capitulo 11; carta, surpresas e mentiras

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Eu odeio como eu me preocupo tanto com os problemas alheios, e esqueço completamente dos meus. De como eu me importo e movo o mundo por outras pessoas, mas nunca faço isso quando se trata de mim mesma. Eu odeio essa parte de mim que é ansiosa, que me faz ter crises, essa parte que não consegue parar de pensar logo no fim das coisas. Eu só queria ser como aquelas pessoas que não planejam nada, só deixam a vida levar.

Será que a cabeça de alguém já explodiu de tanto pensar? Por que, se isso é possível, a minha já deveria ter explodido a séculos.

Estou deitada na minha cama com os pés na parede, por fora estou em silêncio, mas minha mente está mais barulhenta do que um show de eletrônica. Durante o dia, treinei o bastante para me fazer parar de pensar nos problemas enquanto Visão e Viúva me ensinavam alguns golpes, e eu sempre fracassava em faze-los. Agora o céu já escureceu, indicando que a noite chegou, e eu não estava nem um pouco empolgada para levantar da minha cama.

Até ouvir batidas na minha janela.

Já tendo certeza de quem era, saltei da cama para desligar o alarme e quando voltei, ele já estava deitado na minha cama, parecia desolado. Me aproximei mais dele e tirei sua máscara devagar. Percebi que ele não iria dizer nada então não forcei, apenas deitei-me ao seu lado em silêncio.

— Eu sou um péssimo herói. —, ele começa a falar depois de alguns minutos.

— Por que acha isso? —, perguntei, me revirando na cama.

— Eu posso até ter pegado o vilão e ter feito atos heróicos, mas Liz era minha amiga e ela está sofrendo! Como eu posso ser o amigo da vizinhança, se não consigo ser um bom amigo nem para ela? —, ele desabafa se levantando da cama e olhando para mim com tristeza, balançando as mãos freneticamente.

— Você não é um amigo ruim, Peter. Você não vê? Tudo isso que você faz, arriscando sua própria vida, todos os dias, para deixar seus amigos em segurança. E eles nem sabem disso! Faça mil favor, eu daria tudo para ter um amigo como você. —, eu disse me levantando também, segurando suas mãos.

Fui surpreendida quando ele me puxou para um abraço, não tive reação nos primeiros segundos, mas retribui depois. Ele encostou sua cabeça no meu ombro e me abraçou mais forte. Eu estava tão confortável naquele abraço que cogitei a ideia de morar nele. — Obrigada. Por tudo. E você não precisar dar tudo, você já me tem.—, sorri com aquelas palavras.

Nos soltamos do abraço e ficamos encarando um ao outro. Eu nunca tinha percebido quantas sardas ele tem e o quanto ele ficava ainda mais bonito com elas, ficamos um bom tempo assim, sem dizer nada um ao outro. Até abrirem a porta.

— Estou interrompendo alguma coisa?—, Tony diz, semicerrando os olhos.

— Nada. —, Peter diz rapidamente.

— Só estamos conversando por telepatia. Nada demais.—, eu disse sarcasticamente.

— Vocês são estranhos. Mas enfim, você foi no sítio ler a carta?—, ele pergunta.

Não tinha ido ontem pois eu estava com medo do que poderia ter na carta, não fui hoje pelo mesmo motivo. A morte a minha mãe foi um baque para mim, depois do que aconteceu eu me fechei completamente durante muito tempo, até com ajuda melhorei. Eu não posso simplesmente jogar álcool na minha ferida, que por acaso, ainda está bem aberta.

— Ainda não.

Ele assentiu, nem precisando perguntar o por quê. Tony saiu, restando apenas eu e o aracnídeo no quarto.

— É falta de educação eu querer saber que carta é essa? —, ele diz.

— Minha mãe deixou uma carta para mim no sitio. Eu estou morrendo de medo de lê-la.

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