Mary e Lana são irmãs e filhas de Abraham, Mary carrega muitos segredos e sangue em suas mãos, sua irmã é em teoria uma adolescente normal apesar de sua audição aguçada. Sua familia passa de geração a geração certos "poderes" para acabar com parte d...
Não preguei os olhos essa noite, normalmente eu faria alguma coisa pra me destrair, porém, nada me pareceu bom o bastante.
Lana- Não dormiu?
-O que?
Lana tinha acordado, ela dorme como uma pedra.
- Eu suponho.- A olhei com tédio.
Lana- Precisa parar de fazer isso.
- E o que eu faço, falar é fácil.
Coloquei minhas mãos nos olhos, me permitindo respirar fundo pela primeira vez hoje.
Lana- Escola nova, eu acho.
Lana se espriguiçou e foi ao banheiro, eu não arrumei meu material, eu até aproveitaria para arrumar agora, mas, não tenho forças.
Abraham- Ainda dormindo?- meu pai aparece do além, e semi-nu por algum motivo.- Pensei que estaria animada.
- Oh sim, eu estou super animada, como descobriu?
Finalmente me levantei, Lana saiu do banheiro, com cara de confusão.
Lana- Perdi alguma coisa?
- Nada fora do comum.- Meu pai bufou e saiu do quarto.
Me vesti e desci as escadas, aparentemente nenhuma surpresa, além de uma mulher desconhecida na minha casa comendo da minha comida, sentada na merda da minha cozinha.
- Qual é o nome dessa vez? Ou essa veio aqui uma vez e eu não me lembro, refresque a minha memória.
Abraham- Está batendo meta de babaquice? Está se superando.
- É só uma meta diária, queria que visse a mensal. Mas e ai? Qual é o seu nome, boneca?
Ouvi a mulher murmurar um "Lucy" timidamente, me senti mau por ela.
Abraham- Já é o bastante por hoje, pra escola, já! - disse apontando para a porta de saída.
- Ta incomodado porque?- o ignorei completamente, talvez tentando fingir que o meu pai defendendo uma mulher aleatória não me afeta emocionalmente.
Consigo sentir o olhar de ira do meu pai em minha alma, mas infelizmente não me abala.
- Você age como a porra de um adolescente, pai, lide com isso.- Até eu senti essa no coração- Melhor esquecer, Lucy, não vale a pena.
Sai de casa como se não tivesse falado a coisa mais cruel que um filho poderia dizer ao pai, não me sinto totalmente culpada, pois estou certa, mas escolhi o momento errado. Lana estava de pé ao meu lado no ponto de ônibus, sentia que ela queria dizer alguma coisa, e eu sabia o que era.
Meu pai nem se dá o trabalho de levar suas filhas para a escola, diz que é trabalho ou está chapado demais para falar alguma coisa, ele é um "grande exemplo de pai", eu riria disso se não fosse trágico.
- Você não acha estranho que o nosso pai não faz o mínimo pra tratar a gente como filhas? Tipo, me incomoda.
Lana- Desde quando se importa com isso?- senti uma pontada no coração.
- Desde que eu sai da barriga da nossa mãe, ou sua mãe, chame do que quizer.
Lana- Não quero conversar agora, me deixa.
Lana colocou seus fones novamente, eu soltei um "ok", Lana conseguia me deixar irritada quando quer ou não. No ônibus Lana não soltou uma palavra sequer durante o caminho inteiro, é como se eu tivesse dito aquilo pra ela e não para Abraham, ela realmente acredita que ele se importa com ela.
Lana- Ei! Vamo sair.
O tempo passa muito rápido, o que decepcionante ás vezes, gosto de ouvir música enquanto estou em movimento, é bem triste quando esse sentimento acaba, deprimente.
- Essa escola é muito feia, parece que alguem se matou aqui.
Lana- De onde você tirou essa idéia?
- Não quero entrar.- olhei Lana com tristeza.
Lana- Tem tempo o bastante para ficar aqui, eu vou entrar e me enturmar, ou tentar pelo menos, "cê" que sabe.
Lana deu de ombros e foi em direção a entrada, bom, se eu tenho tempo. Olhei no relógio e calculei quanto tempo eu teria pra fumar um baseado, minha cabeça parou de funcionar de repente, me sentei num lugar minimamente escondido e duvidoso. Eu odeio bolar um beck, acho perda de tempo, demora pra caralho e as vezes nem dá certo, mesmo assim, bolei dois, um pra agora e outro pra casos de emergência, guardei um no meu sutiã, acendi o esqueiro e deixei a mágica acontecer, espero que essa merda de roupa não pegue cheiro.
Eu meio que secretamente compro maconha com um amigo do meu pai, ele é tipo uns 10 anos mais velho que eu, ele é gente boa, bonitão e tal, já tive um rolo com ele uns anos atrás, apesar de ter 16, caí nas ladainhas daquele filha da puta, eu odeio lembrar disso, mas ele é a unica pessoa que eu consigo desabafar e pedir conselho, que merda.
- Isso é maconha?- Tava bom demais pra ser verdade.
- Algum problema, animal?
O garoto pareceu se encolher um pouco, fui grosseira demais
- Quem é você ein?
- Eu que te pergunto- olhei séria para o garoto no intuito de assassinar ele agorinha mesmo.- Meu nome é Arlo.
- Ahn, oi, Arlo, eu sou a aluna nova, que dizer, uma das alunas novas- estendi a mão para o garoto- Mari
O garoto tinha um olhar penetrante e desconfortável, sentia vontade de soca-lo.
Arlo- Ok, Mari- ele apertou minha mão- Posso fumar com você?
-Eu suponho- olhei para as horas- sente-se.
Ele se sentou ao meu lado, ofereci o beck que o garoto aceitou de bom grado.
Arlo- Então.. o que te traz fumar um agora?
- Por que não? Quer dizer, é um bom começo de dia.
Arlo- Pois é.
Ficamos em silêncio, o beck acabou mais rápido que eu esperava, rimos de vez em quando, nada demais, Arlo parece ser um garoto bom.
- Bom, eu vou nessa, não sei você.- me levantei arrumando minha roupa.
Arlo- Parando pra te olhar melhor, você é bonitona.
Foi um comentário idiota, mas fiquei com dó dele depois que pensei numa resposta vinda de mim mesma na minha cabeça.
- Obrigado, eu acho, esquisitão.- peguei minhas coisas e sai andando antes mesmo de Arlo formar uma reposta.
A sala estava meio vazia, o sinal já havia tocado, porém, haviam uns 7 alunos, contando com Lana, que já estava se enturmando com um bando de riquinhos, Lana é um tipo de pessoa que mente sobre a sua vida inteira, já vi isso acontecer umas 10 vezes, já sei no que vai dar, estarei preparada para ver ela chorando em casa. Num piscar de olhos, centenas de adolescentes retardados, empurravam uns aos outros, gritavam, totalmente ridículo, patético eu diria, não que eu seja uma pessoa sem felicidade, quer dizer, eu sou uma pessoa triste, mas sei me divertir.
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