Testemunhados por Estrelas

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Ambrosie terminou o chá gelado que passou a tarde toda fazendo, sob os olhos atentos de Zelda e Hilda.

Quando eram quatro da tarde em ponto, ele ouviu as risadas de Sabrina e Raphaelle na curva da estrada.

Hoje a mais velha trajava um vestido azul bem clarinho, quase branco, com um decote coração, ao melhor estilo dos anos cinquenta. As duas usavam parcas jeans e coturnos de verniz pretos, o tempo estava meio frio.

Uma cesta de vime coberta por uma manta azul-marinho estava em um dos braços da morena. Os cabelos castanho-escuros estavam trançados e os lábios estavam pintados de lilás.

-Ambrosie!-Como sempre acontecia, a morena acenava pra ele antes mesmo do portão, e ele ia recebê-la no primeiro degrau das escadas.-Oi!

Ele ganhou outro abraço, daqueles confortáveis que tanto gostava. Ela estava molhada do chuvisco daquele dia. Estava gelada.

-Vem, você precisa colocar alguma roupa quente. E seca.

Os três entraram em casa e Ambrosie foi buscar uma camisa de flanela mais quente e longa. Hilda obrigou a moça a tomar um banho bem quente, e fez um chá com ervas curativas para ela e Sabrina. Não queria nenhuma das duas doente.

O necromante a achou particularmente bonita com sua camisa, especialmente porque os três botões abertos lhe davam um vislumbre bonito do vale dos seios. Além das tatuagens nas pernas.

Eles decidiram fazer um piquenique no hall de entrada da mansão. As comidas que estavam na cesta de vime ainda estavam mornas e cheiravam na casa toda. Hilda claramente se uniu a eles, empolgada. E Zelda sentou em uma poltrona próxima, para vigiar a mortal.

Eles comeram até demais e no fim estavam os quatro deitados no tapete felpudo do hall, rindo e conversando. Mesmo a austera Zelda Spellman estava achando a cena divertida.

O telefone tocou em algum momento da tarde, e não demorou para Harvey aparecer ali também, o que não demorou muito para ocupar Sabrina.

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Eles ajudaram Hilda a preparar o jantar. Um ensopado de legumes e frango. Até a bruxa os expulsar da cozinha, quando tudo já estava devidamente no fogo. Ela queria que seu sobrinho pudesse desfrutar ao máximo da companhia da moça.

Ambrosie e Raphaelle foram deitar na grama, protegidos da água por uma lona antiga e a manta azul que ela havia trazido mais cedo. As estrelas brilhavam de forma intensa, era uma noite sem lua.

-Dizem que, aqui da terra, só podemos ver os fantasmas das estrelas...

Ambrosie sorriu para o comentário. Eles estavam em silêncio a alguns minutos, apenas olhando o céu estrelado. Raphaelle sempre tinha uma curiosidade para contar a ele. As vezes a criatividade humana o impressionava.

-Você acredita nisso, Raphaelle?

-Não. Estrelas não tem espírito. Como poderiam se tornar fantasmas?

-E se usarem o termo "fantasma" no sentido figurado?

-Então o sol também seria um "fantasma". Ele está em combustão todo o tempo. E mesmo.assim muitos o veneram... Um dia ele vai parar de queimar e será uma estrela morta, como tantas outras perdidas no universo. E para onde a fé dessas pessoas irá?

-Não sei, Raphaelle... Por que estamos mesmo discutindo isso?

Ela sorriu, virando de lado, para ele.

-Não estamos.-Os dedos longos vieram para o rosto do necromante, acariciando com cuidado.-Estava muito quieto e eu queria fazer você interagir comigo.

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