Qual é a senha do meu Facebook, Tommaso?

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      O telefone de Erik tinha vibrado duas vezes seguidas, mas é na terceira vez que ele se rende pedindo licença para sair um minuto.

      Noah se sente um pouco desconfortável por ter que ficar sozinho e seus olhos ainda procuram pelo assassino de Tommaso, mas todos na sala estão vidrados no filme, parecendo não dar importância para a sua existência — não a ponto de querer atormentar seu sossego como anda acontecendo.

      Alguns minutos se passam. Erik volta com uma expressão abalada. Ele agarra-se ao braço de Noah e se ajeita para falar perto do seu ouvido.

      — Você está com seu celular aí?

      Ele confirma balançando a cabeça, enquanto perde seus sentidos com a grande aproximação de Erik. É claro que se Noah estivesse de pé, cairia no chão feito um saco de batatas vazio.

      — Então, — ele se afasta um pouco — precisamos conversar porque aconteceu uma coisa que não foi nada legal. Podemos ir lá fora?

      Noah pega sua jaqueta e confirma, se levantando.

      O clima lá dentro fica mais tenso agora com o silêncio deles dificultando qualquer pensamento de Noah.

      Eles descem as escadas e Noah nota que Erik procura por alguém, mas ele não se importa tanto porque Erik pode estar tentando ver um grupo de meninas que conversam baixinho no canto da segunda fileira, ou tentando encontrar algum conhecido.

      "Tudo menos o assassino de Tommaso."

      Impossível ele saber as mesmas coisas que Noah, pois ele não viu e nem deve ter noção do que está no celular, então isso descarta o pensamento de que o assassino de Tommaso também atormenta Erik diariamente.

      Erik bate forte na porta de madeira da sala, empurrando-a para atravessar. Ele solta um grunhido aliviado, como se estivesse sem ar por muito tempo. E talvez até estivesse.

      — Então... 

      Noah tenta não entrar em pânico com o melodrama de Erik, mas parece que os segundos estão se arrastando.

      — Você não mexeu no seu celular em nenhum momento lá dentro? — Erik o questiona, analisando.

      — Na-não...? — Noah responde procurando pelo celular e se acalmando ao encontra-lo no bolso da calça.

      — Tenta entrar no seu Facebook...

      Noah obedece puxando o aparelho para fora com movimentos lentos e desconfiados. Ele não sabe até onde Erik quer chegar e seu semblante é de uma pessoa extremamente apavorada. Noah o desbloqueia e vai direto para o aplicativo, mas nota que sua conta foi desconectada, então ele tenta entrar novamente, mas sua senha deu incorreta.

      Ele digita de novo para ter a certeza de que está enganado — ou que só foi um erro de digitação —, mas aparentemente não é só um erro de digitação, ela foi alterada.

      Noah fica nervoso por não se lembrar quando que alterou sua senha. Na verdade, ele não consegue se recordar quando foi a ultima vez que mexeu em seu Facebook, mas tem a certeza de que foi na noite em que Tommaso morreu, ou no dia seguinte.

      Erik nota que algo não está certo e se aproxima para ver.

      — Sabia que não tinha sido você...

      Ele suspira, suavizado.

      Noah não entende o que está havendo, Erik também não o ajuda, contando logo, e sua cara feia só confirma que algo não está certo.

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