SEGREDOS: Frágeis.

Você pode me perdoar, Padre?

     Quarta-feira pela manhã, Noah e seu pai se dirigem até o centro da cidade para comprar algumas coisas que a Sra. Luca tinha pedido.

      Os Lucas já estão comprando as decorações para as festas de dezembro, mas Noah não está ali para isso. É claro que sua intenção é parar de pensar em tudo que lhe aconteceu no final de semana. Ele só desejava sair de casa com alguém e seu pai foi a primeira e única pessoa que o convidou para ir a algum lugar.

      Ele fica esperando no estacionamento do Cercadão, tomando um pequeno banho de sol, enquanto o Sr. Luca está lá dentro. De repente alguém coloca as mãos sobre seus olhos.

      Noah se assusta e dá um pequeno pulo.

      — É um assalto!

      Ele se livra das mãos, pulando para frente.

      — Calma, Noh. — Erik sussurra, sorrindo por ter conseguido assustá-lo. — Você estava dormindo em pé. Alguém poderia fazer algo contigo.

      — Não tem graça. — Noah bufa, tentando se recuperar do susto.

      — O que você faz aqui? — Erik se encosta no capô do Range Rover Evoque de cor preta do Sr. Luca. O carro que futuramente será de Noah. Claro, se ele conseguir tirar a habilitação.

      — Compras. — responde Noah, sem dar muita bola para Erik, que cruza os braços, curioso.

      — Está comprando o que aqui fora?

      — Meu pai está lá dentro comprando, Erik! — ele rosna, inquieto por não querer conversar com ninguém.

      Ainda mais se esse alguém for Erik Pacheco, o menino que foi extremamente rude dias atrás e apareceu do nada, e com pessoas estranhas, no funeral de Tommaso.

      Noah se senta na quina da calçada que divide o estacionamento e observa as tatuagens que Erik tem nas mãos. 

      — Gostou?

      — Razoável — ele responde dando pouca atenção, mesmo quando o que ele mais quer é elogiar as tatuagens. — mas gostei da caveira. — murmura, olhando para as mãos magras do garoto.

      — Acho que você gostou de todas... — responde Erik, olhando agressivamente para os olhos de Noah.

      Noah não se orgulha por achar que Erik está muito bonito com a blusa da Nike e sua calça preta. E odeia admitir que suas tatuagens são muito bonitas e que seu olhar agressivo é assustador, mas sensual.

      Ele volta a sua atenção para o chão do estacionamento.

      — Vocês não sabem mesmo disfarçar... — Erik fala, desencostando-se do carro e dando pequenos passos para longe de Noah.

      — Hum?

      — Você e seus amigos não sabem disfarçar quando estão olhando para mim! — grita. — Se cuida, Noh! Nos veremos mais tarde!

      Noah o ignora e volta a tomar o seu banho de sol. Algumas nuvens atrapalham, mas ainda assim ele continua lá.

      Noah não consegue pensar em mais nada a não ser nas mensagens estranhas que anda recebendo. Ele até pensou em responder, mas tem medo de que a pessoa se enfureça e realmente faça algo pior do que já está fazendo.

      Pelo visto Tommaso estava se metendo com alguém que realmente era perigoso, um mafioso, um chefe de quadrilha ou até mesmo um psicopata. E Noah se apavora por nunca ter ouvido nada em relação a isso, nem sabia que Tommaso estava se encrencando. E ele sente-se impotente, por não conhecer a pessoa que o atormenta.