendo chamar atenção. Mas não se preocupe, hoje eu fui até a cidade, peguei uma carona no onibus dos trabalhadores e fui numa biblioteca procurar uns livros.
- Humm legal, por isso cê sumiu hoje a tarde. Pensei que estivesse fazendo outro trabalho pro dono daquela fazenda que fica alguns klms daqui.
- Sim, eu disse pra mãe que ia lá então nem comenta. De qualquer jeito eu fui e pesquisei um pouco sobre essas visões que você tem.
- Vai fala logo! - ela pediu ansiosa.
- Bom, foi confuso tinha muita bobagem escrita, mas teve um que falava de médiums e sensitivas. E o lançe das sensitivas é bem parecido com o que você conta.
Ela sorriu abertamente, por que mesmo a palavra não significando nada, so Peter era capaz de mentir, pegar um onibus e ir até uma cidade enorme atrás de uma biblioteca fazer pesquisas por causa dela.
- Eu posso ta errado, mas acho que é isso que você é. Eu até pensei em trazer esse livro pra cá ou copiar numa folha alguns trechos mas desisti.
- Ué porque? Era muita coisa pra copiar? - indagou pensativa.
- Não é isso Gabi, já pensou se a mãe ou o pai descobrem? É bem capaz da gente apanhar...
Ela riu, nem ligava pras cintadas do pai era melhor do que passar noite após noite sonhando com aquele fogo, com aquela... Chega! ordenou a si mesma, seu coração já estava martelando alto só de lembrar. Além disso não queria que o irmão apanhasse por sua causa, isso não.
- Você tem razão Pete, melhor você ler de vez em quando e depois me contar.
- Não fica triste não, Gabi eu vou ler tudo que eu puder e olha a moça da biblioteca está me ensinando a mexer num computador, e quando eu aprender mais, vai fica fácil descobrir mais coisas.
- Quando eu for maior você me leva com você?
- Sim eu prometo. Agora vamos dormir tá? - ele disse dando um beijinho na testa dela.
- Tá, eu te amo Pete. Mais que tudo, mais que a mãe e mais que o pai. - e ela o abraçou antes de descer pra sua cama.
- Também te amo, vou cuidar sempre de você pequenininha. - ele disse apagando as luzes, estava entristecido Gabi não merecia isso, caramba era só uma criança. E papai e mamãe nao entendiam nada, nem tentavam! Droga! pensou, mas tudo bem, ela tinha ele, sempre teria. Eu sempre vou protege-la... ele pensou pouco antes de adormecer.