Guardião

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Jakar queria entender onde Raphaelle estava.

Ele estava naquele balaustre há horas esperando a moça voltar pra casa. Seu coração apertado. E piorou quando sentiu uma presença muito forte vindo em direção à casa.

-Jakar! Jakar, ajude.

A pobre ave entrou em desespero ao ver Belial carregava Raphaella nos braços. Voou para dentro, indicando o sofá para o ex-anjo. Agarrou uma coberta com suas patas diminutas e cobriu a moça, pousando no braço do sofá, próximo à cabeça dela.

-Belial... O que aconteceu? Por que ela não respira?

- Eu queria ver a Raphaelle... Ela correu de mim, e eu achei que ela estava brincando como nos Velhos Tempos... Mas ela começou a ficar pálida, perdeu as forças e... Jakar, o que eu faço? Eu quero salvar a Raphaelle.

-Engraçado ouvir isso do Senhor da Loucura.-O demônio olhou para Lilith, que estava parada na varanda, diante da porta de entrada.-Olá, Belial.

O demônio abriu um sorriso presunçoso, se sentando no chão, apoiando as costas no sofá. Lilith não se enganaria por aquela postura relaxada. Belial atravessaria uma espada em seu peito se a encarasse como uma ameaça.

-Não consegue entrar, Lily? Que peninha... Que tal voltar para sua corjinha de bruxos e nos deixar em paz?

-Quem é essa garota? Ela tem me dado dor de cabeça!

- Não é da sua conta.-O demônio ouviu a moça começar a respirar melhor.-Pode ir embora.

-Responda Minha pergunta, infeliz!

Madame Satã ficou irada com o silêncio do demônio, que permaneceu com aquele sorriso debochado até os dedos delicados da moça tocarem seu rosto.

-Beli... Al...

-Rapha?- Ele se ajoelhou, e usou seus poderes para bater a porta e impedir Lilith de continuar vendo a cena. Jakae em um voo rápido fechou as cortinas e ativou o encanto de silêncio da casa, antes de pousar, deitado de asas abertas no peito da morena.-Raphaelle, você precisa respirar... O que está acontecendo? Me diga...

-Cale a boca!-A coruja ralhou com o demônio, bicando sua mão com força.-Deixe-a quieta. Isso é culpa sua!

-Jakar... Por... Favor...-A moça pediu, ainda tentando respirar.-Não brigue... Não... Brigue...

-Desculpe, Rapha... Belial! Pegue água na cozinha. Faça algo de útil!

O demônio se moveu, indo até a cozinha e voltando com um grande copo cheio, desajeitado. Isso fez a mulher rir, enquanto ele a ajudava a se sentar também, entregando o copo.

-Obrigada...-Ela bebeu um pouco, ainda tentando respirar.-Que bom te ver, Belial...-Ela deu um sorriso fofo antes de fazer um carinho no rosto do demônio.-Não sabia que estava lá... Eu...

-Rapha.-Ele segurou a mão dela com cuidado.-Você não tem nada com o que aconteceu.

-Eu não sei...-Os olhos dela encheram de lágrimas.-Eu não estava mais lá.

-É por isso que não deve sofrer isso.

Ela sorriu, jogando os cabelos negros para trás.

-Você... Aceita um café? Temos muito o que conversar.

-Com certeza!

•~🦇~•

Ambrose estava quase tendo uma síncope, quando o telefone da Mansão Spellman tocou. A forma como ele desceu as escadas surpreendeu a todos os bruxos na sala.

Ele, praticamente arrancou o aparelho do gancho, colocando na orelha.

-Mortuário Spell...

-Respire, meu bem.-O bruxo sentou no chão. O rosto aliviado, com um sorriso muito fofo.-Me desculpe por assustar você.

-Onde você está? Como você está?

-Estou em casa. Eu sei que te devo algumas explicações.-Os demais bruxos estavam em um silêncio sepulcral, mas não podiam ouvir o que a mulher dizia do outro lado da linha.-Quando eu posso ir?

-Quer vir agora? Eu espero você lá fora.

-Mas... Não tem um monte de bruxos aí?

-Isso não impor... Tia Hilda!

A bruxa colocou o telefone na orelha, ouvindo Raphaelle rir.

-Meu amor, como você está? O que aconteceu? Você está respirando melhor?

-Eu estou bem, tia Hilda. Me perdoe pelo susto. Peça desculpas à tia Zelda também, por toda essa confusão. Não sei quem eram os bruxos que estavam aí, mas acho que eram gente importante.

-Oh, querida. Você é uma graça.-A bruxa deu uma risadinha.-Você vem jantar conosco?

Em sua casa, a morena deu um sorriso sem graça, acomodada dentro da banheira quentinha. Antes de suspirar baixinho.

-Eu vou sim, tia Hilda... Eu só... Talvez não tenha todas as respostas que você querem. Tudo bem?

-Eu só quero que você venha passar a noite aqui. Essa falta de ar me preocupa, mocinha. Pode deixar, ninguém vai pressionar você. A tia Hilda promete.

Zelda pegou o telefone de sua irmã, lhe dando um olhar atravessado, típico de si mesma, ouvindo Raphaelle rir do outro lado.

-Você precisa que alguém vá te buscar? Não deve vir andando. E se tiver outra falta de ar e desmaiar?

-Tudo bem, tia Zelda. Eu estou bem. Me perdoe por preocupar a senhora, e por atrapalhar sua visita. 

-Você não fez nada de errado.-A ruiva suspirou.-Não quer mesmo que eu mande Sabrina para acompanhá-la?

-Não precisa, tia Zelda. Pode ficar tranquila. Eu devo chegar mais ou menos daqui uma hora. Tudo bem?

-Ótimo. E traga roupas. Como Hilda disse, você vai passar a noite aqui, até termos certeza de que esse episódio de falta de ar não vá se repetir. Uma hora. Ou mando alguém procurar você.

-Sim, senhora. Obrigada por tudo, tia Ze.

A ruiva desligou o telefone, olhando para o sobrinho, com a sobrancelha arqueada.

-Vá limpar aquele seu quarto, Ambrose. E Hilda, você prepare algo para Raphaelle. De preferencia um caldo com alguma coisa magica para aqueles pulmões. Ela logo estará aqui.

-Sim, tia Ze.

O bruxo subiu novamente, indo arrumar o próprio quarto. Enquanto Hilda sorria e ia apra  acozinha, cantarolando. Faustus e as Irmãs Estranhas ainda olhavam para a ruiva, atonitos.

-Zelda... O que é essa menina?

-É o que vamos descobrir. Mas não seja grosseiro com a menina, Faustus. Vai tirar mais dela se for gentil.

O sumo sacerdote aceitou aquela alfinetada. Enquanto as Irmãs Estranhas pensavam que tinham meios próprios de fazê-la falar. Como faziam com todos os calouros da Academia de Artes Ocultas.

Ou, ao menos, acreditavam isso.

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⏰ Última atualização: Apr 05 ⏰

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