O Preço da Vingança

Capítulo 5

Depois que a criança foi embora o silêncio tomou seu cargo de volta, apesar de estar cansada não consigo pregar os olhos, demorou muito para eu poder ter um momento de paz na minha cabeça.

Acordei em um lugar luminoso, meus olhos demoram para se acostumar, me levantei do chão frio, as cores tomam conta da minha visão, sons de crianças rindo e gritando alegremente, é uma festa de aniversário, o tipo de festa que eu nunca tive, talvez porque nunca tivéssemos dinheiro o bastante ou amigos além da minha irmã. Olhando para a janela, tem crianças brincando de amarelinha, pega-pega, bonecas, piratas, senti a nostalgia encher meu coração, sinto falta da inocência e paz que havia naquela época, tem criança brincando nos fliperamas coloridos na sala ao lado, faz tempo que não via isso. Senti algo puxando minha blusa, olhei para o lado não vendo nada, mas em baixo...

- Aniki, eu quero ir para casa.

Uma garotinha de cabelos ruivos e olhos cor de mel, ela vestia um vestido roxo de mangas longas com a estampa de coração com algo escrito em dourado, o vestido me parece familiar, mas, ela me chamou de Aniki.

- Quem é você? seus pais não estão aqui?

- Eu não sei onde estou? Não sei onde meus pais estão, me leva pra casa, por favor.

- Eh...

Olhei para os lados procurando algum adulto, há apenas crianças por todo o lado, onde estão os adultos?

- Olha, eu também não sei onde eu estou, não sei onde meus pais estão também, vamos tentar sair daqui.

Ofereci minha mão para a garota que segurou meu anelar e mindinho.

- Eu estou com medo.

- Eu também...

Tentei achar uma entrada, não tem nenhuma porta por onde todo mundo em teoria teria entrado, mas, não tem nada, o plano B seria procurar uma saída de emergência, após procurar por minutos encontrei a tal saída, porém, a garota me segurou.

- Não quero ir ali.

- O que? Por que?

- Tem alguma coisa ali.

A garota apontou para a porta, senti algo me observando de lá, realmente tem algo de errado ali.

- Mas é a única saída, vamos ter que ser corajosas, você consegue?

- Acho que sim, promete não largar minha mão.

- Prometo.

Dei um sorriso forçado para ela, andamos lentamente para a porta, segurei a maçaneta com receio, ao abrir.

- Mas que merda...

- O que é isso, Aniki?!

A visão de uma cidade com prédios altos, a neblina me proibia de ver até onde os prédios vão, mas esse clima estranho é o de menos agora, pessoas de cabeça para baixo paradas no céu, olhei para algo se movimentando no céu entre as pessoas, vi seus olhos fundos e seus dentes afiados que transformaram seu sorriso mais medonhos, senti minhas pernas tremerem de pavor enquanto o ser gigante se aproximar de nós.

- Porque tenta escapar de mim?

- Fique longe, por favor.

- Com quem acha que está falando?

O ser me pegou com sua mão gigante me levando até o seu rosto, sua mão me apertava mas o choque me fazia não sentir a dor.

- Não se esqueça, não tem como escapar de mim, se você tentar, eu vou te caçar, te devorar, e fazer você nunca mais esquecer meu nome.