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No dia quente
Eu vesti um sobretudo
Preto, toda de preto.

Sala escura, vela na mão,
Olhares assustados,
História triste.

Voz de choro,
Gestos melancólicos,
Procissão.

Uma cena
De uma peça
Que marcou.

No dia frio
Vesti TNT, pés descalços
No chão molhado.

Pintaram meu corpo,
Trançaram meu cabelo,
Me embonecaram.

Assustei alguns,
Admirei outros,
E ainda outros riram.

Apesar do frio
E de quem não entendeu,
Minha alma sorriu.

Uma performance que fez história
Nos corredores da sociedade
Conservadora.

No último dia,
Coisas óbvias sobre música
Me ajudaram a escrever melhor.

Só é óbvio
Depois que é dito.

Talvez nada
Nem faça sentido
Pra mais ninguém,
Mas pra mim faz e
Meus olhos brilham.
Aos poucos
Me formo artista
E minha criança
Regozija.

InefávelOnde histórias criam vida. Descubra agora